POR QUE NÃO FAZER MUITO? -- 16/02/2002 - 20:24 (JOÃO DE FREITAS)
Sexo é demais. É bom, no mais amplo sentido. Mas dele pode derivar algo de ruim
também; pois tudo que é bom é alvo de muita maldade. Todo mundo, ou quase todo
mundo, quer, e surgem as disputas e os desentendimentos. Todavia, ao final, não
podemos falar mal. É uma coisa muito boa.
Que fazer sexo é a coisa mais gostosa não precisamos dizer. Antigamente
surgiram, não sei de onde, imaginações de que sexo fizesse mal. Mas dificilmente
alguém deixava de fazer aquilo só porque fosse ter alguns efeitos prejudiciais.
O prazer compensaria as perdas. Entretanto, agora já se sabe cientificamente que
só pode fazer bem, a não ser que o praticante esteja com o coração à beira do
infarto e não suporte o prazer, vindo a enfarta-se de vez. Fora daí, excetuando
as doenças venéreas, que podem trazer bastante dano ou ser fatais, a relação
sexual é um tônico rejuvenecedor, beneficiando sobremodo o organismo.
Todavia, enquanto no âmbito biológico as coisas parecem estar indo muito bem, o
lado ideológico complica as coisas. Conquanto muitas religiões do passado
tivesse a relação sexual como rito sagrado, surgiram os que demonizaram o sexo,
e até pena de morte entrou na jogada. E, para quem crê em demônio, há muita
razão para isso. Não são poucas as brigas e as mortes por causa do sexo.
“Não cobiçarás a mulher do teu próximo” é um mandamento necessário. Dificilmente
o próximo aceita que se aproxime alguém do seu mais próximo bem, e as
proximidades de sua companheira não é lugar propício para aproximações. Mas as
coisas não pararam por aí. Mesmo aquela que não tem companheiro não foi vista
como livre para voar, e os precursores do cristianismo, os hebreus, não sentiam
nenhuma pena ao apedrejar uma pobre vítima do prazer. Veio o cristianismo e não
ficou para trás. Começaram surgir aqueles que consideravam bom deixar o sexo de
lado. “É bom que o homem não toque mulher”, disse um dos primeiros arautos do
cristianismo. O celibato de ministros religiosos foi instituído posteriormente,
não obstante se registre que muitos desses celibatários tenham gostado muito do
espetáculo por baixo do pano.
Quando se trata do sexo homófilo, aí é que o bicho pega mesmo. O homossexualismo
é a coisa mais abominável entre os hebreus, escrevendo-se “maldito o homem que
se deitar com outro homem”. Paulo, o famoso apóstolo que dizia ser bom não tocar
mulher – acho exatamente o contrário - disse que nenhum efeminado entrará no
reino dos céus.
No mundo moderno, tudo que estiver ligado ao sexo é muito lucrativo. Nada se
vende mais do que revista pornográfica. Os profissionais do sexo ganham muito
dinheiro. E em nossa era digital é que se faz a festa com facilidade: os sites
eróticos se multiplicam em alta velocidade, e novamente, nada há que proporcione
tanta visita a uma página quanto sexo, mesmo que o acesso seja cobrado. Para
criar um domínio relacionado ao sexo, tive que pensar um pouco: tudo que
imaginava, digitava na barra de endereço, e aparecia uma página. Felizmente,
consegui “bhsexo.com” e posteriormente, “bhsexo.com.br”. Mas quase todo palavrão
que você escrever e adicionar “.com.br” lhe mostra uma página, e, para agravar o
problema “bh” qualquer coisa é raro você não encontrar na internet. Minha página
de filosofia e literatura, embora uma das vencedoras do Top 30, tem entre cem e
duzentas visitas diárias, enquanto a que cuida de sexo tem cerca mil e
quinhentas visitas por dia.
Entre os primeiros classificados do Top Sexolândia, onde não falta o banner do
BHSEXO, encontrei um banner com este dizer: “CLIQUE AQUI PARA FAZER SEXO”. Como
faz a maioria dos internautas, não deixei de clicar no banner.
Foi-se abrindo uma seqüência de páginas, cada uma com um scrip de mais uma, duas
ou três, e não paravam de aparecer páginas e mais páginas, eu nem conseguia ver
bem o título de uma, outra se abria por cima; achei necessário impedir aquele
acúmulo de janelas abertas e comecei da última que se abriu, antes que o
computador fosse travado. Fechei algumas páginas, resolvi clicar em um dos
ícones mais atraentes de uma das que permaneciam abertas: novamente foram
surgindo páginas e mais páginas, e tive que começar a fechar de novo. Olhei mais
algumas, mas finalmente até me esqueci de que o principal oferecido era fazer
sexo. E esse negócio de fazer virtualmente depende de fantasia demais. O bom
mesmo é o “aqui e agora”, é experiência física e química; imaginação pura é
para quem imagina muito, muito, muito.
Contudo, não podemos dizer que não seja agradável o virtual. O só ver uma cena
realizada por outras pessoas é bem excitante aos nossos olhos; até animais
copulando, desde criança, nunca perdi as oportunidade de ver. Filmes
pornográficos sempre são os mais procurados. Pessoas que perderam a capacidade
de fazer sexo fazem qualquer coisa para restabelecê-la. Quando Sigmund Freud
observou que o sexo comanda praticamente tudo da vida humana, houve muita
oposição, mas creio que a maioria das pessoas hoje entende que ele não estava
errado.
Outro problema encontrei no Top 30. Alguém anunciou “VEJA XUXA METENDO” e outras
coisas, e milhares de curiosos afluíram ao ambiente. Mas quando procurei ver
também, apareceram tantos vírus, que me esqueci da Xuxa. A sorte é que minha
versão do Norton deu conta de tudo. Não entendo como alguém vai participar de um
concurso e deixa a página infestada desse jeito. Quando já havia escrito quase
todo este texto, tentei novamente entrar na página, mas os vírus permaneciam
lá.; o “VBS.Haptime.A@mm” estava em todas as seções.
O melhor mesmo é fazer, mas seja ver, ouvir, pensar, escrever, etc., parece que
qualquer verbo é bem-vindo quando se trata de sexo. Isso, ou “aquilo”, como
dizem, é mesmo maravilhoso!
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