A Astrologia,
embora originalmente ligada à religião, foi bem mais elaborada do que esta. Não
tem apoio científico no que concerne à influência dos astros sobre os seres
vivos, mas se baseia em fatores astronômicos, demonstrando a grande habilidade
de seus criadores. Seus princípios, todavia, se firmam no que o homem imaginava
que fossem as coisas naqueles tempos. É algo tão equivocado quanto a religião.
Os sacerdotes caldeus, os criadores das medidas do tempo, foram exímios
observadores astronômicos. Após criar o ano, com base no aparente movimento
solar resultante da translação da Terra, criaram o mês, inspirado na revolução
lunar, e a semana, em honra aos componentes conhecidos do sistema solar.
OS ASTROS - Os planetas passíveis de ser vistos a olho nu, Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter e Saturno, não obstante nos pareçam estrelas, não enganaram os
sábios caldeus. Eles entenderam que esses astros eram algo diferente e lhes
atribuíram nomes dos deuses mais importantes de sua religião, assim como também
à Lua e ao Sol, este a única estrela que lhes pareceu não ser estrela.
Os caldeus marcaram o início do ano no equinócio de primavera setentrional.
Poderiam ter escolhido um dos solstícios, ou até mesmo o outro equinócio, início
do outono setentrional e da primavera austral. Os solstícios ocorrem no dia em
que a Terra chega ao último ponto de inclinação para o norte, em dezembro,
aparentando que o sol caminhou para o sul, daí o nome de solstício meridional, e
também no dia em que a Terra chega ao último ponto de inclinação para o sul, em
junho, aparentando o Sol ter ido para o norte, donde o nome solstício
setentrional, que deveria ser mais convenientemente chamado de terristício
meridional. Os equinócios ocorrem no meio desse caminho, quando a noite tem
tamanho equivalente ao do dia nos dois hemisférios.
Embora desde Júlio César os romanos tenham passado a iniciar o ano com o mês de
janeiro, originalmente, o primeiro mês era março, pelo que o signo de áries é
chamado de primeira casa zoodiacal.
O Sol foi a única estrela que eles não consideraram como tal, devido à sua
proximidade, que o torna tão diferente aos olhos terráqueos. Assim, somando aos
cinco planetas a Lua e o Sol, eles criaram a semana para os homenagear.
OS SIGNOS E SEUS REGENTES - Como o ano foi dividido em doze meses, a cada mês
correspondeu um signo, a que os astrólogos atribuíram muitos aspectos das
pessoas nascidas no referido mês.
Como os astros conhecidos no tempo da origem da astrologia são sete, e os signos
são doze, um a cada mês, cinco planetas ficaram com dois signos cada:
Marte ficou com Áries e escorpião,
Vênus, com touro e libra,
Mercúrio com gêmeos e virgem,
Júpiter com sagitário e peixes e
Saturno com capricórnio e aquário.
Só a Lua e o Sol que ficaram com um signo cada: câncer e leão, respectivamente.
Com a descoberta de Urano e Netuno, os astrólogos modernos fizeram como que uma
reforma astrológica, tomando de Júpiter o signo de peixes para Netuno, e tiraram
de Saturno para Urano o signo de aquário. Não tomaram um signo de Marte para
Plutão, mas sempre falam dele em relação a escorpião.
E, recentemente, noticiou-se que foi encontrado um pequeno planeta, menor do que
Plutão, "a 18 bilhões de quilômetros do sol" ao qual deram "o nome de Sedna - em
homenagem a uma deusa dos Inuit, os esquimós do ártico" (Jornal da Globo,
15/03/2004). Se confirmado ser Sedna mesmo um planeta do nosso sistema, ficaria
faltando apenas um para se dividirem com exatidão os signos, uma vez que a Lua
entra na parceria. Todavia, o que os cientistas fizeram posteriormente, foi
desclassificar Plutão como planeta.
OS DIAS DOS ASTROS E SIGNOS - Cada dia da semana foi dedicado a um astro,
considerando-se o dia de mais sorte para as pessoas nascidas sob o signo regido
pelo referido astro.
Domingo é o dia dedicado ao Sol (dies solis), sendo o dia de sorte das pessoas
nascidas sob o signo de leão.
Segunda-feira é o dia dedicado à Lua (dies lunae), dia de sorte das pessoas de
câncer.
Terça-feira é o dia de Marte (dies martis), atualmente também de Plutão, dia de
sorte das pessoas de áries e escorpião.
Quarta-feira é o dia de Mercúrio (dies miercolis), dia de sorte de gêmeos e
virgem.
Qinta-feira é o dia de Júpiter (dies juevis), atualmente também de Netuno, dia
de sorte de sagitário e peixes.
Sexta-feira é o dia de Vênus (dies viernis), dia de sorte das pessoas de touro e
libra.
Sábado é o dia de Saturno (dies saturni), atualmente também de Urano, dia de
sorte das pessoas de capricórnio e aquário.
Ver
origem da
semana.
OS ELEMENTOS - Como naqueles tempos os sábios imaginavam que tudo na natureza
fosse constituído de apenas quatro elementos, TERRA, AR, ÁGUA E FOGO, os
astrólogos atribuíram um elemento destes a cada grupo de três signos.
Áries, leão e sagitário são os signos do fogo;
touro, virgem e capricórnio são os signos da terra;
gêmeos, libra e aquário são os do ar;
câncer, escorpião e peixes são os da água.
Sabemos hoje que o fogo nem é elemento químico, e o número dos elementos é bem
grande; mas a astrologia continua falando nos referidos quatro.
Outro ponto que mostra a fragilidade dos conceitos astrológicos é o que já se
sabe sobre o planeta Marte. Ele recebeu esse nome por ser vermelho, cor de
sangue, sendo associado ao deus da Guerra. Assim, ele tem influência bélica. A
realidade, porém, é que a cor vermelha do planeta vem da grande quantidade de
óxido de ferro em sua superfície, o que em nada tem a ver com a belicosidade
humana.
Como em parte as coisas já são cientificamente bem esclarecidas, não há como
negar que os princípios da astrologia são fundados em pensamentos equivocados do
passado, que nada têm a ver com a realidade do universo.