"Folclore é um gênero de cultura de origem popular,
constituído pelos costumes e tradições populares
transmitidos de geração em geração. Todos os povos
possuem suas tradições, crendices e superstições, que se
transmitem através de lendas, contos, provérbios,
canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade,
brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos
característicos, adivinhações, festas e outras
atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com
o povo.
A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura
popular e representa a identidade social de uma
comunidade através de suas criações culturais, coletivas
ou individuais, e é também uma parte essencial da
cultura de cada nação.[1]
Deve-se lembrar que o folclore não é um conhecimento
cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem
ter grande antiguidade, mas transforma-se no contato
entre culturas distintas, nas migrações, e através dos
meios de comunicação onde se inclui recentemente a
internet. Parte do trabalho cultural da UNESCO é
orientar as comunidades no sentido de bem administrar
sua herança folclórica, sabendo que o progresso e as
mudanças que ele provoca podem tanto enriquecer uma
cultura como destruí-la para sempre.[2]
Índice
História
Os irmãos Grimm.
O interesse pelo folclore nasceu entre o fim do século
XVIII e o início do século XIX, quando estudiosos como
os Irmãos Grimm e Herder iniciaram pesquisas sobre a
poesia tradicional na Alemanha e "descobriu-se" a
cultura popular como oposta à cultura erudita cultivada
pelas elites e pelas instituições oficiais. Logo esse
interesse se espalhou por outros países e se ampliou
para o estudo de outras formas literárias, músicas,
práticas religiosas e outros fatos chamados na época de
"antiguidades populares". Neste início de sistematização
os pesquisadores procuravam abordar a cultura popular
através de métodos aplicados ao estudo da cultura
erudita O termo folclore (folklore) é um neologismo que
foi criado em 1846 pelo arqueólogo Ambrose Merton -
pseudônimo de William John Thoms - e usado em uma carta
endereçada à revista The Athenaeum, de Londres, onde os
vocábulos da língua inglesa folk e lore (povo e saber)
foram unidos, passando a ter o significado de saber
tradicional de um povo. Esse termo passou a ser
utilizado então para se referir às tradições, costumes e
superstições das classes populares. Posteriormente, o
termo passou a designar toda a cultura nascida
principalmente nessas classes, dando ao folclore o
status de história não escrita de um povo. Mesmo que o
avanço da ciência e da tecnologia tenha levado ao
descrédito muitas dessas tradições populares, a
influência do pensamento positivista do século XIX
contribuiu para dignificá-las, entendendo-as como elos
em uma cadeia ininterrupta de saberes que deveria ser
compreendida para se entender a sociedade moderna.
Assim, com a conscientização de que a cultura popular
poderia desaparecer devido ao novo modo de vida urbano,
seu estudo se generalizou, ao mesmo tempo em que ela
passou a ser usada como elemento principal em obras
artísticas, despertando o sentimento nacionalista dos
povos.
Depois de iniciar e frutificar na Europa, o estudo do
folclore se estendeu ao Novo Mundo, chegando ao Brasil
na segunda metade do século XIX através dos precursores
Celso de Magalhães e Sílvio Romero, e aos Estados
Unidos, onde William Wells Newell, Mark Twain,
Rutherford Hayes e um grupo de outros eruditos e
interessados fundaram em 1888 a American Folklore
Society, que de imediato iniciou a publicação de um
jornal que continua em atividade até hoje, o Journal of
American Folklore. A contribuição dos folcloristas
norte-americanos foi especialmente importante porque
desde logo suas pesquisas foram apoiadas pelas
universidades e adquiriram autonomia, definindo novas
fronteiras metodológicas e lançando as bases para a
fundação do folclorismo como uma nova especialidade
científica, paralela à Antropologia.
O folclore na sociedade contemporânea
Atualmente o folclorismo está bem estabelecido e é
reconhecido como uma ciência, a ponto de tornar seu
objeto, a cultura popular ou folclore, instrumento de
educação nas escolas e um bem protegido genericamente
pela UNESCO e especificamente por muitos países, que
inseriram muitos de seus elementos constituintes em seus
elencos de bens de patrimônio histórico e artístico a
serem protegidos e fomentados.
