A GRANDE FAMÍLIA LUDIBRIADA
A grande família, com seus quase duzentos milhões de membros,
estava passando por severa crise: quase trinta por cento do orçamento
comunitário estava sendo dedicado ao pagamento juros de dívidas que seus chefes
contraíram.
Os membros adultos da grande família elegeram um novo chefe, um
indivíduo que se dizia capaz de resolver os problemas domésticos.
Todavia, as coisas não ocorreram como prometido. O novo
chefe, além de dar um grande prejuízo aos empregados da casa, entregou boa
parte, a mais lucrativa, do patrimônio da família por um valor equivalente a
apenas dois meses da renda familiar, privando a família dos rendimentos antes
auferidos com esse patrimônio agora desperdiçado; e, para agravar mais a
situação, aumentou tanto a dívida familiar, que sessenta por cento da renda da
grande família passou a ser entregue aos agiotas com quem contraiu débitos por
meio de negócios estranhos que a família não entende.
Chegando o tempo de fazer uma avaliação da nova administração, a
maior parte dos adultos da família, sem tomar conhecimento do quanto havia
perdido do patrimônio familiar e do quanto estava sendo desperdiçado com a
agiotagem credora, concedeu mais um período de chefia àquele que dilapidava o
patrimônio doméstico e aprofundava a crise.
Passado mais um período elegeram novo chefe. Esse, apesar
de descumprir a maioria das promessas feitas, cuidou de reduzir a dívida da
família para trinta e poucos por cento da renda familiar, pouco mais da metade
do rombo deixado pelo chefe anterior.
Por incrível que pareça, muito estranhamente uma grande parte dos
membros da família começou a alardear que aquele chefe que reduziu a dívida
contraída pelo chefe anterior é que foi um mau administrador.
Fico pensando: será que são o agiotas que vivem às custas dessa
família que são tão hábeis a ponto de convencer essa gente de que bom é o cara
que dilapida o patrimônio da família em prol dos exploradores?
Ver O
VERDADEIRO PESO QUE AFUNDA...