A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS DA BAHIA EM 1759

 

O patrimônio dos jesuítas acumulado através das doações (engenhos, fazendas, escravos africanos) sintetiza os privilégios que gozava a Companhia, origem de poder e inveja. Isso gerou conflitos junto aos colonos, funcionários da Coroa, outras nações e até mesmo, com o Clero, culminando com a expulsão em 1759 dos jesuítas e a fase de apoio ao índio.

O Abolicionista Joaquim Nabuco em Sumário XIII diz “Em outros países, a propaganda da emancipação foi um movimento religioso, pregado do púlpito, sustentado com fervor pelas diferentes igrejas e comunhões religiosas. Entre nós, o movimento abolicionista nada deve infelizmente à igreja do Estado; pelo contrário, a posse de homens e mulheres pelos conventos e por todo clero secular desmoralizou inteiramente o sentimento religioso de senhores e escravos. No sacerdote, estes não viam senão um homem que os podia comprar, e aqueles a última pessoa que se lembraria de acusá-los.  A deserção pelo nosso clero do posto que o Evangelho lhe marcou foi o mais vergonhoso possível: ninguém o viu tomar a parte dos escravos, fazer uso da religião para suavizar-lhes o cativeiro, e para dizer a verdade moral aos senhores. Nenhum padre tentou nunca impedir um leilão de escravos, nem condenou o regime católico das senzalas. A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação”.

Negros - Os cuidados dispensados pela Igreja aos negros foram completamente diferentes dos dados ao povo indígena. Na verdade, nunca houve posição da Igreja, nem das Companhias em favor dos escravos africanos no Brasil.

A própria Igreja, tão ciosa na liberdade dos índios, tranqüilizava as consciências, justificando a escravidão do negro. Escravo, e somente escravo deveria ser o negro...”O Negro na Bahia, Luiz Viana Filho, pág. 94.

“O tráfico de escravos, esse ramo da atividade marítima ... dissimulava em seus inícios sob ‘generosas’ preocupações religiosas e ‘humanitárias’. Ele levava o nome de resgate dos escravos, que implicava a noção de ‘salvação’ das almas pagãs que se traziam à fé católica... Ser-lhes-ia recomendado que nenhum escravo fosse embarcado sem ter sido batizado com cuidado vigilante, a fim de que nenhum entre eles morresse sem ter recebido o sacramento ...” Noticias da Bahia, Pierre Verger, pág. 47 e 48.


Por conveniência, o importante para o colono era o corpo e não a alma. Não havia portanto conflito com a igreja, pois esta dispensava o negro até das missas obrigatórias, nos domingos, não prejudicando assim a produção do engenho.

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