ATÉ DEUS PROTEGE OS PODEROSOS
Deus é brasileiro mesmo. Até ele protege
os poderosos. Os poderosos
receberem tratamento mais brando do que os fracos não é coisa nova, nem
peculiaridade brasileira, a menos que deus seja realmente brasileiro. Isso se
observa desde muito tempo e nos meios mais rigorosos. Vejamos um fato que
envolveu a transgressão de três preceitos divinos, e o transgressor não pagou
com a vida como previa a lei.
“Não cobiçarás a mulher do teu próximo; não desejarás a casa do teu próximo;
nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Deuteronômio, 5: 21). “O
homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a
mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera”
(Levítico, 20:10).
Davi, um dos mais importantes homens de Javé conforme a Bíblia, um rei, quando se viu em transgressão desse mandamento (Dt. 5:21), não hesitou em transgredir também o sétimo (ou oitavo?: Dt., 5: 18). Não satisfeito, deu um jeitinho para burlar a lei em relação a outro preceito (quinto ou sexto? Dt. 5: 17). E qual foi a conseqüência? Não pagou com a vida como um pobre pagaria.
Ao conhecer
Bate-Seba, belíssima mulher de seu súdito Urias, o rei caiu no pecado:
cobiçou aquela coisa maravilhosa do próximo. Como podia fazer o que
quisesse, mandou buscá-la e teve relação sexual com ela, adulterou,
transgredido o sétimo (ou sexto) mandamento. Depois, para ficar mais tranquilo,
mandou que pusessem Urias em uma frente de batalha e o deixasse sem apoio para
que ele fosse ferido e morresse. E assim foi. E dessa cobiça que resultou
no adultério e assassinato indireto, nasceu Salomão, o mais sábio
dos homens de Deus. (II Samuel, 11).
Quem cometesse adultério deveria morrer: “O homem que adulterar com a
mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo,
certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera” (Levítico,
20:10). E a lei determinava também: “Não farás injustiça no juízo; não
farás acepção da pessoa do pobre, nem honrarás o poderoso; mas com justiça
julgarás o teu próximo” (Levítico, 19: 15)
Mas o rei, considerado homem de Deus, cobiçou, adulterou e matou, sem ser punido com a morte. Diz o texto que quem pagou com a vida foi o filho do adultério (II Samuel, 12). Vê-se aí que não é só aqui que os poderosos ficam impunes ou são punidos de forma mais branda. Mais uma vez tem razão quem diz que deus é brasileiro.