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O mito do fim do mundo não existia
entre os judeus. O hebreus não esperavam o fim do mundo. Seu livro sagrado diz
que eles iriam dominar sobre todas as nações para sempre. A pregação do fim do
mundo surgiu no mundo cristão, com base na crença em ressurreição, transmitida
aos judeus pelos babilônios.
As escrituras sagradas hebraicas
dizem que Yavé, o deus criador de todas as coisas, destruiu o mundo com uma
inundação e depois prometeu nunca mais fazer isso (Gênesis, 6: 17 a 8: 21).
Teria sido esta a promessa: "Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa
do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice;
nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer."
Afirmam as ditas escrituras que, como
a descendência de Noé perpetuou a maldade, Yavé escolheu Abraão, cuja
descendência, que culminou nos judeus, se tornaria numerosa e dominaria sobre
todas as nações do mundo.
E a promessa é incondicional: "Achei
Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será sempre com ele, e
o meu braço o fortalecerá. O inimigo não o surpreenderá, nem o filho da
perversidade o afligirá. Eu esmagarei diante dele os seus adversários, e aos que
o odeiam abaterei. A minha fidelidade, porém, e a minha benignidade estarão com
ele, e em meu nome será exaltado o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar, e a
sua destra sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a
rocha da minha salvação. Também lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei o
mais excelso dos reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha
benignidade, e o meu pacto com ele ficará firme. Farei que subsista para
sempre a sua descendência, e o seu trono como os dias dos céus. Se os seus
filhos deixarem a minha lei, e não andarem nas minhas ordenanças, se profanarem
os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos, então visitarei com vara
a sua transgressão, e com açoites a sua iniqüidade. Mas não lhe retirarei
totalmente a minha benignidade, nem faltarei com a minha fidelidade. Não
violarei o meu pacto, nem alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez para
sempre jurei por minha santidade; não mentirei a Davi. A sua descendência
subsistirá para sempre, e o seu trono será como o sol diante de mim; será
estabelecido para sempre como a lua, e ficará firme enquanto o céu durar.
(Salmos, 89: 20-37).
A história nos mostra que essa
promessa não se cumpriu: os judeus foram subjugados algum tempo depois, e sua
monarquia teve fim.
Nos dias do domínio assírio, um
profeta prometeu o seguinte:
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de
Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os
entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o
resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e
apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus;
e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E
este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar
em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes
dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em
nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio
de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva,
que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó
estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais
do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando
passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será
exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos.
Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e
destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas
as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás
adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas
colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os
teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei
vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15).
Todavia, os fatos frustraram
irreparavelmente essa promessa, quando Josias foi morto em batalha pelo faraó
Necau, e quem ditou as coisas em Judá desde então foi o Egito (II Reis, 23: 29,
30, 33-36; 24: 7-14).
No período do cativeiro babilônico
houve a promessa de restauração de Jerusalém e o estabelecimento desse reino
eterno:
"Pois eis que eu crio novos céus e
nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão:
Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para
Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em
Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro
nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho
que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o
pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e
plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros
habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão
como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras
das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque
serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com
eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles
ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão
comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano
algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25).
As expressões "últimos dias" e "tempo
do fim" nunca eram usadas como o fim do mundo, mas o fim dos domínios gentios e
o começo do reino eterno dos judeus.
Babilônia foi destronada também, mas o
reino judeu não veio; eles ficaram subjugados ao império medo-persa, que
derrotou o babilônico.
Da submissão ao domínio medo-persa
passara param o grego, quando Alexandre o Grande subjugou os medos e persas.
Após a morte de Alexandre, o império
foi divido entre seus quatro generais: Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco.
Quando um dos sucessores de Seleuco, Antíoco Epífanes profanou o templo de
Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus deuses, após alguns anos
de humilhação, Judas Macabeu conseguiu restabelecer o santuário. Parece que
nesses dias é que apareceu a profecia de Daniel falando da abominação
assoladora: os capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é uma
seqüência, mas os capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes, o
primeiro, que parece ter vindo por último, em aramaico e o segundo em hebraico,
conforme informam alguns estudiosos).
Novamente, a promessa falhou. Judas
Macabeu venceu a guerra, mas não conseguiu estabelecer o reino eterno. Pouco
tempo depois, vieram os romanos. A história registra que houve alguns judeus que
tentaram se livrar dos romanos, mas foram todos derrotados, até um dia os
romanos se irritarem, destruírem Jerusalém e, tempos depois, dispersarem os
judeus pelo mundo. E até hoje eles esperam um dia dominar o planeta.
Quando surgiu o Cristianismo, apareceu
nova interpretação das profecias de Daniel. Quem escreveu o evangelho de Mateus
afirmou que a grande tribulação era a destruição de Jerusalém pelos Romanos, e,
logo após essa tribulação, o Sol escureceria, também a lua, e as estrelas
cairiam do céu (Mateus, 24: 29), após o que Jesus estaria retornando nas nuvens
do céu para levar seus escolhidos para o reino dos céus.
A segunda epístola de São Pedro
registrou este presságio: "Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra
de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da
água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então,
afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido
guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos
homens ímpios." (II pedro, 3: 5-7). " Virá, pois, como ladrão o dia do
Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos,
ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas."
(Vers. 10).
O reino eterno dos judeus, conforme se
vêm em Isaías, 65: 17-25, não teria nada de sobrenatural, continuando as pessoas
a pecarem e morrerem. Só a partir do convívio com babilônios e persas eles
assimilaram a idéia de ressurreição e vida eterna. Por isso o livro de Daniel
já fala de ressurreição de "uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
desprezo eterno" (Daniel, 12: 2). É por isso que o reino eterno dos cristãos
já é um lugar sobrenatural, sem pecado, sem sofrimento e sem morte (Apocalipse,
21: 4).
A origem do fim do mundo de que tanto
se fala teve o seu
embrião na crença na ressurreição, assimilada durante o cativeiro babilônico.
Antes, a promessa do livro sagrado hebreu era de que nunca mais o mundo seria
destruído, e os judeus dominariam o mundo para sempre; mas os cristãos transformaram o previsto tempo do fim
das agruras judaicas em fim do
mundo.
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PREVISÃO DO FUTURO
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