OSTEOPOROSE É CONSEQUÊNCIA DO
ENVELHECIMENTO
(04/09/2009)
A velhice nos espera, e isto pretende
ser uma boa notícia.
Significa que já não morremos como se morria antigamente - de parto, gripe, dor
de dente ou infecções bobas,
hemorragias, tumores inextirpáveis e males afins.
Estamos vivendo mais tempo, e isto tem prós e contras.
Se por um lado é a promessa de que vamos ter tempo para ler todos aqueles livros
e conhecer nossos bisnetos,
ou algo assim, por outro lado teremos de conviver com várias questões que só
aparecem depois de certa idade.
Mazelas, achaques, coisas da velhice.
Por exemplo,
OSTEOPOROSE
Fantasma predileto de quem defende a adição de hormônios na menopausa,
a osteoporose tem sido enquadrada como doença - mas não é.
Faz parte do envelhecimento.
É uma condição, um estado dos ossos, que com a idade avançada podem ir
descalcificando e se tornar porosos,
frágeis e quebradiços, especialmente na coluna vertebral, nas costelas e na
bacia.
Afeta 25% das mulheres ocidentais com mais de 60 anos e apenas 8% dos homens.
Nosso esqueleto está sempre sendo remodelado pela perda de 300 a 700 mg de
cálcio por dia.
Repor esse cálcio através da alimentação ou de suplementos é fácil, fazer os
ossos assimilarem é que são elas.
A assimilação depende de vários fatores, entre eles sol, vitamina D, exercícios,
fósforo, magnésio e estrogênio.
Por isso a situação da mulher cuja massa óssea já não é muito densa pode se
tornar problemática após a menopausa,
já que haverá muito menos estrogênio em circulação.
Mas atribuir a osteoporose exclusivamente à falta de estrogênio é muito
simplismo.
Estudo recente envolvendo uma série de amostras de densidade óssea de mulheres
de 20 a 88 anos mostrou que 50%
da massa óssea são perdidos antes da menopausa.
E por que se perde cálcio?
Por miríades de razões da vidinha cotidiana: ansiedade, depressão, stress, falta
de exercício,
diarréia, disfunção na tireóide, excessos de proteína, gordura, sal, açúcar,
fibras suplementares e ácido oxálico na comida,
deficiência de ácido hidroclorídrico, ingestão habitual de álcool e cafeína, uso
de antiácidos, tetraciclina, heparina,
laxativos, diuréticos, anticonvulsivantes, aspirina e cortisona.
O consumo de refrigerantes, carnes conservadas, queijos fortes, molhos
industrializados,
pães e massas de farinha branca também atrapalha, já que nos faz absorver muito
fósforo,
mineral que inibe a absorção do cálcio se estiver em maior proporção.
A lactose (açúcar lácteo) tem um papel decisivo na assimilação do cálcio do
leite.
Pessoas alérgicas ou cujo organismo não digere a lactose aproveitarão pouco
cálcio,
ainda que seu consumo de leite e laticínios seja grande.
Na osteoporose, tudo depende de duas coisas:
a densidade óssea inicial e a velocidade com que se vai perdendo o cálcio.
Ambas podem ser modificadas pelo estilo de vida.
Na verdade, uma mulher com alto risco de osteoporose faria bem em adotar uma
alimentação mais vegetariana:
perderia muito menos cálcio.
É o caso das mulheres orientais, cuja taxa de osteoporose é baixíssima apesar do
pequeno consumo de cálcio.
Mas quando passam a comer uma dieta americanizada, muito rica em proteína, sua
eliminação de cálcio pela urina aumenta,
porque o organismo gasta muito cálcio para processar a proteína.
E isso não tem nada a ver com redução de estrogênio.
Ébano & marfim
Mulheres negras têm uma densidade óssea inicial 25 a 30% maior que as brancas,
ou seja, não precisam se preocupar tanto.
A candidata mais forte à osteoporose é a mulher branca que tem ossos pequenos,
fuma, bebe álcool ou descende de europeus do norte, especialmente se alguma
mulher da família teve osteoporose.
Se você quer saber a quantas andam seus ossinhos, procure fazer uma
densitometria óssea.
Isso se vê através de uma radiografia simples e com dose de radiação mais baixa
que uma radiografia dentária.
Nos Estados Unidos qualquer dentista presta este serviço à sua saúde;
aqui, por enquanto, você ainda tem que ir atrás de clínicas ortopédicas e
serviços especiais.
Alô, amigas dentistas, há possibilidade de dar atenção a isso?
O MAPA DA MINA
Mexa-se.
Atividade física é a chave para conservar a densidade óssea.
Pessoas de 50, 60 e 70 anos que se exercitam têm 30% mais densidade óssea que as
sedentárias.
Se você não usa, os ossos se atrofiam.
Mas devem ser exercícios que estimulem o alongamento dos músculos, como andar,
correr, dançar, andar de bicicleta.
Nadar não conta, porque a água não oferece resistência que os músculos e ossos
possam enfrentar.
Tome sol para garantir a vitamina D
Ela é sintetizada na pele quando tomamos sol e possibilita a absorção de cálcio
nos intestinos.
