Em um certo
dia, provavelmente à noite, uma grande corrida é marcada. Com muito
carinho se prepara a pista para milhões de corredores se arriscarem numa
aventura de vida ou morte. Somente um deverá ter a vida como troféu. Os demais
estão fadados ao extermínio. Não haverá prêmio para segundo lugar.
Chega o
grande momento: uma explosão de prazer dos patrocinadores da corrida. Os
incontáveis competidores são lançados no espermódromo ou espermatódromo, e é
dada a largada. Cada um emprega toda energia possível pela sobrevivência, todos
em busca do mesmo alvo, ou ovo, onde um, somente um, estará apto a se preparar
para os futuros concursos da vida. Nesse ácido trajeto, milhões e milhões vão
ficando extenuados e sem chance pelo caminho, onde impera a lei do mais forte,
ou do mais ágil.
Concluída a
maratona, sem aplausos, sem qualquer platéia torcedora, o vencedor comemora
solitariamente colocando-se no seu lugar e introduzindo a cabeça onde deve. Aí
tem início outra grande etapa, onde o atleta vitorioso, em uma fusão com seu
alvo, cresce espantosamente, ficando milhões de vezes maior do que por ocasião
de sua primeira competição.
Nove meses
depois, surge no cenário, para prosseguir enfrentando os muitos desafios da
vida, mais um vencedor.
Essa é a primeira e mais importante competição que eu venci; e você
que está lendo isto também venceu, pois está aí.