Religião, por estar especada em conceitos
primitivos, sempre está em conflito com a ciência. Aquilo que a ciência cria
para beneficiar a humanidade é visto com imoralidade e pecado. Enquanto isso
perdurar, a sociedade humana só será prejudicada.
“CIDADE DO VATICANO (Reuters)
- O Vaticano disse nesta sexta-feira que a vida é
sagrada em qualquer estágio de sua existência, e condenou
a fertilização artificial, a pesquisa de células-tronco embrionárias, a clonagem
humana e as pílulas anticoncepcionais.
O documento sobre bioética do corpo doutrinal do Vaticano, aguardado há muito
tempo, também afirma que a "pílula do dia seguinte", o DIU e os remédios que
bloqueiam a ação dos hormônios necessária para manter um óvulo fertilizado no
útero caem "no pecado do aborto" e são gravemente imorais.”
(Plantão o Globo,
12/12/2008) (http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2008/12/12/vaticano_condena_celula-tronco_embrionaria_clonagem-586973962.asp).
Hoje vivemos muito e com boa qualidade de vida, graças, não à religião, mas à
Ciência. Todavia, as idéias primitivas mantidas pela religião, como a
argumentação acima, ainda continuam causando sério entrave ao desenvolvimento
científico.
Num mundo superpovoado como o atual, impedir o controle de natalidade é que
podemos considerar um comportamento assaz irresponsável. Óvulos são jogados fora
todos os meses por todas as mulheres normais, e espermatozóides são tão
abundantes, que uma única ejaculação de um homem normal seria suficiente,
segundo análises científicas, para fertilizar todas as mulheres da Europa. No
entanto, ainda existem aqueles que consideram um pecado, uma imoralidade, evitar
que uma mulher engravide. Se essa noção antiquada fosse levada a sério por todas
as mulheres do mundo na atualidade, seria um caos dos piores. Assim, pílulas,
DIU, medicamentos, etc. são coisas que evitam muita infelicidade.
No passado, quando a sobrevivência era extremamente difícil, uma mulher ter o
máximo de filhos possível beneficiava a espécie. Hoje, isso seria impossibilitar
a continuidade dela.
A pesquisa com células-tronco é um avanço científico de extrema importância para
reduzir os males a que ainda estamos sujeitos. Agora, vêm os defensores do
primitivismo procurar impedir o aprimoramento desse conhecimento.
Diante da escolha entre termos um filho doente e infeliz ou ter um filho
saudável, acho que seria uma maldade colocar no mundo uma pessoa fadada ao
sofrimento. Da mesma forma, prolongar a vida de uma pessoa que não tem mais
condições de melhora não é justo. Se todos nós definhamos e morremos
irremediavelmente, mais justo seria evitar o prolongamento da dor de uma pessoa.
Se eu tivesse que optar entre ficar quinze ou vinte anos em cima de uma cama
sofrendo, para ao fim morrer, ou ter uma morte rápida, acho que jamais iria
preferir a primeira alternativa. Assim, penso que a chamada “eutanásia”, que
também é combatida pela igreja, deveria ser bem-vinda em muitos casos.
Essa idéia de que todos os sofrimentos por que passam todos os seres vivos estão
sob o comando de um ser onisciente, onipotente, perfeito, justo e bom, foge a
qualquer lógica. A invenção de que o homem sofre e morre porque o primeiro da
espécie desobedeceu ao seu criador, assim como aquele preceito de Yavé que diz
que ele é um “deus zeloso” que visita a iniqüidade dos pais nos filhos até a
terceira e a quarta geração, longe de justiça, não passa de idéia oriunda da
estupidez de um povo bárbaro que queria dominar o mundo e impor a ele essas
aberrações. Agora imagine, uma linda borboleta que sai inocentemente de seu
casulo, vive alguns dias ou horas para ser devorada por um pássaro. Que culpa
teve ela ou seus ascendentes? Qual é o fim de um animal dito irracional, senão
ser devorado por outros animais quando perder a capacidade de lutar para
sobreviver? Isso é desígnio de um ser onisciente, perfeito, justo e bom?
Por que pessoas boas são atropeladas, assassinadas, acometidas de doenças
graves, e pessoas más podem algumas vezes ter melhor sorte? Onde está o deus que
protege seus servos contra a peste, a flecha, a espada, etc. como dizia o
salmista?
A ciência, só ela, é capaz de fazer alguma coisa por nós. Se hoje não sofremos
dor de dente como os antigos, e até podemos ter partes danificadas
reconstituídas sem dor, quem nos proporcionou esse benefício? Um deus improvável
que entrega os animais inocentes às garras de outros animais, ou o fruto do
conhecimento humano? Enquanto grande parte da humanidade continuar apegada ao
que chamam de vontade de um ser do qual não temos nenhum indício palpável de
existência, continuaremos a sofrer as conseqüência desse primitivismo.
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