BRASÍLIA - A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou por 40 votos a 7 a
legalização de casas de bingo e vídeo jogo (máquinas caças-níqueis). O texto
aprovado não inclui os cassinos. O projeto será votado pelo plenário da Câmara
antes de ir para o Senado. Os jogos de bingo e as máquinas caça-níqueis estão
proibidas no Brasil desde 2004. (Você concorda com a liberação dos bingos?)
Em uma votação
acalorada, deputados favoráveis ao projeto de lei alegaram que a atividade já
existe e que é preciso legalizá-la, o que vai gerar empregos e mais recursos
para o governo. Já os contrários argumentaram, principalmente, que o jogo de
azar está frequentemente ligado ao crime e a lavagem de dinheiro.
- Criminalizar o
jogo não resolve porque o jogo é da natureza humana. Jogar não é crime. Se jogar
não é crime, temos que discutir a regulamentação desta atividade. Não vamos
esconder o sol com a peneira. (Senão) a Câmara fica corresponsável pela
regulamentação do faz de conta - defendeu o deputado José Genoino (PT-SP), que
votou a favor.
Entre os contrários
ao projeto, o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) disse que esse tipo de
jogo abre a possibilidade de lavagem de dinheiro. Ele lembrou o episódio de
Waldomiro Diniz, que levou o governo Lula a sua primeira crise política.
- Não é possível que
a classe política não atente para esse episódio, muito grave, que acusou a
relação da corrupção com o jogo de azar. Na frente pode estar tudo regularizado,
mas clandestinamente todas as máquinas caça-níqueis têm componentes de
contrabando - disse o deputado.
Biscaia também
argumentou que no Rio de Janeiro a maior parte destas máquinas é controlada por
bicheiros.
No texto aprovado,
17% do imposto cobrado para exploração da atividade seria destinado a fundos
sociais, sendo 1% para a educação, 1% para cultura, 1% para esportes e segurança
pública e 14% para saúde. Casas de bingos deverão também ficar a uma distância
mínima de 500 metros de escolas e templos religiosos. Deve ser regulamentado
também um cadastro nacional de jogadores.
O deputado José
Eduardo Cardozo (PT-SP) criticou a falta de controle dos ganhos das empresas no
projeto.
- O controle do
montante de ganho dos bingos não está previsto no projeto, o que vai permitir a
lavagem de dinheiro. Não adianta ter um sistema de combate se não tiver como
detectar esse sistema - disse.
O relator, deputado
Régis de Oliveira (PSC-SP), negou que seu parecer abra brecha para a criação de
cassinos e afirmou que o jogo no país já é uma realidade.
- A Caixa Econômica
Federal é o grande banqueiro do jogo no Brasil - disse.
O projeto autoriza o
jogo apenas em salas especiais.
- Estamos proibindo
o jogo em qualquer estabelecimento, salvo nos que forem credenciados pela
Receita Federal - disse, acrescentando que há a determinação de que as portas
dos bingos permaneçam fechadas para que pessoas, na rua, não possam ver o que
acontece lá dentro.
Segundo Régis de
Oliveira, a matéria cria também penalidades para quem joga fora das casas de
bingo.
- O jogo só será
realizado em salas especiais e exclusivas. Tudo o mais é ilegal, como é hoje -
disse.
O projeto também
autoriza que os restaurantes e bares dos bingos sejam terceirizados, inclusive
com a possibilidade da realização de shows e espetáculos. O relator não aceitou
a sugestão de José Eduardo Cardozo para tributar em 80% essas atividades.
- Serão tributadas
em lei, não há possibilidade de ser acima disso - afirmou.
O Ministério da
Fazenda será o responsável pela concessão de licenças de funcionamento desses
estabelecimentos.
Mesmo assim,
deputados contrários à proposta manifestaram preocupação quanto à possibilidade
de lavagem de dinheiro nos bingos.
- É inocência achar
que o Estado brasileiro vai fiscalizar todas as casas de bingo - lamentou
Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP)."
(Globo On Line,
16/09/2009).
MEU PARECER:
Cada pessoa deve ter o direito
de gastar o próprio dinheiro naquilo que a satisfaz. Se o indivíduo se sente
feliz em jogar bingo, deve ter esse direito. Diferentemente da
liberação das drogas, que traria
prejuízo à saúde e violência, o jogo é só satisfação para quem joga.
Ademais, se o jogo for legal, resultará em postos de trabalho e impostos para o
Estado. Como oficial de justiça, lembro-me de quanta gente perdeu o emprego
quando os bingos foram fechados. Nenhum benefício resultou disso, só mal. Usar
lavagem de dinheiro como argumento contrário não justifica. Os bandidos podem
fazer uso de muitas outras atividades legais para cobrir suas ilegalidades. Se
necessário, que aumente o número de fiscais. Os impostos arrecadados serão mais
do que as despesas, haverá mais emprego, beneficiando a economia do país.