CATOLICISMO E PREJUÍZO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO

- 13/12/2008 -

 

Religião, por estar especada em conceitos primitivos, sempre está em conflito com a ciência. Aquilo que a ciência cria para beneficiar a humanidade é visto com imoralidade e pecado. Enquanto isso perdurar, a sociedade humana só será prejudicada.

“CIDADE DO VATICANO (Reuters)

- O Vaticano disse nesta sexta-feira que a vida é sagrada em qualquer estágio de sua existência, e condenou a fertilização artificial, a pesquisa de células-tronco embrionárias, a clonagem humana e as pílulas anticoncepcionais.

O documento sobre bioética do corpo doutrinal do Vaticano, aguardado há muito tempo, também afirma que a "pílula do dia seguinte", o DIU e os remédios que bloqueiam a ação dos hormônios necessária para manter um óvulo fertilizado no útero caem "no pecado do aborto" e são gravemente imorais.”

(Plantão o Globo, 12/12/2008) (http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2008/12/12/vaticano_condena_celula-tronco_embrionaria_clonagem-586973962.asp).

Hoje vivemos muito e com boa qualidade de vida, graças, não à religião, mas à Ciência. Todavia, as idéias primitivas mantidas pela religião, como a argumentação acima, ainda continuam causando sério entrave ao desenvolvimento científico.

Num mundo superpovoado como o atual, impedir o controle de natalidade é que podemos considerar um comportamento assaz irresponsável. Óvulos são jogados fora todos os meses por todas as mulheres normais, e espermatozóides são tão abundantes, que uma única ejaculação de um homem normal seria suficiente, segundo análises científicas, para fertilizar todas as mulheres da Europa. No entanto, ainda existem aqueles que consideram um pecado, uma imoralidade, evitar que uma mulher engravide. Se essa noção antiquada fosse levada a sério por todas as mulheres do mundo na atualidade, seria um caos dos piores. Assim, pílulas, DIU, medicamentos, etc. são coisas que evitam muita infelicidade.

No passado, quando a sobrevivência era extremamente difícil, uma mulher ter o máximo de filhos possível beneficiava a espécie. Hoje, isso seria impossibilitar a continuidade dela.

A pesquisa com células-tronco é um avanço científico de extrema importância para reduzir os males a que ainda estamos sujeitos. Agora, vêm os defensores do primitivismo procurar impedir o aprimoramento desse conhecimento.

Diante da escolha entre termos um filho doente e infeliz ou ter um filho saudável, acho que seria uma maldade colocar no mundo uma pessoa fadada ao sofrimento. Da mesma forma, prolongar a vida de uma pessoa que não tem mais condições de melhora não é justo. Se todos nós definhamos e morremos irremediavelmente, mais justo seria evitar o prolongamento da dor de uma pessoa. Se eu tivesse que optar entre ficar quinze ou vinte anos em cima de uma cama sofrendo, para ao fim morrer, ou ter uma morte rápida, acho que jamais iria preferir a primeira alternativa. Assim, penso que a chamada “eutanásia”, que também é combatida pela igreja, deveria ser bem-vinda em muitos casos.

Essa idéia de que todos os sofrimentos por que passam todos os seres vivos estão sob o comando de um ser onisciente, onipotente, perfeito, justo e bom, foge a qualquer lógica. A invenção de que o homem sofre e morre porque o primeiro da espécie desobedeceu ao seu criador, assim como aquele preceito de Yavé que diz que ele é um “deus zeloso” que visita a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração, longe de justiça, não passa de idéia oriunda da estupidez de um povo bárbaro que queria dominar o mundo e impor a ele essas aberrações. Agora imagine, uma linda borboleta que sai inocentemente de seu casulo, vive alguns dias ou horas para ser devorada por um pássaro. Que culpa teve ela ou seus ascendentes? Qual é o fim de um animal dito irracional, senão ser devorado por outros animais quando perder a capacidade de lutar para sobreviver? Isso é desígnio de um ser onisciente, perfeito, justo e bom?

Por que pessoas boas são atropeladas, assassinadas, acometidas de doenças graves, e pessoas más podem algumas vezes ter melhor sorte? Onde está o deus que protege seus servos contra a peste, a flecha, a espada, etc. como dizia o salmista?

A ciência, só ela, é capaz de fazer alguma coisa por nós. Se hoje não sofremos dor de dente como os antigos, e até podemos ter partes danificadas reconstituídas sem dor, quem nos proporcionou esse benefício? Um deus improvável que entrega os animais inocentes às garras de outros animais, ou o fruto do conhecimento humano? Enquanto grande parte da humanidade continuar apegada ao que chamam de vontade de um ser do qual não temos nenhum indício palpável de existência, continuaremos a sofrer as conseqüência desse primitivismo.

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