A BÍBLIA TINHA RAZÃO? OU A BÍBLIA NÃO TINHA RAZÃO?
----- Original Message -----
From: xxxxxxxxxxx
To: FREITAS
Sent: Monday, November 07, 2005 4:38 PM
Subject: Re: Livros e autores da Bíblia
Sr. Freitas, Tudo bom?
Acredito que o Senhor tenha lido este livro, A Bíblia Tinha Razão, mas será que
o leu de forma imparcial?
Bem, o que eu quero dizer é que muitas das provas encontradas ali não foram
descobertas por pessoas ligadas a esta religião citada pelo senhor, inclusive
algumas foram achadas despretenciosamente por pessoas que nada tinham haver com
a arqueologia. Infelizmente, integrantes do Catolicismo e de outras religiões
inventam algumas histórias e desqualificam a Bíblia e seu conteúdo. Porém a algo
maior e sem ligação religiosa alguma que a comprova, no caso de profecias, que é
a história com esses "recursos modernos" que o sr. citou no seu e-mail. O que
antes era de se duvidar, como a veracidade do livro de Daniel como livro
profético, pela arqueologia comprova-se que a data de sua escrita é muito
anterior a data dos acontecimentos nele narrados. E como o senhor explica o
pergaminho encontrado em ruínas, comprovadamente escrito por Ciro, com os
dizeres: "o Deus do céu entregou Babilônia em minhas mãos" (exatamente como a
Bíblia diz que Deus faria)? E os tijolos de Babilônia com o nome de
Nabucodonosor gravado, que foram encontrados séculos depois? Lembre-se que
muitos historiadores renomados, mas céticos, duvidavam da existência de tal
cidade e até mesmo de tal governante. O livro que eu lhe citei, foi só um
exemplo, mas muitos outros livros e documentos provam muitas coisas.
Lamentavelmente, algumas pessoas preferem descartar provas que comprovem o
contrário do que acreditam (é uma boa maneira de não se pensar no assunto), como
é o caso da evolução natural que o próprio Darwin discutia no seu tempo, porém,
hoje, muitos cientistas, ainda que não a consigam comprovar devido a falta de
provas (mesmo que muitas aparecem, sempre se mostram incorretas pelos próprios
cientistas) afirmam estar absolutamente correta. Sem o elo de perdido, sem
comprovar a evolução por mutação, apesar de inúmeras tentativas e experimentos,
sem ter argumento algum para demonstrar a evolução gradual, como Darwin dizia
que os fósseis deveriam apresentar para dar veracidade a sua teoria, eles
simplesmente supõe que estão certos por não acreditar na criação. Viverão
procurando o que nunca existiu: "o elo perdido". Lhe agradeço pela atenção e
pela disposição de ter respondido a meu e-mail.
Obrigado e um abraço.
RESPOSTA:
Caro xxxxxxxxxxx,
As evidências que temos da arqueologia são neste sentido:
Os relatos bíblicos não são cem por cento inventados, mas, na maioria, baseados
em suposições sobre alguns dados reais.
O DILÚVIO:
A arqueologia dá conta de que, há cerca de sete mil e quinhentos anos, ocorreu
uma grande inundação na Mesopotâmia, decorrente de um transbordamento do Mar
Mediterrâneo.
“Pesquisas no Mar Negro confirmam que um enorme volume de água pode ter rompido
o atual Estreito de Bósforo há 7.500 anos e ocupado o Mar Negro, elevando sua
profundidade e área. A teoria foi proposta em 1997 pela dupla de oceanógrafos
Ryan e Pitman, tendo por base o estudo de fósseis e sedimentos marinhos.
...
Para Ryan e Pitman, a catástrofe foi vivenciada pelos povos às margens do antigo
Mar Negro. Expulsos pelas águas, os sobreviventes migraram para a Europa Central
e Oriente Médio. Nesses locais, refizeram suas vidas, desenvolveram a
agricultura, impulsionaram o comércio e contataram outras culturas. Mas, apesar
da distância do Mar Negro, continuaram a lembrar da enchente. A história do
desastre perpetuou-se até tornar-se a fonte primária da narrativa bíblica do
dilúvio” (Galileu, fev./2001, págs. 58, 59).
Vários povos contam o fato de forma deturpada de acordo com suas crenças. Cada
um enquadra a catástrofe à vontade daqueles deuses em que acredita.
Segundo a crença hebraica, Yavé, o deus em que crêem, inundou todo o mundo e
matou toda a população, deixando a salvo apenas a família de Noé, que repovoou a
Terra. Essa foi a dedução que se formou no imaginário deles. Nós, entretanto,
não temos nenhuma dúvida de que isso não foi como eles pensaram; o mundo não foi
inundado, mas uma pequena região que, para eles seria a Terra inteira. Eles
dizem que isso foi obra de Yavé, mas outro povo crê que foi obra de outro deus,
ou vários deuses. Nós sabemos que aqui não houve esse dilúvio, que ele não
atingiu a China, não chegou ao Japão, etc., e, nessa época há existiam humanos
espalhados por muitas partes do mundo, inclusive aqui na América. Assim, não
podemos dizer que a Bíblia está dizendo a verdade, mas sim que ela diz o que
seus autores pensaram que fosse a verdade. Os religiosos usam os vestígios de
inundação da região do Oriente Médio para dizer que realmente ocorreu esse
dilúvio universal, o que não é verdade. É, assim, que as religiões ainda mantêm
pessoas crendo no que dizem ser “a verdade”.
