Acaba de ser criada, em
Brasília, uma nova ONG, chamada de Sociedade dos Amigos de Plutão (SAP),
destinada a protestar contra decisão da União Astronômica Internacional que
rebaixou o nono planeta do sistema solar à condição de asteróide. Isso
porque, semana passada, reunidos em Praga, 2.500 astrônomos tomaram essa
decisão. Agora, somos apenas oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
A sede da Sociedade dos Amigos de Plutão está registrada na Esplanada dos
Ministérios, ainda que sem particularizar qual deles. O presidente da
entidade é um ex-líder sindical, filiado à CUT e ao PT, amigo íntimo do
presidente Lula. O Diário Oficial publicou a liberação
de 7,5 milhões de reais para estimular as primeiras ações da nova ONG,
que também celebrará convênios de publicidade com a Petrobrás, o Banco do
Brasil, a Caixa Econômica e os Correios. O objetivo é
conscientizar a população para o perigo que significa
o rebaixamento de Plutão, primeiro passo para a exclusão da Terra.
Estão definidas viagens de comitivas da Sociedade dos Amigos de Plutão pelas
principais capitais do mundo, pretendendo entrevistas com presidentes e
primeiros-ministros capazes de integrar-se à campanha em defesa do infeliz
planeta agora degradado. Programou-se, é claro,
retiradas de 20 mil reais semanais para cada um dos 800 diretores da nova
ONG, que também receberão cartões de crédito institucionais para
enfrentar despesas pessoais de hospedagem, alimentação, vestuário e
transportes.
Alguma surpresa? De jeito nenhum. A SAP será apenas mais uma ONG entre as
centenas criadas ao longo dos últimos anos, boa parte subsidiada pelo
governo, com as mais diversas finalidades: a defesa da floresta amazônica, o
estimulo ao programa do primeiro emprego, a exigência de ética nos negócios
públicos e, certamente, a que dá proteção aos gatos cegos.
Vale a ressalva: existem ONGs de grande importância, que prestam
relevantes serviços à sociedade. No reverso da medalha, porém, ONGs
fajutas. Umas financiadas por multinacionais e até por governos
estrangeiros, empenhadas em impor interesses estranhos à nossa soberania.
Outras, de simples picaretagem. Numa época em que se acendem esperanças
para os trabalhos do futuro Congresso,
que tal programar uma CPI destinada
a investigar a atuação, o funcionamento, as origens, os objetivos e os
recursos das Organizações Não Governamentais? (Brasília em Dia).
Posteriormente, aos 30 de setembro, na véspera da eleição, o próprio Carlos
Chagas desmentiu essa estória que parecia tão séria. A essa altura,
entretanto, a crônica com aparência de verdade já havia revoltado muita
gente. Até o senador Heráclito Fortes, em um momento de fraqueza, fez um
pronunciamento condenando a ajuda do Presidente à ONG (Veja o vídeo em
www.youtube.com/v/UAK6_9RFU5s). Se Heráclito Fortes, um membro do
Legislativo, acreditou, o que dizer dos fracos eleitores brasileiros?
Agora, como saber se algo que Carlos Chagas escreve é verdade ou mentira?