APAGÃO - A FALTA DE LUZ TEM SUAS FINALIDADES

- 27/05/2001 -

 

O racionamento de energia que nos está sendo imposto é trágico para a sociedade, mas atende bem aos interesses de alguns. É um bom empurrão para levar o setor energético para o caminho que trilham as nossas telecomunicações.

Uma das revistas que sempre cumpriu bem a função de veículo de divulgação do neoliberalismo trouxe um artigo no qual lemos o seguinte:

“O mais dramático é que o caos anunciado poderia ser evitado, tivesse sido o governo tão competente em relação à privatização do setor elétrico quanto o foi no caso da área de telecomunicações. Não dava para fazer chover, é claro. Mas programas vitais, como o de construção de usinas termelétricas, teriam saído do papel - garantindo, assim, o colchão energético que provesse o abastecimento até a inauguração de novas hidrelétricas. Sobra gás, trazido da Bolívia por um gasoduto no qual o governo investiu cerca de 2 bilhões de dólares, e faltam termelétricas (das 49 programadas, apenas uma está funcionando). E não há notícia de hidrelétricas de porte em construção. O modelo de privatização adotado produziu um efeito perverso: as estatais não investiram por falta de dinheiro. E quem tinha, o setor privado, não o fez por falta de regras claras em relação ao risco dos investimentos.”

 

A privatização das telecomunicações, é difícil não perceber o elevado custo que nos está impondo: 454% de aumento contra uma inflação abaixo de 100% (Veja detalhes em “PRIVATIZAÇÃO-PRIVAÇÃO”: Os “cerca de 2 bilhões de dólares” puderam ser investidos para trazer gás do estrangeiro. Mas para investimento nos recursos nacionais não haveria dinheiro, pois isso não atenderia aos interesses do sistema atual. Um caos energético não poderia faltar, com seus efeitos desastrosos sobre a economia do País. Não há melhor justificativa para entregar todo o nosso potencial hidrelétrico a empresas estrangeiras. Com certeza elas não deixariam faltar energia, porém não de forma menos onerosa do que está sendo a privatização das telecomunicações. Aí, então, certamente haveria até propaganda incentivando as pessoas a consumir mais energia, como se vê em relação ao telefone.  Mas, com certeza, muita gente estaria obrigada a um racionamento, por outra razão: o alto custo do serviço. Oxalá, não seja esse o destino das nossas hidrelétricas.

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