DAR E RECEBER
- 10/06/2001 -
“O que quereis que os homens vos façam, fazei também vós a eles”.
O Evangelho de Mateus afirma que essas palavras foram proferidas por Jesus em
seu grande discurso no Monte das Oliveiras. E seguir essa filosofia de vida, na
maioria das vezes, traz bons resultados. Às exceções, cabe-nos dar o trato
adequado.
Bem antes do Cristianismo, Confúcio já tinha dito: "Não faça aos outros o que
não gostaria que fizessem a você". Os cristãos apenas usaram a frase
no sentido positivo em lugar do negativo de Confúcio.
Esse comportamento confucionista adotado pela filosofia cristã se
posiciona entre os dois extremos seguintes:
De um lado temos a raríssima figura do altruísta, aquele que se compraz em
colaborar com os outros sem se preocupar com o que possa receber em troca.
No outro pólo, temos o egoísta, bem mais comum, aquele que, como todos, tem
muito prazer em receber dos outros, mas, por sua vez, não sente qualquer vontade
de retribuir nada a quem o beneficia.
Um terceiro elemento humano ainda existe, que, embora aparentando não ser
egoísta, não é altruísta e foge do meio-termo aconselhado por Jesus. É aquele
que, enquanto acha que você pode beneficiá-lo, faz muito em seu favor, todavia
joga você para escanteio quando percebe que você não está em condições de lhe
trazer proveitos. Aí é que se pode fazer uso de outro adágio bem verdadeiro: “É
na necessidade que se conhece um amigo”. E, podemos dizer, esse amigo é muito
raro. Já experimentei situações em que os aparentes amigos se colocaram no campo
oposto, tentando me empurrar para o buraco, como popularmente se diz. E
não sobrou quase ninguém na lista. Foi extremamente decepcionante; mas foram
excelentes oportunidades para não ficar pensando que tivesse vários amigos.
E, por falar em dar e receber, lembra-me um fato: Um dia, caminhando por uma rua
de Belo Horizonte, uma mulher que estava sentada na calçada me pediu uma ajuda.
Após eu lhe dizer que não tinha dinheiro trocado no momento, ela me disse: ”Vai
com Deus!”. Olhando para ela, senti que sua expressão não era aquela que
indicasse que seu íntimo tivesse dizendo: “Vá para o inferno!”. Quando retornei
pela mesma rua, dei alguns trocados para a mulher.
Não me considero muito altruísta, nem muito egoísta e quase sempre acompanho
aquele ensinamento de Jesus. O meu lado altruísta diz que ajudar a quem precisa,
ainda que este não nos possa retribuir nada, parece ainda recompensador.
Porém, sou de acordo que, ao seguirmos a filosofia cristã, constatando não haver
qualquer correspondência de quem está em perfeitas condições de colaborar
conosco, devemos fugir de tais pessoas, porque o egoísmo, que existe em todos
nós, mais em uns e menos em outros, não deve ser incentivado, uma vez que,
embora não deva estar completamente ausente, em dose elevada ele é muito nocivo.
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