COMBATER A CORRUPÇÃO NÃO
INTERESSA MUITO
5 de julho de 2016
Combater a corrupção é palavra que
está na boca de todos. Mas, na prática, entre nossos parlamentares, poucos
estão interessados nisso; ao contrário, procuram facilitar que ela prospere.
É assim que mantêm sua raiz: o financiamento privado de campanha eleitoral.
Muito boas razões já foram
apresentadas para acabarem com o financiamento privado de campanha eleitoral.
No entanto, a maioria dos parlamentares votaram pela sua permanência.
Eliminar a oportunidade de trocar favores ilegais em benefício próprio não é
nada interessante para aqueles a quem só interessa a permanência no poder.
Bem disse Miguel
Rossetto, que "a Gênese da corrupção é o financiamento
privado de campanha".
"Ele afirma que o
financiamento de campanhas por empresas “sequestra a regra básica nas
democracias e amplia a exclusão do segmento popular”, pois limita o acesso
daqueles que tem menos poder econômico, aumentando o “distanciamento entre
políticos e sociedade”.
“O financiamento empresarial corrói a transparência dos
partidos ao vinculá-los a objetivos que não podem ser assumidos porque ferem o
interesse público. E, por fim, aumenta o risco de
políticos, na corrida por dinheiro, praticarem ações ilícitas”, enfatizou
o ministro.
<http://www.vermelho.org.br/noticia/261243-1>
Quando as campanha eleitorais ficam à
mercê do setor empresarial privado, há um círculo vicioso: grandes empresas
fazem grandes doações para alguns candidatos; estes, com muito dinheiro para
propagandas, são eleitos; eles retribuem com vantagens para seus doadores; o
sistema se mostra lucrativo, então os investimentos retornam para a famigerada
reeleição. Assim, fazem uso da máquina pública às avessas
na eleição, favorecendo os doadores, e o prejuízo público é enorme, o que
não ocorreria se todos os partidos em campanha fossem financiados
equitativamente com dinheiro público, sem o risco de os eleitos estarem
comprometidos com os seus financiadores em detrimento dos cidadãos.
Existem outros meios para alimentar a
corrupção, mas são insignificantes diante do financiamento privado. Que empresa
daria parte da sua renda para eleger alguém que não fosse lhe trazer um
expressivo benefício? Se, como candidato a um cargo legislativo, posso prometer a uma
grande empresa algo como legislar em favor do seu segmento econômico, posso
prometer contratos milionários se ela financiar a minha campanha, está aí a
grande oportunidade de usar indevidamente os recursos públicos. E, se eleito,
tenho interesse em cumprir a promessa, pois futuramente ela confiará em mim e me
ajudará mais. Sem poder fazer essas troca, só dependo de um programa
eleitoral bom para a nação como um todo, e os donos do dinheiro terão menos
condições de comprar o poder público.
Mas o que pensa a maioria dos nossos
parlamentares? Não acham nada interessante perder essa oportunidade de
poder favorecer quem tem poder econômico com os recursos públicos para benefício
dos próprios interesses privados. Destarte, mantêm o financiamento privado
das campanhas eleitorais.
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