segunda-feira, 20 de agosto de 2012 Se dependesse só da crença, não haveria civilização, diz psicólogo Michael Shermer
Se o homem tivesse apego só pela crença religiosa, pelo sobrenatural, e não
também pela ciência, pelo raciocínio lógico, ele ainda estaria na floresta e não
haveria civilização. A afirmação é do psicólogo americano Michael Shermer
(foto), que vem ao Brasil na próxima semana para divulgar o lançamento de seu
livro “Cérebro e Crença” (JSN, R$ 58)
Shermer foi um evangélico que por algum tempo pregou para aumentar o rebanho de
sua igreja. Ele se tornou cético e hoje, como divulgador da ciência e
desmascarador de charlatões, procura afastar as pessoas da igreja, embora
acredite que a crença religiosa sempre vai existir porque muitas pessoas
precisam dela.
“Ficamos felizes em imaginar que seres místicos, sejam eles deuses ou
extraterrestres, se preocupam e cuidam de nós”, disse ele em entrevista ao site
da revista Veja. “Não nos sentimos sós.”
Para ele, a crença no sobrenatural teve utilidade na sobrevivência do homem
primitivo, mas hoje é prejudicial à humanidade, porque “é intolerante, fixa uma
verdade e não abre espaço para perguntas”.
Ele afirmou que a neurociência já demonstrou que o cérebro está treinado para
encontrar uma explicação para tudo, o que tem possibilitado o desenvolvimento da
ciência, mas também tem sido a fonte das crendices e das alucinações, incluindo
as de caráter religioso.
“Em situações extremas, como as enfrentadas por quem está no limite da
resistência física ou próximo à morte, o cérebro reage com a redução da
atividade na área responsável pela consciência e o aumento em regiões ligadas à
imaginação”, disse. “E essa reação natural está na origem das alucinações.”
Ele disse que a religião atrai muitas pessoas não por si mesma, mas porque tem
um forte apelo social. Ela acaba constituindo uma “comunidade que ajuda a
afastar as dúvidas até daqueles que não acreditam plenamente no sobrenatural e
nos dogmas religiosos”.
Shermer criou uma organização que discute as superstições e é o responsável pela
Skeptic Magazine, uma revista que é referência entre os céticos.
No começo do ano, a editora JSN lançou no Brasil o livro dele “Por que as
Pessoas Acreditam em Coisas Estranhas" (384 págs, R$ 65).
O que acho impressionante que
as observações de Shermer convergem com as minhas conclusões. Pensando pelo lado
bom da religião, passei muitos anos mantendo-a comigo, imaginando não ser bom destruir
a fé das pessoas, uma vez que muitas delas poderiam se desesperar ao descobrir
que era um engano aquela suposta proteção divina e a esperança de uma vida
eterna. Todavia, depois de mais uns anos, cheguei à constatação de que
a
fé não é puramente ajuda psicológica, mas causa muito mal aos que não se
submetem a esse pensamento, podendo levá-los até a tortura e morte. Aí, decidi
que deveria expor minhas descobertas e contribuir para que o mundo não volte a
ser submetido por um domínio religioso e que os que não creem não venham a perder a liberdade e
ser obrigados a fazer o que uma religião manda. Assim, como Shermer,
passei um tempo tentando convencer as pessoas a serem religiosas e depois passei
a contribuir para reduzir o poder maléfico que as principais religiões têm,
evitando assim que um dia voltemos a ser submetidos por elas.