A agenda de polêmicas de Eduardo Cunha
O novo presidente da Câmara dos Deputados não esperou o Carnaval passar para
gerar polêmica com o resgate de projetos polêmicos na Casa, como a criação do
Dia do Orgulho Heterossexual e o Estatuto da Família
Jéssica Welma [email protected]
NILSON BASTIAN/AG. CÂMARA
Ainda não se completaram os primeiros 15 dias de mandato como presidente da
Câmara dos Deputados, mas Eduardo Cunha (PMDB) já deu sinais de como será sua
gestão. Representante da bancada evangélica, Cunha marca posição contrária a
bandeiras progressistas, principalmente de movimentos gays e feministas. Além
disso, desengavetou uma série de propostas em defesa da heterossexualidade.
“Ele (Cunha) agora é o presidente e temos que respeitar, mas respeitar não
significa acatar. Pautar não significa colocar para votar, e não vamos aceitar a
posição político-ideológica dele”, afirmou o deputado federal Chico Lopes,
vice-líder do PCdoB na Câmara. As pautas a que o deputado se refere tratam de
crimes contra heterossexuais e o estatuto da família, por exemplo.
Inicialmente, Cunha autorizou a criação de uma comissão especial para discutir o
projeto do “Estatuto da Família”. O texto, que define família apenas como união
entre homem e mulher, pode proibir a adoção de crianças por casais gays. Ele
também desengavetou o projeto do “Dia do Orgulho Heterossexual”, que criminaliza
o preconceito contra heterossexuais.
Aborto
Na última semana, o presidente da Câmara foi radical em relação ao aborto:
“Aborto eu não vou pautar (para votação) nem que a vaca tussa”, disse em
entrevista ao O Estado de S. Paulo. Assim como o projeto que trata da
regulamentação da mídia, Cunha afirmou que propostas sobre o tema só serão
pautadas “por cima do meu cadáver”.
O coordenador do Movimento Pela Vida e Não Violência (Movida), Luis Eduardo
Girão, ressaltou a satisfação dos movimentos pró-vida com o posicionamento de
Cunha sobre a descriminalização do aborto. No entanto, frisou que é importante
separar o tema de outros, como o respeito à diversidade sexual e à liberdade
religiosa.
“Ele é convicto, já tivemos oportunidade de debater cientificamente esse assunto
com ele”, pontua Girão. E ressalta que, apesar de tranquilos quanto à postura de
Cunha, ainda é necessário lutar por projetos que amparem mulheres e crianças
vulnerávei.
O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ), militante da causa gay, disse O Globo
que há mobilização para reconstituir as frentes parlamentares ligadas aos
direitos humanos. Contudo, acredita que, na atual gestão, esses grupos buscarão
manter os temas politicamente ativos, mas não aposta em resultados legislativos.
(com agências)