Considera-se hoje o folclorismo um ramo das Ciências
Sociais e Humanas, e seu estudo deve ser feito de acordo
com a metodologia própria dessas ciências. Como parte da
cultura de uma nação, o folclore deve ter o mesmo
direito de acesso aos incentivos públicos e privados
concedidos às outras manifestações culturais e
científicas.[1] Segundo Von Gennep, o folclore não é,
como se pensa, uma simples coleção de fatos disparatados
e mais ou menos curiosos e divertidos; é uma ciência
sintética que se ocupa especialmente dos camponeses e da
vida rural e daquilo que ainda subsiste de tradicional
nos meios industriais e urbanos. O folclore liga-se,
assim, à economia política, à história das instituições,
à do direito, à da arte, à tecnologia, etc, sem
entretanto confundir-se com estas disciplinas que
estudam os fatos em si mesmos de preferência à sua
reação sobre os meios nos quais evoluem..[3]
Apesar de existir uma metodologia específica para o
estudo contemporâneo do folclore, já existe a
consciência de que o impacto dos novos meios de
comunicação sobre as culturas, populares ou eruditas,
está a exigir uma reformulação nos conceitos e sistemas
de análise. Já não são raros os elementos do povo que
usam gravadores, câmeras de vídeo, internet ou outros
meios de alta tecnologia para o registro e difusão das
manifestações folclóricas, tornando a delimitação do
campo de estudo e a caracterização do fato folclórico
cada vez mais difíceis. Roberto Benjamin, presidente da
Comissão Nacional de Folclore do Brasil em 2001,
declarou que um outro processo a merecer atenção é o da
espetaculização das manifestações folclóricas pela
pressão dos meios de comunicação de massa e do turismo.
Algumas das manifestações tradicionais guardam a
natureza de espetáculos, que têm sido levados à
exacerbação, convertendo-se em produto da cultura de
massas. O exemplo mais evidente é o do boi-bumbá de
Parintins. Preocupante, porém, é o caso de manifestações
de natureza ritual, reservadas aos membros de
comunidades religiosas, que por seu exotismo estão sendo
cooptadas para converter-se em eventos de massa. É o
caso das panelas-de-Iemanjá, convertidas em festivais
para turistas. Diante desse quadro, torna-se necessária
uma nova postura liberada dos preconceitos
etnocêntricos, a reciclagem das técnicas de pesquisa em
trabalho interdisciplinar com a incorporação das
contribuições renovadas das ciências humanas e das
ciências da linguagem, o uso de novas tecnologias e
equipamentos disponíveis".[4]
Características do fato folclórico
Para se determinar se um fato é folclórico, segundo a
UNESCO, ele deve apresentar as seguintes
características: tradicionalidade, dinamicidade,
funcionalidade e aceitação coletiva,.[5]
Tradicionalidade, a partir de sua transmissão
geracional, entendida como uma continuidade, onde os
fatos novos se inserem sem ruptura com o passado, e se
constroem sobre esse passado.
Dinamicidade, ou seja, sua feição mutável, ainda que
baseada na tradição.
Funcionalidade, existindo uma razão para o fato
acontecer e não constituindo um dado isolado, e sim
inserido em um contexto dinâmico e vivo.
Aceitação coletiva: deve ser uma prática
generalizada, implicando uma identificação coletiva com
o fato, mesmo que ele derive das elites. Esse critério
não leva em conta o anonimato que muitas vezes
caracteriza o fato folclórico e tem sido considerado um
indicador de autenticidade, pois mesmo se houver autor,
desde que o fato seja absorvido pela cultura popular,
ainda deve ser considerado folclórico. Um exemplo disso
é a literatura de cordel brasileira, geralmente com
autoria definida, mas tida como elemento genuíno da
cultura popular.
Pode-se acrescentar a esses o critério da
espontaneidade, já que o fato folclórico não nasce
de decretos governamentais nem dentro de laboratórios
científicos; é antes uma criação surgida organicamente
dentro do contexto maior da cultura de uma certa
comunidade. Mesmo assim, em muitos locais já estão sendo
feitos esforços por parte de grupos e instituições
oficiais no sentido de se recriar inteiramente, nos dias
de hoje, fatos folclóricos já desaparecidos, o que deve
ser encarado com reserva, dado o perigo de falsificação
do fato folclórico.[4] Também deve ser regional, ou
seja, localizado, típico de uma dada comunidade ou
cultura, ainda que similares possam ser encontrados em
países distantes, quando serão analisados como derivação
ou variante.[4] (Fonte: Wikipédia).
Ver FOLCLORE
BRASILEIRO.