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AVES DESCENDEM DOS
DINOSSAUROS
Novas descobertas mudam visão sobre
ligação entre dinossauros e aves
Dinossauros entre nós
Crianças observam dodô, ave não-voadora já extinta que levou o escritor Peter
Mundy a especular sobre a possibilidade de uma evolução 230 anos antes da teoria
da evolução de Charles
Darwin
DO "NEW YORK TIMES"
11/04/2016 02h00
Em uma prévia da exposição "Dinosaurs
Among Us" (Dinossauros entre nós) no novo Museu Americano de História Natural,
em Nova York, os cientistas agradeceram ao homem que propôs, em 1860, que os
dinossauros na verdade nunca desapareceram da Terra. A maioria foi extinta, mas
seu legado evolucionário ainda está entre nós. Nas aves, em todas as 18 mil
espécies.
Enquanto o livro dos livros de Charles Darwin, "A Origem das Espécies", ainda
estava sendo impresso em 1859, Thomas Henry Huxley, professor de Paleontologia e
História Natural em Londres, escreveu uma crítica favorável e se converteu à
teoria de Darwin. Em um debate no ano seguinte, Huxley levou a melhor sobre o
bispo de Oxford e ficou conhecido depois disso como o cão de guarda de Darwin.
Ele também foi o primeiro em uma longa lista dos Huxley a se distinguir nas
ciências e nas artes.
Poucos anos depois, Huxley listou o Archaeopteryx, um espécime fóssil encontrado
em uma pedreira de calcário da Baviera, em sua defesa de Darwin. Huxley ficou
impressionado pelas várias características de réptil da espécie; mas se não
fosse uma pena no fóssil, ele provavelmente teria sido identificado erroneamente
como um réptil. Em um relatório de 1867, Huxley estabeleceu o relacionamento
evolucionário entre pássaros e répteis, citando 14 características anatômicas
que aparecem nas duas espécies, mas não nos mamíferos.
O Archaeopteryx era um daqueles "elos perdidos" dos registros fósseis que
preocupavam Darwin por serem os pontos fracos de sua teoria da evolução. Huxley
chama a atenção para as penas e o osso esterno dessa ave precoce e para a longa
cauda óssea de réptil. Ela foi uma espécie em transição.
Por que demorou tanto tempo para se reconhecer que Huxley podia muito bem estar
certo sobre a origem dos pássaros ser algum dinossauro terópode carnívoro?
Mark A. Norell, presidente da divisão de Paleontologia do Museu Americano e
curador da exposição, é há tempos um defensor ferrenho da ligação entre
dinossauros e aves. Uma grande quantidade de provas acumuladas nas últimas duas
décadas, especialmente os vários dinossauros com penas encontrados na China,
levaram os paleontologistas a organizar a
exposição como uma espécie de reconhecimento de vitória.
"Acho que isso realmente vai mexer com a forma como as pessoas pensam nos
dinossauros", afirma Norell.
A maioria dos ornitólogos, apesar de ainda não estar completamente decidida,
parou de levantar objeções gerais sobre a ligação dos dinossauros com as aves.
Eles parecem não ter condições de conceber uma explicação alternativa para essas
provas recolhidas, explicam os paleontologistas.
A própria evolução lenta da prática de paleontologia foi outra razão para o
atraso no reconhecimento da visão de Huxley. Pelo resto do século XIX e a
primeira metade do XX, o grande objetivo da caça aos fósseis era encontrar os
dinossauros maiores e mais bizarros que levassem as pessoas aos museus.
Expedições para terras remotas expandiram a procura para quase todos os
continentes, acumulando esqueletos mais rapidamente do que poderiam ser
analisados em profundidade.
Roy Chapman Andrews do Museu Americano se tornou um Indiana Jones da vida real
nos anos 1920, trazendo de volta do Deserto de Gobi, na Mongólia, uma variedade
de novas espécies de dinossauros e o primeiro ovo. Se ele tivesse encontrado
dinossauros com penas aqui e ali, segundo os paleontologistas, a ligação entre
os dinossauros e as aves poderia ter sido reconhecida muito antes. Mas isso só
aconteceu no final do século passado.
Nessa época, o campo de trabalho de caça aos fósseis continuava importante, mas
apenas como o primeiro passo nas descobertas. Por exemplo, em 1964, John H.
Ostrom, da Universidade de Yale, viu uma garra de pássaro saindo do chão em
Montana. Ele batizou o dinossauro de Deinonico, ou "garra terrível". Mas esse
fato fez Ostrom recordar da visão evolucionária de Huxley, levando-o a ligar as
aves a novas gerações de pesquisas sobre os dinossauros.
Nas últimas duas ou três décadas, disciplinas de Biologia se uniram aos estudos
dos dinossauros, aplicando ferramentas capazes de transcender as terríveis
limitações de crânios e ossos fossilizados. Os geólogos já haviam dominado o
campo, conta Norell, mas "agora muitos de nós podiam ser chamados de
paleobiólogos".
Além disso, milhares de fósseis com impressões de penas foram descobertos na
província de Lianing no nordeste da China nos últimos 15 anos, explica Norell.
As aves são as únicas criaturas vivas com penas nos dias de hoje, mas 150
milhões de anos atrás, pássaros precoces e dinossauros de todos os tipos e
tamanhos tinham penas, não necessariamente para voar. Segundo os pesquisadores
do museu, elas são uma das coberturas de pele mais úteis que já evoluíram,
servindo para o isolamento e a exposição para acasalamento, para planar e voar.
Paul C. Sereno, paleontologista da Universidade de Chicago, analisou muitos dos
fósseis chineses recentes de animais que viveram mais de 100 milhões de anos
atrás e que foram encontrados nos sedimentos do fundo de um lago.
"Huxley foi um anatomista brilhante. Alguns dos primeiros pássaros encontrados
na China se parecem muito com o Archaeopteryx. Desta vez, a transição
ave-dinossauro se tornou ascendente", afirma Sereno.
Como é possível não gostar da evolução se ela realmente demonstrar que os poucos
dinossauros sobreviventes se transformaram em pássaros? Os dinossauros
monstruosos podem atrair os alunos da primeira série, que adoram sentir medo a
uma distância segura no tempo.
Eles também podem se sentir confortáveis por saber os hábitos de alimentação
(carnívoros e herbívoros) de dinossauros "" que os adultos que conhecem tudo não
conseguem nem pronunciar o nome. É necessária alguma outra razão para o fascínio
sobre esses estranhos e poderosos animais quando você é pequeno em um mundo
grande?
Da minha varanda no campo, ouço os corvos grasnando no alto das árvores. Corvos
são espertos, inteligentes o suficiente para abrir latas de lixo na estrada, se
os guaxinins não tiverem chegado lá primeiro "" o que pode explica o grasnar.
Alguns pássaros, como as gralhas azuis, parecem gostar de perseguir os chapins e
os pardais no alimentador.
Melhor ouvir a implicância das gralhas ou os cardeais cantando do que ter um
aterrorizante T. rex espiando pela janela do quarto de cima ao romper do dia,
pronto para o café da manhã.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2016/04/1759564-novas-descobertas-mudam-visao-sobre-ligacao-entre-dinossauros-e-aves.shtml?cmpid=newsfolha
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