CARESTIA PROVOCA ATOS DE REBELIÃO

04/04/2919

 

Carestia provoca atos de rebelião

4 de abril de 1983


Protesto em São Paulo se transforma em onda de saques e se estende ao Rio
 

Manifestação convocada pelo Movimento Contra o Desemprego e a Carestia reúne 2.500 pessoas em Santo Amaro (zona sul de São Paulo) e se transforma em tumulto, com saques a lojas e supermercados. Mais de 100 pessoas ficam feridas em confrontos com a PM e 70 são presas. No dia seguinte, nova manifestação parte do mesmo local em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Grades do Palácio são derrubadas e o confronto só termina quando o governador Franco Montoro recebe uma comissão de representantes.

A onda de saques, que também atingiu o Rio, ocorreu duas semanas após a posse dos governadores de oposição. Reunidos em São Paulo, Franco Montoro, Tancredo Neves (MG) e Leonel Brizola (RJ) assinaram “um apelo à população para que se mantenha em calma, evitando manifestações violentas que só servem aos inimigos da democracia”. Montoro anunciou um plano para contratar 40 mil desempregados em frentes de trabalho. No dia 9, o general presidente João Baptista Figueiredo falaria em rede de TV que a violência nas ruas “briga com o processo de abertura”.

Apenas nos dois primeiros meses do ano, a indústria paulista havia demitido 47 mil trabalhadores. O corte de investimentos em obras públicas estendeu a crise ao setor de construção – a Norberto Odebrecht demitiu 4 mil empregados. Aos efeitos da recessão somava-se o avanço do custo de vida. A inflação oficial dos alimentos havia atingido 35% no primeiro semestre do ano e marcou 15% apenas no mês de março. O macarrão subiu 40% e a batata, 400%.

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A política de redução salarial, que em curto prazo, beneficia as empresas, em longo prazo só poderia resultar nisso.  Como a riqueza do rico depende do consumo dos pobres, reduzir os salários, com a consequente redução do consumo,  as empresas não têm saída para seus produtos, reduzem o quadro de trabalhadores, resultando mais desemprego, que diminui mais o consumo, aumentando as falências, num círculo vicioso que empobrece a todos.

 

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