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BOLSONARO DEBILITA MAIS A SAÚDE E A EDUCAÇÃO
Bolsonaro corta investimentos em Educação, Saúde e Segurança
Setor educacional perdeu 16% do bolo da União, Saúde também sofreu cortes no 1º
ano de governo; Defesa obteve alta de 22,1%
Adriana Fernandes
31 jan 2020
No primeiro ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro aumentou os gastos com
investimentos e custeio da máquina para a área de Defesa e reduziu as despesas
para a Educação, Saúde e Segurança. O resultado final das contas do governo
federal, divulgado pelo Tesouro, mostrou um aumento real (acima da inflação) de
22,1% das despesas da Defesa em relação a 2018. Um incremento de R$ 4,2 bilhões
de um ano para o outro.
Na direção oposta, os gastos com Educação caíram 16% e Saúde teve uma queda de
4,3%. Os investimentos para a área de segurança, comandada pelo ministro da
Justiça, Sérgio Moro, minguaram 4,1%. Ao longo do ano passado, Moro, no auge do
aperto orçamentário, engrossou a fila dos ministros que pediram ao Palácio do
Planalto reforço de recursos para as suas pastas.
Os dados são dos chamados gastos discricionários (como investimentos e despesas
para o funcionamento da máquina pública) que o governo tem o poder de cortar e
pode dar as suas prioridades. Nos gastos obrigatórios, como salários e
Previdência, o governo não pode meter a tesoura. São exemplos de gastos
discricionários o pagamento de bolsas de estudo e de despesas para a manutenção
de universidades e hospitais públicos, além de programas de investimentos.
Na reta final do ano, o governo já tinha priorizado fazer um aporte de R$ 7,6
bilhões para a Emgepron, estatal da Marinha que fabrica corvetas. A
capitalização inflou os gastos com a Defesa, embora tenha ficado fora do teto de
gastos, regra prevista na Constituição que impede o crescimento das despesas
acima da inflação. Já as demais áreas, principalmente a social, ficaram com os
gastos comprimidos pelo teto de gastos.
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Empoçamento
A área de Educação, do ministro Abraham Weintraub, perdeu R$ 3,22 bilhões de
gastos com investimentos. Com as trocas de ministros e do comando do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), principal braço do MEC para os
investimentos, sofreu também com problemas de gestão. O chamado empoçamento,
quando o dinheiro está liberado mas o ministério não consegue gastar, chegou a
R$ 4,5 bilhões no ano passado. O pior resultado entre os ministérios. O empoçamento global foi de R$ 17,4 bilhões.
Para o diretor de estratégia política do Todos pela Educação, João Marcelo
Borges, os dados mostram uma priorização setorial ao setor militar, deixando de
lado a ênfase liberal, já que o aporte foi feito em uma empresa estatal, posição
contrária à política do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Segundo ele, os dados sugerem também problemas de capacidade gerencial. Segundo
análise do Todos pela Educação, o montante dos chamados restos a pagar (despesas
transferidas de um ano para outro) chegou em 2020 a R$ 17,1 bilhões, o maior
volume desde 2013. Essas despesas são contabilizadas para o cumprimento do piso
da Educação.
A especialista na área de saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Lígia Bahia, lembra que a emenda do teto foi vendida pela área econômica
com a argumentação de que haveria mais recursos para as áreas prioritárias como
Saúde e Educação, o que não ocorreu, na sua visão. Lígia destaca que não é
especialista em recursos sobre as Forças Armadas, mas pondera que "com certeza"
o Brasil precisa de mais investimentos em saúde, principalmente porque a
população está aumentando e envelhecendo.
O ministério da Defesa informou que o aumento das despesas discricionárias se
deveu à capitalização da Emgepron (que vai construir quatro navios classe
Tamandaré e compra de um navio de Apoio Antártico), créditos extraordinários
para a continuidade da Operação Acolhida (acolhimento a pessoas em situação de
vulnerabilidade no Estado de Roraima) e execução de emendas individuais de
parlamentares.
<https://www.terra.com.br/economia/bolsonaro-corta-investimentos-em-educacao-saude-e-seguranca>
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