O número de não-crentes cresce significativamente em países de elevado padrão de
vida, de modo que em diversas nações os ateus já constituem maioria.
A maioria da população mundial vai se tornar ateia em torno de 2038, calculou
Nigel Barber, que é um irlandês Ph.d. em biopsicologia que vive nos Estados
Unidos, onde se dedica ao estudo das religiões.
Para chegar a essa conclusão, ele considerou que o enriquecimento das nações e a
elevação de seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o que pressupõe uma
justa distribuição de renda, levam as pessoas a superar as crenças religiosas.
Não se trata, segundo ele, de mera especulação, porque essa transição já ocorreu
nos países de elevado padrão de vida, como a Suécia, Dinamarca, Bélgica, Suécia
e Reino Unido (confira aqui). E o mesmo acontecerá em outros países, disse, como
mostra o avanço da secularização em várias regiões, principalmente na Europa.
Em seu blog no Huffington Post, na seção de ciência, ele escreveu que, na medida
em que os países elevam o IDH, as pessoas se tornam mais confiantes,
livrando-se, assim, da expectativa de obtenção de amparo de divindades.
“A ideia básica é que as pessoas, ao deixarem a pobreza, ficam menos preocupadas
com suas necessidades básicas e com a possibilidade de morrerem precocemente em
consequência da violência ou da doença”, escreveu.
“Em outras palavras, elas se sentem mais seguras de sua existência e não
precisam recorrer a entidades sobrenaturais para acalmar seus medos e
inseguranças.”
Barber foi contestado no mesmo site pelo rabino Eric H. Yoffie, da corrente
reformista do judaísmo. Ele argumentou que a força da fé está crescendo na
maioria dos países, inclusive nos países mais ricos, como os Estados Unidos.
Para o rabino, a previsão de que o ateísmo vai superar as religiões decorre das
limitações de Barber, que, por ser ateu, não consegue entender que a vivência
religiosa não é resultado da pobreza e privação.
Yoffier afirmou que os estudos de Barber são tendenciosos e carecem de humildade
e imaginação, porque consideram a religião apenas como um “fator incidental na
história”, recusando-se a admitir a importância que ela teve e tem para a
humanidade. “A religião é importante e é dinâmica, muito viva.”
Barber, em seu artigo, disse que a “hipótese da segurança existencial” [as
pessoas se tornam menos religiosas quando melhoram de padrão de vida] está
comprovada por diversos estudos, como o “Sociedade sem Deus”, do sociólogo Phil
Zuckerman.
Nos cálculos de Barber, a renda média per capita que marcará a transição da
maioria da população mundial para o ateísmo será perto de US$ 30.000, contra a
média atual de US$ 10.855. (No Brasil, o valor é de US$ 8.020, abaixo, portanto,
da média mundial).
Barber estimou não ser difícil para a maioria dos países obter uma renda per
capita naquele patamar. Basta, segundo ele, o PIB (Produto Interno Bruto)
mundial crescer na média de 3,33% ao ano, que foi o crescimento registrado nos
últimos 30 anos, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Paulopes, com textos de Nigel Barber e Eric Yoffie.
<https://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/07/ateus-serao-maioria-da-populacao-mundial-em-2038-revela-estudo.html>
"Para o rabino, a previsão de que o ateísmo vai superar as religiões decorre das
limitações de Barber, que, por ser ateu, não consegue entender que a vivência
religiosa não é resultado da pobreza e privação". O rabino só não
percebeu que a permanência da religião não está ligada diretamente às
dificuldades econômicas, mas à falta de conhecimento que existe nos meios mais
pobres. Não é o dinheiro, mas o conhecimento que fará o ateísmo avançar e
levar a uma maioria ateia.