Depois que o menino se foi, Davi saiu do lado sul da pedra e
inclinou-se três vezes perante Jônatas, com o rosto no chão. Então despediram-se
beijando um ao outro e chorando; Davi chorou ainda mais do que Jônatas."
(1Sm 20:41)
Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais
maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres."
(2 Samuel 1:26)
Há uma polêmica sobre esses dois personagens bíblicos, uns dizendo que os dois
tinham uma relação homoafetiva e outros negando, dizendo que era apenas um amor
fraterno, sem qualquer conotação sexual.
Sabemos que muitos dos personagens bíblicos são lendas, e há dúvida se Davi
realmente existiu ou é simplesmente um desses personagens. Mas, na
hipótese de terem existido e tido essa relação tão íntima, ao dizer
"mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres" dá uma
impressão bem mais para uma relação homoafetiva mesmo.
Religiosos objetam dizendo eles não podia ter tido tal relação assim
publicamente porque a homossexualidade entre os hebreus era punida com a morte.
Os que assim argumentam não sabem é que essa lei que punia a homossexualidade
com a morte faz parte de um livro que apareceu na reforma do templo no reinado
de Josias. Esses preceitos eram totalmente desconhecidos antes da reforma
do templo, o que fica claro no relato de Josias mandando celebrar a páscoa:
"Então o rei deu ordem a todo o povo dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso
Deus, como está escrito neste livro do pacto. Pois não
se celebrara tal páscoa desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em
todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco nos dias dos reis de Judá"
(II Reis, 23: 21,22).
Se tiverem existido mesmo o rei Saul, seu filho Jônatas e Davi, eles existiram
em uma época em que não existia entre eles essa lei que pune a homossexualidade.
Era perfeitamente possível um príncipe e um súdito terem uma relação homoafetiva
em tal cenário.