O REI CIRO
Naqueles tempos, todos os povos tinham seus deuses, e todos eram mais religiosos
do que os de hoje. O deus do rei quase sempre era imposto ao povo, sem qualquer
liberdade religiosa. O rei Ciro tinha o seu, que poderia nem ser o mesmo dos
hebreus. E, como tudo de bom que acontecia, os povos achavam que fosse dádiva de
seus deuses, e tudo de ruim seria castigos dos mesmos deuses, e o lugar dos
deuses era o céu que eles viam, é muito normal que Ciro fosse crer e dizer que
“o Deus do céu entregou Babilônia” em suas mãos.
Quanto a Daniel, sabemos o seguinte:
O capítulo 8 refere-se a Antíoco Epífanes; e o reino universal de Israel deveria
ser estabelecido depois dessa grande tribulação. Como isso não ocorreu, passaram
a esperar o cumprimento da profecia do capítulo 7, que aplica cenas semelhantes
um agente procedente do império romano. Como o império romano foi extinto e o
reino hebreu nunca feito, eles o esperam até hoje. Por sua vez, os cristãos
pegaram carona nas profecias hebraicas para formar sua religião e aplicam essas
profecias a Jesus, crendo que ele um dia venha impor seu reino. Até o apóstolo
Paulo chegou a pensar que Jesus fosse voltar ainda em seus dias.
Para maiores detalhes, veja O FIM: ANTÍOCO EPÍFANES, IMPÉRIO ROMANO, OUTRO PODER
FUTURO. Tudo nos dá entender que o livro de Daniel foi escrito aos poucos
durante longo tempo, sendo o capítulo sete escrito muito tempo depois do
capítulo oito.
NABUCODONOZOR E OUTRAS PERSONAGENS
O império babilônico existiu, e os hebreus foram subjugados por ele. Assim, não
é coisa tão incrível eles terem escrito o nome do imperador. Semelhantemente, a
linhagem de reis de Judá dos dias de Josias para frente deve estar correta.
Mesmo Davi, há registros que informam que ele existiu, embora os dados
arqueológicos não indiquem que ele tenha sido dono de um grande império.
Diferentemente, o que se diz sobre Moisés é incompatível com todos os registros
encontrados da época em que ele teria vivido, assim como a primeira menção
egípcia a Israel fala de um povo da região de Canaã, não de um povo que tivesse
estado no Egito.
O que a arqueologia indica é que os escribas de Josias formaram aquela parte da
Bíblia misturando fatos com fantasias e criando um linhagem de Adão (primeiro
humano criado por Yavé) até os seus dias. As duas genealogias de Jesus
existentes em Mateus e Lucas contêm pessoas muito diferentes, em número muito
diferente, e Lucas ainda fala de uma pessoa que não existiu segundo a genealogia
apresentada no Gênesis. Veja os dois textos:
Gênesis, 10: 24: “Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Eber”
Lucas, 3: 36: “Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé,
Noé de Lameque”.
O livro do Gênesis, apresenta “Selá” como filho de Arfaxade.
Lucas o mostra como neto. “Salá” aparece como filho de “Cainã, Cainã de Arfaxade”.
Eis a dúvida para os que dizem que tudo na Bíblia é verdade. Cainã existiu?
Se existiu, o autor do Gênesis não escreveu a verdade. Se não existiu, é falsa a
declaração de Lucas. Essa é um das muitas que provam que não podemos classificar
o conteúdo bíblico como “a verdade”.
A EVOLUÇÃO
Com exceção dos que estudam com a finalidade de negar a evolução, ela já é fato
mais do que comprovado no meio científico. O projeto genoma cristalizou a
certeza que muitos já tinham. Quanto aos chamados “elos perdidos”, dadas as
condições necessárias para a preservação de um fóssil, talvez nem existam todas
as fases, mas hoje já existem mais elos do que existiam há algumas décadas. E,
ainda que nunca sejam encontrados fósseis que satisfaçam todas as exigências dos
criacionistas, o que a arqueologia e a microscopia nos mostra espanca todas as
dúvidas. Os microorganismos têm mutações em questão de dias, e isso é fato que
não se pode negar. Os organismos complexos precisam de milhares de anos para
apresentar uma pequena alteração. É coisa muito simples: Se você fizer um risco
em um grão de milho que esteja só, todos que olharem para ele vêem. Se você o
fizer em um que estiver entre dez, já pode passar despercebido, e, se você tirar
um pedacinho em um grão que esteja no meio de um saco de milho, ninguém vai
notar, a não ser que isso seja feito em grande parte dos grãos. É por isso que
não vemos diferença orgânica entre um homem de hoje e um de três mil anos atrás.
Veja POR QUE ACREDITAMOS MAIS EM
DINOSSAUROS. Nesse artigo há outras referências que esclarecem outros
pontos.