Meia hora de exposição por dia, com o mínimo de roupa ou sem ela, é suficiente
para as pessoas de pele clarinha;
as mais morenas precisam duas ou três vezes mais tempo.
Gema de ovo e fígado de galinha são boas fontes de vitamina D.
Cuidado com os suplementos, que podem ser tóxicos, especialmente acima de 25 mg
por dia.
Muito melhor tomar sol neste vastíssimo país tropical...
Cuide de suas glândulas
Tireóide, adrenais, ovários e pâncreas funcionando bem:
este equilíbrio é essencial para o seu balanço de cálcio.
Não fume
Entre mulheres de condições semelhantes, as que fumam têm menos densidade óssea
que as não fumantes.
Como a ansiedade está ligada a um gasto maior de cálcio, e também ao hábito de
fumar,
pode ser que você mate três coelhos de uma cajadada só - livrando-se da
ansiedade, do cigarro e da osteoporose.
Cuidado com o excesso de proteína
A dieta muito proteica aumenta a perda de cálcio pela urina, especialmente se
for proteína animal,
que tem maior volume de certos ácidos cujo efeito é retirar cálcio dos ossos.
No interior do Japão, velhinhas que nunca consumiram mais de
300 mg diários de cálcio têm muito menos osteoporose que as norte-americanas,
que consomem 800 mg de cálcio por dia.
Mas as japonesas comem apenas 30 g de proteína por dia, enquanto as americanas
comem 80 g ou mais.
Varie as fontes de cálcio
Não precisa depender do leite:
agrião, folhas de batata-doce, caruru/bredo, melado, espinafre, folhas de nabo,
couve-chinesa,
todos eles são boas fontes de cálcio se você comer em porções generosas.
Se quiser garantir mais ainda a presença de cálcio na comida,
use o pó da casca
de ovo - seque ao sol, ou torre no forno;
bata no liquidificador ou moa no pilão até obter um pó fininho;
guarde num vidro.
Use uma colherinha de café por dia, na sopa, no feijão ou no mingau, deixando
antes de molho num pouquinho
de vinagre ou limão para desmanchar a estrutura microscópica que prende o
cálcio.
Uma casca de ovo contém 2.400 mg de cálcio, um copo de leite 290 mg, uma xícara
de agrião cozido 300 mg.
Evite refrigerantes
O nível de fósforo no organismo tem que ser um pouco menor que o de cálcio para
haver uma boa absorção.
Os refrigerantes usam muito fósforo em suas fórmulas - em cada copo de coca-cola
há 116 mg -
e uma pessoa que toma refrigerantes regularmente acaba se expondo aos riscos de
perda óssea e hiperparatireoidismo.
Controle sal, açúcar e fibras
O alto consumo de sal faz perder cálcio na urina, o consumo de açúcar também -
só que,
no caso do açúcar, a ação é indireta:
ele provoca a eliminação de cobre, que faz falta para a mineralização dos ossos.
Farelo de trigo ou biscoitos de fibras podem impedir a absorção de cálcio,
principalmente se a pessoa consumir basicamente farinhas e grãos refinados, como
farinha de trigo branca,
pão branco, macarrão branco, arroz branco.
A pessoa que usa grãos integrais não tem esse problema, a não ser que coma um
excesso de fibras adicionais.
Olho nos minerais e na vitamina c
A ingestão adequada de cálcio, fósforo, magnésio, manganês, zinco e cobre pode
ser decisiva para a sua saúde óssea;
se for o caso, peça à sua médica a indicação de suplementos.
O magnésio ativa a vitamina D e permite que o cálcio forme cristais nos ossos.
Tem sido usado em doses de 500 mg diários.
O boro reduz a excreção de cálcio e magnésio pela urina e tem uma ação positiva
sobre o estradiol-17- beta,
que é a forma de estrogênio mais ativa no sangue.
Para obtê-lo você pode aumentar o consumo de alguns alimentos ricos em boro:
brotos de alfafa, repolho, alface, ervilhas, subprodutos fermentados da soja,
maçã,
tâmara, ameixa preta, uva-passa, amêndoas, amendoins.
A vitamina C é fundamental para a síntese do colágeno, tecido conjuntivo dos
ossos.
Tem sido usada a dosagem de 2 g diários.
Suplementos de cálcio?
Não confie
Porque eles podem simplesmente não funcionar.
O sistema mais sofisticado do organismo é o que cuida da absorção de cálcio.
Ele modula a secreção de hormônios, secreção de muco, utilização de nutrientes,
eliminação de resíduo celular,
contração muscular, secreção ácida do estômago, resposta inflamatória, cura de
lesões.
A quantidade necessária a cada momento depende de um conjunto de circunstâncias.
Se você tomar suplementos de cálcio nas refeições corre o risco de não
aproveitar o cálcio e ainda inibir a absorção de ferro,
manganês e zinco, elementos-traço essenciais à saúde.
O Dr. Jeffrey Bland diz que os suplementos dão uma falsa sensação de segurança
às pessoas
- elas acham que é uma resposta fácil para a dificílima questão de como conduzir
a vida.
"Sou contra essa mentalidade band-aid", resmunga.
(Capítulo integral do livro Só Para Mulheres, de Sonia Hirsch)