MUÇULMANOS MATAM EM CABO DELGADO

22 Abril 2020, 12:20

Militantes islâmicos mataram 52 jovens na província moçambicana de Cabo Delgado. Segundo a polícia, os moradores foram "massacrados" e alguns decapitados. As execuções ocorreram a 8 de abril na aldeia de Xitati, quando os grupos armados tentavam recrutar jovens no distrito de Muidumbe.


"Os jovens que estavam para ser recrutados ofereceram resistência, o que provocou a ira dos malfeitores que indiscriminadamente balearam mortalmente 52 jovens", explicou o porta-voz do comando-geral da polícia moçambicana, Orlando Modumane.

As autoridades moçambicanas deslocaram-se à aldeia após denúncias da população, mas os insurgentes haviam já abandonado o local.

O porta-voz da polícia moçambicana disse ainda que as Forças de Defesa e Segurança reforçaram as operações nos pontos mais críticos da província.

"Temos estado a intensificar várias ações operativas, visan

/ do a sua neutralização e consequente responsabilização pelos atos criminosos e hediondos que têm perpetrado naquele ponto do país", concluiu Orlando Modumane.

O ataque ainda não foi reivindicado. No entanto, um grupo autodenominado al-Shabab age na área e no passado mês assumiu, brevemente, o controlo da cidade de Mocimboa da Praia.

Desde outubro de 2017, as incursões já mataram, pelo menos 400 pessoas.

A Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP), com ligações ao grupo jihadista Estado Islâmico, afirmou que é responsável por ataques anteriores. Cabo Delgado é uma das regiões mais pobres de Moçambique. No entanto, avançam na região megaprojetos de extração de gás natural.

Em 2010, Moçambique descobriu grandes reservas de gás natural na Bacia do Rovuma, na costa do Oceano Índico em Cabo Delgado.

No final de março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a bandeira do Estado Islâmico num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante jihadista justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.

Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.
Ação das Forças de Segurança “chumbadas”
Docentes e investigadores de uma universidade estatal de Moçambique consideram que as forças de defesa e segurança do país não estão preparadas nem empenhadas para combater os grupos armados que atacam o Norte do país e que a desconfiança cresce.

"As forças de defesa e segurança não estão engajadas [empenhadas] ao nível da ameaça existente", lê-se num relatório sobre a situação de segurança no país, elaborado pelo Centro de Estudos Estratégico e Internacionais da Universidade Joaquim Chissano.


O documento faz referência aos recentes ataques a Quissanga e Mocímboa da Praia, onde um quartel foi ocupado e uma bandeira do Estado Islâmico foi içada.

Os autores realçam o facto: "Um quartel da dimensão daquele invadido não foi capaz de conter o avanço inimigo e, acima de tudo, as forças de defesa e segurança não tinham informação sobre o ataque e o dispositivo de defesa estava completamente inoperacional".

"A surpresa do ataque não se explica numa região onde as forças devem permanecer em prontidão combativa e com os níveis de alerta [elevados]" refere, acrescentando que "os sistemas de segurança não podem ser relaxados".


Jornalista desaparecido em Cabo Delgado


A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu o esclarecimento do caso de Ibraimo Abu Mbaruco, jornalista desaparecido há mais de uma semana em Cabo Delgado.

"É essencial que as autoridades militares e políticas do país esclareçam esse caso e que o jornalista seja libertado, caso esteja realmente detido", lê-se numa nota da RSF. Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.

Ibraimo Abu Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, terá sido sequestrado ao final da tarde de 7 de abril em circunstâncias por apurar, disseram à Lusa familiares e uma fonte do órgão de comunicação para o qual trabalhava.

Para a organização não-governamental (ONG), o silêncio das autoridades moçambicanas é preocupante, principalmente tendo em conta o histórico de violência contra jornalistas em Cabo Delgado.

"Tememos que este jornalista sofra o mesmo destino que alguns de seus colegas detidos recentemente em segredo por longos meses por cobrirem a violência que abala o norte de Moçambique", acrescenta a ONG na nota.


Violência armada já afetou 162 mil


As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada na província, 40 mil dos quais deslocados das zonas consideradas de risco, maioritariamente situadas mais para o norte da província, e que estão a receber assistência humanitária na cidade de Pemba, a capital provincial.

O Programa Mundial de Alimentação (PMA) prevê assistir mais de 84 mil pessoas nos distritos do Ibo, Macomia, Mocímboa da Praia, Nangade, Palma, Quissanga, Mueda e Metuge.

Os ataques de grupos armados são classificados por organizações internacionais como uma ameaça terrorista.
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https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mocambique-grupo-islamico-executou-52-jovens-em-cabo-delgado_n1222853>
 

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