Hoje, meu cartão de passe livre estava
com defeito no ship, e eu tomei Circular 02A, indo ao posto da BHTRANS para
reparar o defeito.
Expliquei ao cobrador o problema, e ele me pediu que ficasse na frente, não
passando pela roleta.
Um pouco adiante, as pessoas que têm a preferência dos bancos dianteiros estavam
em pequeno número, e eu me assentei em um dos bancos próximos do cobrador.
Na Av. Olegário Maciel, apareceu uma senhora idosa, de bastante sobrepeso, e só havia
desocupado o assento do lado da janela onde eu estava ocupando o do corredor.
Levantei-me e falei para a senhora assentar-se. Ela, que normalmente já ocuparia
um pouquinho mais do que um assento, assentou-se no lado do corredor e virou-se
num ângulo de mais ou menos 50 graus, ocupando os dois lugares, torcendo um
pouquinho mais o pescoço para olhar para frente.
Olhando aquilo, comecei a pensar sobre a definição de “abuso de direito”, que eu
não estava conseguindo lembrar. Perguntei a mim mesmo: “Será que o avanço da
idade faz as pessoas perderem a educação, ou é simplesmente a perda do normal
constrangimento que as pessoas sentem ao praticar um comportamento feio,
aflorando o verdadeiro caráter que fica um pouco reprimido nos tempos de
lucidez?”
Como atualmente ando não percebendo bem o que acontece ao meu redor, não vi de
onde surgiu uma outra senhora, menos idosa, que apareceu meio prensada com a
gordona, que já estava assentada corretamente no assento do lado da janela.
Abuso significa, segundo Aurélio, “Mau uso, ou uso errado, excessivo ou
injusto”. É o que a anciã fizera do seu direito de preferência.
Fato ocorrido em 7 de outubro de 2003.
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