O VERDADEIRO CRISTIANISMO PRIMITIVO E SEUS VÁRIOS EVANGELHOS
18/05/2006
Por séculos as igrejas cristãs protestantes passaram ao mundo a idéia de que o
cristianismo primitivo era puro e se corrompeu quando a igreja se maculou com as
doutrinas dos romanos. Entretanto, com as descobertas de vários textos escritos
nos primeiros séculos cristãos, aliando isso às incongruências existentes nos
livros que compõem a Bíblia, uma certeza se constata: o cristianismo original
tinha pensamentos muito mais diversificados do que hoje. A fé só foi
unificada, quando a corrente cristã romana, adotada pelo imperador, baniu todos
os outros grupos cristãos.
"Após a morte de Jesus [ou da pessoa em quem se inspiraram para criar
Jesus], os cristãos compartilharam relatos da vida e das lições
de Cristo. Dezenas deles foram escritos, mas os próceres da igreja elegeram só
quatro para o Novo Testamento. No século 20, evangelhos rejeitados foram
redescobertos. Alguns, como o de Pedro, assemelham-se aos quatro escolhidos.
Outros, como o de Judas, têm diferenças drásticas e valorizam a gnose – o
conhecimento de Deus pela percepção da centelha divina que existe no indivíduo.
Exemplos:
Evangelho de Tomé, cerca do ano 110 inclui frases inéditas de Jesus: "Se
trouxerdes para fora o que tens dentro de vós, isso vos salvará. O que não tens
dentro de vós vos matará".
Evangelho de Maria, do início dos anos 100 Contém segredos que Jesus
revelou apenas a Maria Madalena, e não aos discípulos homens.
Evangelho da Verdade, cerca de 150 Jesus liberta a alma de um mundo
físico imperfeito: "Vós sois o dia perfeito, e em vós habita a luz que não se
apaga".
Livro Secreto de João, cerca de 150 Censura o Deus do Antigo Testamento
por esconder a verdade. Diz que Adão e Eva receberam o espírito divino do Deus
real.
Segundo Tratado do Grande Seth, ano 200 Afirma que o verdadeiro Cristo
nunca foi crucificado.
Versões gnósticas A Paixão e a história de Caim e Abel." (National
Geoghaphic, maio/2006, pág. 51).
Agora se descobriu mais um, o Evangelho de Judas, que já era comentado no
século II, sendo criticado pelo bispo Irineu no ano 180, o que prova que não foi
uma fraude, mas obra autêntica que expressa o pensamento de uma parte dos
cristãos.
"Mesmo contextualizado, o evangelho de Judas pode continuar mais parecido com
uma história da carochinha do que com uma escritura sagrada. Na época em que foi
escrito, porém, registrava uma visão religiosa que era respeitada em certas
comunidades cristãs. Várias igrejas liam histórias semelhantes durante suas
cerimônias e celebrações. "Os gnósticos viam a si mesmos como cristãos tão
legítimos como as pessoas da corrente ortodoxa e tinham fé em Jesus como o
verdadeiro salvador", afirma Emmel. "Até o século 2, inúmeros evangelhos
circulavam entre os grupos cristãos, incluindo desde aqueles do Novo Testamento
até aqueles atribuídos a Tomé e a Felipe e muitos outros ensinamentos secretos,
mitos e poemas atribuídos a Jesus e seus discípulos", conta em seu livro "Os
Evangelhos Gnósticos" a americana Elen Pagels, que também fez parte do time de
pesquisadores escolhido para analisar o evangelho de Judas" (Galileu,
maio/2006).
Esses livros são uma pequena parte do que foi escrito que chegou até os nossos
dias, apesar de todos os esforços da igreja para apagar a sua existência. Talvez
até ainda sejam encontrados mais alguns. Cada um mostra um Jesus diferente. A
escolha de apenas quatro evangelhos, o Apocalipse e algumas cartas é mais uma
prova de que dificilmente dois grupos cristãos se harmonizavam em grande parte
de seus pensamentos; pois nem os quatro escolhidos são unânimes em tudo.
Cristãos dizem que os livros que foram escolhidos para a bíblia são os
verdadeiros, e todos os outros são falsos. Poderíamos até admitir a hipótese, se
encontrássemos unanimidade dentro dos vinte sete livros. Entretanto, o que
encontramos não é harmonia. A única coisa em que há harmonia entre todos os
livros do Novo Testamento é a crença em que Jesus morreu na cruz pelos pecados
do mundo. No mais, há contradição em tudo. Começando pela genealogia de Jesus,
passamos pelo seu batismo, os locais onde fez discursos, a hora em que foi
crucificado, até a ressurreição; em cada item encontramos incongruências
graves, afirmações as mais inconciliáveis. Para conferir, leia
.
A falta de registro sobre Jesus entre os grandes historiadores da época é outro
dado capaz de nos deixar em dúvida até sobre a existência de Jesus. Vejo até a
possibilidade de o nome Jesus ter sido criado a posteriori para se
referir a algum dos muitos mártires executados pelos romanos naqueles tempos.
Os evangelhos dizem: "Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe
todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os
endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou" (Mateus, 4: 24).
"E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia" (Lucas, 1: 28). "A sua
fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para
ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades" (Lucas, 5: 15). Todavia, ninguém
dos historiadores dos seus dias nada registrou sobre ele. Não poderia uma pessoa
ficar tão famosa e ao mesmo tempo desconhecida dos historiadores da época.
Se houve tantos grupos cristãos com tantas idéias discrepantes; se apenas esses
poucos livros puderam fazer parte da doutrina cristã dominante, e ainda há
tantas contradições entre eles; tudo isso é mais do que evidência de que o
cristianismo não teve uma única e verdadeira fonte como se crê, mas se formou de
um amontoado de idéias copiadas de vários credos do povo, uma vez que todos os
aspectos de sua vida e morte como contado pelos escritores do Novo Testamento
têm paralelos nas mitologias babilônica, persa, egípcia e greco-romana. (Ver
A CRIAÇÃO DO MITO DE JESUS - As bases
mitológicas do cristianismo
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