COMPRA DE VOTOS PARA REFORMAS
MENSALÃO: Ministro do STF diz que
‘compra de votos’ põe em xeque validade da reforma da Previdência
Ao defender absolvição de José Dirceu, Lewandowski diz que entendimento da
compra de votos, já definido pelo STF, pode levar à anulação de reformas
A possível anulação da reforma da Previdência e de outras votações à época do
chamado ‘mensalão’ já foi citada por alguns ministros do Supremo Tribunal
Federal nas últimas sessões do julgamento da Ação Penal 470. O ministro que
revisa o voto do relator do processo, Ricardo Lewandowski, disse, ao defender a
absolvição de José Dirceu, que caso se confirme a compra de votos as reformas
aprovadas sob vigência do esquema devem ter a validade colocada em xeque. Dirceu
foi ministro da Casa Civil de Lula no período em que se situam as denúncias,
entre 2003 e 2004.
As referências às votações, em especial às reformas da
Previdência e tributária, têm sido de certa forma frequentes nas
leituras dos votos dos ministros do STF. A observação de Lewandowski, que disse
não ver provas da existência da compra de votos, reflete uma preocupação que
alguns ministros do Supremo já teriam demonstrado. A menção a esse aspecto da
questão, algo que a rigor não está em julgamento, mas que pode ser motivo de
questionamento posterior, aparentemente foi um recurso para tentar sensibilizar
seus pares a refletir sobre a ‘gravidade’ dos possíveis
efeitos colaterais da decisão que estão tomando.
‘Tristeza’
A primeira ministra a votar após a leitura da posição do revisor, Rosa Weber,
porém, não exitou em acompanhar o relator, Joaquim Barbosa, na condenação de
José Dirceu, José Genoino (então presidente do PT) e Delúbio Soares
(tesoureiro), dentre outros réus, por corrupção ativa. “Houve sem dúvida o
conluio para compra de apoio político e voto de parlamentares, não todos, mas de
alguns, para votações no Congresso Nacional”, disse. “Para efeitos penais, não
importa o destino dado ao dinheiro”, continuou, sustentando que não faz
diferença, nesse aspecto, se ele foi usado para pagar despesas de partido,
contas eleitorais ou para benefícios pessoais.
Ao condenar os petistas, Rosa Weber disse que o fazia com muita tristeza,
enfatizando o caso de Genoino. "Preciso à noite botar a minha cabeça no
travesseiro", disse, observando que não poderia fingir que não viu o que
aconteceu. "Não é crível que ninguém mencionou [o que acontecia] nas reuniões
com José Genoino", ponderou. Também disse não acreditar que Delúbio fizesse tudo
à revelia dos demais dirigentes: "Para mim existe prova acima de qualquer dúvida
razoável que Delúbio Soares não pode ser responsabilizado por tudo sozinho".
STF já se posicionou
Embora Lewandowski tenha citado a constatação da compra de votos como algo ainda
em debate, fato é que sete dos dez ministros já se posicionaram, em fase
anterior do julgamento, favoravelmente à tese de que isso ocorreu. “Se esse
plenário decidir que houve fraude, que a consciência dos parlamentares foi
comprada na votação das reformas, deve ser colocada em xeque sua validade”,
disse. “É interessante que compra-se a Câmara, mas não se compra o Senado”,
prosseguiu, referindo-se à necessidade de aprovação nas duas casas para que um
projeto se torne lei. Para o revisor, não houve o 'mensalão': “O que quero
demonstrar com isso é que essa tese de compra de votos e coincidência de saques
e votações é uma tese contraditória”, disse.
Quando o Congresso aprovou a emenda constitucional da Previdência, a votação
do projeto foi bem mais favorável ao governo na Câmara, enquanto no Senado a
diferença pró-Planalto foi pouco além do mínimo necessário. Logo após citar a
possibilidade de se redefinir a validade das reformas diante do entendimento de
que houve compra de votos, Lewandowski foi interrompido pelo ministro Marco
Aurélio de Mello. "Cada dificuldade em seu dia", rebateu o ministro, quem sabe
antevendo as posteriores contestações que sindicatos e outras entidades ligadas
ao funcionalismo já indicam que vão fazer.
Por Hélcio Duarte Filho
Luta Fenajufe Notícias
Quinta-feira, 4 de outubro de 2012
<http://sindjufems.org.br/portal/todas-as-noticias/2374-mensalao-ministro-do-stf-diz-que-compra-de-votos-poe-em-xeque-validade-da-reforma-da-previdencia>
Parece que a maior preocupação aí não
está sendo fazer ou não fazer justiça, mas evitar o desfazimento de algo que
precisou do auxílio de corrupção para ser efetivado.
As tais reformas eram projetos de FHC,
que não foram adiante, porque o PT conseguiu impedir. Ao chegar ao poder,
o chamado Partido dos Trabalhadores usou esse meio escuso para concretizar
exatamente aquilo que impediu o governo anterior de fazer. Não é
extremamente decepcionante?! O PT entendia que privatizar a Previdência
era algo prejudicial, que beneficiaria apenas os bancos administradores.
Mas, ao assumir o comando, passou a pensar tal como pensava o presidente
anterior. O que mais nos entristece é a expectativa de que outros que
agora vêem tudo isso, se chegarem ao poder, passarão a agir como os anteriores.
A DECEPÇÃO ELEITORAL
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