CHIMPANZÉS DIANTE DA MORTE
"Chimpanzé encara a morte de modo similar aos humanos,
diz estudo
Grupo escocês filmou ‘velório’ de primata com mais de 50
anos.
Filha mais velha de Pansy passou a noite toda ao lado do
corpo da mãe.
Nos dias antes de Pansy morrer, os outros até alteraram
sua rotina de sono para ficar perto dela, dormindo no
chão em um compartimento onde normalmente eles não
dormem"
James Anderson
Os chimpanzés reagem à morte de forma parecida à humana.
A conclusão é de James Anderson, do grupo de
comportamento e evolução do departamento de psicologia
da Universidade de Stirling, na Escócia.
"Vários fenômenos têm sido considerados como separadores
entre o homem e as outras espécies, como a capacidade de
raciocinar, de falar ou de utilizar ferramentas, além da
consciência de si mesmo”, diz Anderson. “Mas a ciência
mostrou que essas divisões são na realidade mais
relativas. A consciência da morte é um desses fenômenos
psicológicos atribuídos durante muito tempo somente aos
humanos”, afirma.
Ainda segundo ele, “as observações que temos feito das
reações de chimpanzés reagindo à perda de seu par ou em
seus últimos momentos de vida indicam que são muito
conscientes da morte e provavelmente de maneira muito
mais desenvolvida do que se suspeitava”.
O trabalho descreve as últimas horas e a morte, no dia 7
de dezembro, de uma fêmea com mais de 50 anos, que vivia
com um pequeno grupo desses primatas no Parque de Safári
Blair Drummond, na Escócia. Tudo foi filmado. Nos dias
que precederam à morte da fêmea, o grupo esteve muito
silencioso e com a atenção centrada nela, especialmente
em seu rosto, ressalta Anderson. Pouco antes de sua
morte, os companheiros faziam muitas carícias na
veterana moribunda.
Segundo os pesquisadores, após afastar-se por um tempo,
Rosie, a filha mais velha de Pansy, com 20 anos, voltou
e ficou a noite toda ao lado do corpo.
"Nos dias antes de Pansy morrer, os outros até alteraram
sua rotina de sono para ficar perto dela, dormindo no
chão em um compartimento onde normalmente eles não
dormem”, contou Anderson ao site Discovery News.
Em um segundo estudo, o grupo dos cientistas Dora Biro,
da Universidade de Oxford, e Tetsuro Matsuzawa, da
Universidade de Kyoto, testemunhou nas florestas de
Bossou, na Guiné, um longo ritual funerário de duas mães
chimpanzés, Jire e Vuavua, que velaram os cadáveres de
dois filhotes por 68 dias." (Fonte: Ciência e Saúde,
26/04/2010)
Essa forma de agir dos chimpanzés
expressa a tristeza por ter perdido um ente querido,
talvez também uma esperança de que esse membro retorne à
vida, e possivelmente eles tenham como os humanos a
impressão de que esses mortos continuem existindo; pois
eles os veem em sonho como os humanos que criaram a
crença na alma imaterial. Tudo isso é possível.
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