ATEÍSMO EM
ASCENSÃO
Ateísmo está em ascensão em todo o mundo, revela pesquisa
por Angelo Aquaro
do jornal La Repubblica
Se fosse uma religião, o ateísmo seria a terceira maior do mundo
Se a religião é
realmente o ópio dos povos, perdemos esta também, já que o culto em ascensão no
mundo leva o nome de ateísmo. Sim, um em cada seis pessoas sobre a Terra é sem
Deus: ou ao menos não acredita no Deus de uma Igreja particular. E
a Igreja dos sem fé já é a terceira da aldeia global.
A primeira é a dos cristãos: 2,2 bilhões de pessoas. A segunda é uma mesquita:
os muçulmanos são 1,6 bilhão. Ao terceiro lugar do pódio, portanto, sobem os
não crentes: 1,1 bilhão.
O que acontece? Depois de conhecer uma sociedade sem pais, como haviam
profetizado os sociólogos há 60 anos, decidimos também aposentar o Pai Eterno?
Na verdade, o quadro oferecido pelos pesquisadores do Pew, o instituto de
pesquisas mais prestigiado dos Estados Unidos, é um pouco mais complexo, assim
como demanda o assunto. Tanto é que a definição que os estudiosos propõem para
os ateus do terceiro milênio é a mais flexível: unaffiliated, que poderia
ser traduzida como não adeptos, aqueles justamente que não participam ativamente
em um culto. Uma não Igreja muito mais do que variada.
"Os não adeptos incluem os ateus, os agnósticos e aqueles que não se identificam
com nenhuma religião particular", lê-se nas 81 páginas dessa The Global
Religious Landscape. Mas os autores do relatório logo se adiantam: para unir
também as mãos desses bem-aventurados não adeptos. Muitos deles, de fato, "têm
alguma forma de crença religiosa". O que isso significa? Que, "por exemplo, a fé
em Deus ou em um poder qualquer é compartilhado por 7% dos chineses, por 30% dos
franceses e por 68% dos norte-americanos", sempre na categoria unaffiliated.
E mais: "Alguns deles participam de algum modo de certas práticas religiosas.
Por exemplo, 7% na França e 27% nos Estados Unidos revelam presenciar um serviço
religioso ao menos uma vez por ano". Isso naturalmente não basta para
considerá-los crentes: muitas vezes, por exemplo, a participação está ligada a
ritos também civis, como casamentos e funerais. Ou ao menos aquele sentimento
que muito raramente os leva à igreja, à mesquita, à sinagoga, ou também ao menos
aquilo que é classificado mais como busca do espírito do que sentido religioso
propriamente dito.
Obviamente, as curiosidades não faltam. Ainda com relação aos não adeptos,
trata-se de 16% da população mundial: a mesma porcentagem dos católicos. Três
quartos vivem na Ásia: segue a Europa (12%, 134,8 milhões), a América do Norte
(5%, 59,04 milhões) e o resto. Entre as grandes religiões, os hindus seguem o
cristianismo e o Islã com 1 bilhão de fiéis; os budistas com meio bilhão; e os
judeus, com 12 milhões. A religião do amanhã parece ser o
Islã: os muçulmanos têm a média de idade mais jovem, 23 anos; judeus e
budistas, a mais alta, 36.
No total, os crentes são 84% da população mundial: calculada em 2010, ano da
pesquisa, 5,8 bilhões.
O professor Conrad Hackett, um dos pilares do estudo, disse ao New York Times
que "é a primeira vez que os números se baseiam em uma pesquisa analisada de
modo rigoroso e científico": 2.500 fontes em 232 países.
Pode ser. No entanto, olhando bem, falta uma seita: com 1,01 bilhão, aquele ópio
da web chamado Facebook já não superou os amigos hindus?