Hoje se fiscalizam muitos os produtos de todas as indústrias para
evitar riscos para usuários. Todavia, há um risco que envolve um dos
equipamentos mais perigosos que usamos, que parece os fabricantes nem a
fiscalização perceberem. O bloqueio de freio e direção do veículo
desligado.
Uma pessoa estava descendo tranquilamente uma rua em seu Peugeot
207, quando o motor falhou. Como veículo desligado, a direção travada, ela
seguiu rigidamente em linha reta (sorte que não estava na curva), tentou frear,
o freio também, como é normal nos carros de hoje, não funcionou, a condutora
desesperada continuou agarrada ao volante sem saber o que fazer, o veículo
atravessou um cruzamento de avenida (também por sorte não havia nenhum veículo
trafegando na avenida, e ela ainda teve a terceira sorte de começar um aclive
depois da avenida, e conseguiu religar o motor quando já estava a ponto de
começar a andar para trás.
Ao ouvi-la contar o fato, me veio novamente o questionamento que
eu já havia feito comigo mesmo várias vezes: Por que, numa era tão tecnológica
como hoje, continuamos dirigindo com todo esse risco.
Se a condutora estivesse em uma curva no momento da falha do
motor, ela poderia ter subido em uma calçada e atropelado pessoas, ou rolado por
algum despenhadeiro, dependendo da situação.
Na situação em que se encontrou, na reta, mas próximo de
cruzamento, poderia ter causado um sério acidente se tivesse um outro veículo
passando na avenida que cruzava aquela rua.
E, se não estivesse já próximo ao final da descida, as
probabilidades de acidente teriam sido tão maiores, que dificilmente teria saído
ilesa como saiu.
Sempre que passo próximo do local, volto a pensar: por que os
fabricantes de veículo não corrigem esse problema? Por que o freio tem
falhar exatamente no momento de uma outra falha que pode ocorrer com qualquer
veículo? E por que a direção tem que travar exatamente no momento em que
poderia amenizar o risco?
Lembro-me de, quando era criança, no retorno de Ipanema para
Pocrane, o motor do ônibus falhou na subida em uma serra extremamente íngreme, e
o motorista girou o volante para a direita levando o veículo a bater a traseira
no barranco, evitando uma queda da qual com certeza não escaparia nenhum
passageiro. Se a direção do ônibus travasse, como travam nos
veículos atuais, todos nós estaríamos mortos.
Por isso continuo perguntado: se tantos objetos tão testados pelo
IMMETRO para verificar possíveis riscos, se coisas pequenas são tão observadas, por
que, exatamente onde o risco é muito maior, a direção do veículo precisa travar e
o freio não pode funcionar quando o motor para de funcionar?
Ver mais QUESTÕES