COMO O HOMEM ENCONTROU DEUS

 

Como o homem encontrou deus? Por que o mundo todo se tornou religioso? Não seria isso prova de que no passado o homem tenha visto Deus? Não; o homem criou deus ao tentar explicar o animal imaginário que sempre assustou os animais. A religiosidade no mundo inteiro decorre de o homem ter criado deus muito antes de se espalhar pelos continentes.

 

Ao ouvir um rugido nas savanas africanas, todos os animais sabem que há um leão nas proximidades.  Mas, se for solto um leão na caatinga ou no serrado brasileiro, ao ouvir seu rugido, os outros animais ficarão assustados, deduzindo que há um animal estranho nas proximidades, podendo ser perigoso, mas não saberão como é ele enquanto ele não estiver em ponto visível.

 

Semelhantemente, ao ouvir um trovão, os animas devem imaginar existir por perto um animal descomunal. Devem passar a vida temendo que um dia ele apareça para atacá-los. Aí deve estar a origem dos deuses, entre eles esse deus único em que judeus, cristãos e muçulmanos acreditam.

 

Não acho que a origem das religiões seja a simples intenção humana de manipular os povos.  Serviu e sempre serve para isso; mas os deuses devem ter tido origem em imaginação sincera.  Os primatas que se tornaram homo sapiens e criaram a fala só tentaram explicar a autoria dos fenômenos da natureza e idealizaram esses seres sobrenaturais.

 

As análises arqueológicas nos informam que os mais remotos ancestrais da espécie homo tinham concepções religiosas.  Isso se deve ao fato de, antes de evoluir para nosso espécie, os nossos ascendentes já terem na mente a existência de seres sobrenaturais, que imaginavam serem os autores dos fenômenos da natureza.   O vento deveria ser o sopro de um ser invisível, o trovão seria a sua voz, e assim por diante.   É bem provável que os raios expliquem a suposta existência dos dragões que expeliam fogo pela boca.

 

Enquanto os outros animais continuaram simplesmente temendo o animal invisível, o homem tentou torná-lo um pouco amigável, criando sacrifícios de vidas para aplacar a sua ira e conseguir a sua proteção.  É por isso que os povos primitivos, em todos os continentes, tinham o ritual de sacrificar vidas, até os próprios filhos em honra a diversos deuses.  Como a concepção divina foi mudando de forma diversa no espaço ao longo da história, em cada parte da Terra encontramos as mais variadas explicações sobre as divindades e a origem da Terra, do homem e dos outros seres vivos. 

 

Hoje, não convivemos com aquele abominável banho de sangue primitivo, porque, antes de o conhecimento levar o homem a perceber que um ser justo com dizem ser esse deus não poderia consentir com tamanho absurdo, alguns tiveram a ideia de criar o mito do deus que deu a vida em sacrifício pela salvação humana.  Todavia, muitos absurdos ainda persistem, mesmo entre as religiões mais civilizadas.  O Cristianismo libertou a maior parte do mundo dessa ideia imbecil de que derramar sangue e queimar animais é algo necessário para se conseguir o favor desse ser imaginário, graças ao mito de que o deus todo-poderoso deu o seu próprio filho em sacrifício pelos pecados da humanidade.  Esse hábito de pagar pelos próprios erros com as vidas de animais inocentes ainda subsiste no Judaísmo e no Islamismo.  Mas não é menos grotesco do que a crença em que um deus que pode tudo tenha dado seu próprio filho em sacrifício. 

 

O pior mal da religião, no entanto, não é queimar cordeiros, bodes, bezerros e aves, uma vez que todos eles tende a morrer espedaçados por outros animais.  O mais nocivo procedimento religioso, que sobrevive ao avanço civilizatório do Século XXI, é a crença que leva aos mais cruéis massacres humanos em nome da vontade desse ser imaginário, que estamos presenciando, não só nos atrasados meios africanos e indianos, mas até infiltrado entre os povos mais desenvolvidos do planeta.  Isso é que é o mais danoso e preocupante, que exige a reação violenta do mundo inteligente antes que sejamos submetidos pelo poder da barbárie.

 

O homem primitivo não viu nenhum deus. Todavia, não foi por desonestidade e interesse de manipulação, mas por ignorância, que o ser inteligente criou essa coisa estúpida. Imaginando um ser ou vários seres autores dos fenômenos naturais, é que o homem criou esse monstro que absurdamente continua sendo adorado e provocando tantas barbaridades até os nossos dias.

 

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