JESUS E OS DOIS LADRÕES

 

Os quatro evangelhos afirmam que dois ladrões foram crucificados com Jesus. Mateus e Marcos dizem que os dois participaram das blasfêmias contra Jesus. Lucas, por sua vez, diz que um ladrão blasfemava contra Jesus, mas o outro o repreendia.  Quem estaria certo? Não poderiam todos estar dizendo a verdade.

 

Mateus registra o seguinte:

 

"De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele; confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus. O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados."

 (Mateus 27: 41-44).  O mesmo afirma Marcos (Marcos 15:32)

 

Lucas, porém, diz:

 

“Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:39-43).

 

Um defensor da Bíblia tentou harmonizar a contradição assim:

 

"Inicialmente, os dois participaram da zombaria. Mas durante seis horas na cruz, um deles repreendeu o outro, como Lucas relata, e Jesus lhe prometeu um lugar no paraíso." (Denis Alan, www.estudosdabiblia.net/bd15_05.htm)

 

Mas isso não pode ser verdade.  Pois o relato de Mateus abrange até o final.  Após dizer "O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.", diz: "E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (vers. 45).  Isso deixa bem claro que ele teria relatado o período completo desde a crucifixão até as três horas de escuridão, e todos os dois ladrões teriam zombado de Jesus, sem haver nenhuma mudança no comportamento de nenhum deles.  E o relato de Lucas não diz sobre uma mudança de comportamento, mas fala que um blasfemava, e o outro o repreendia.  A explicação de Denis é puramente uma tentativa de conciliar o inconciliável.

 

O que ocorre é mesmo uma contradição entre os evangelistas, como se dá em várias outras passagens relatadas por mais de um deles.

 

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