DAVID KORESH
David Koresh (Houston, 17 de agosto de
1959 – Monte Carmelo, Waco, 19 de abril de 1993), nascido Vernon Wayne Howell,
foi o líder do Ramo Davidiano, uma seita,
que acreditava ser o seu último profeta. Vernon
Howell mudou legalmente seu nome para David Koresh em 15 de maio de 1990.
Uma investida do Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives, que levou
ao subsequente Cerco de Waco pelo FBI terminou com o incêndio da sede dos
seguidores do Ramo Davidiano, Monte Carmelo, nas adjacências de Waco, Texas.
Koresh, mais 54 adultos e 21 crianças morreram no incêndio.
Início
Koresh nasceu em Houston, Texas, filho de uma mãe solteira de 14 anos, Bonnie
Sue Clark.[1] Seu pai era um rapaz de 20 anos, de nome Bobby Howell. O casal
jamais se casou. Dois meses antes do nascimento de Koresh, seu pai encontrou
outra adolescente e abandonou Bonnie Sue. Koresh nunca conheceu o pai e sua mãe
passou a coabitar com um violento alcoólatra.[1] Em 1963, a mãe de Koresh
abandonou esse homem e deixou o filho, então com 4 anos, sob os cuidados da avó
do menino, Earline Clark. Sua mãe retornou quando ele estava com 7 anos, após o
casamento com um carpinteiro chamado Roy Haldeman. Haldeman e Clark tiveram um
filho chamado Roger, nascido em 1968.
Koresh descreveu sua primeira infância como solitária e se diz que ele teria
sofrido estupro por parte de meninos mais velhos quando estava com 8 anos.[1] Um
mau estudante, antes de ter sido descoberto portador de dislexia, Koresh saiu
cedo da escola. Em consequência de suas baixas habilidades escolares, foi posto
em classes de educação especial e apelidado "Vernie" pelos colegas.[2] Porém,com
11 anos, ele havia memorizado todo o Novo Testamento.[1]
Aos 19 anos, Koresh envolveu-se com uma menina de 15, que acabou grávida.[1] Ele
declarou ter nascido novamente enquanto cristão na
Convenção Batista do Sul e mais tarde juntou-se à igreja frequentada por
sua mãe, a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ali ele
se apaixonou pela filha do pastor e enquanto orava por orientação ele "abriu os
olhos" e alegadamente encontrou a Bíblia aberta no capítulo 34 do livro de
Isaías, convencendo-se de que ali estava um sinal divino, ele aproximou-se do
pastor e disse que Deus queria que ele tivesse a sua filha por esposa. O pastor
rejeitou-o e quando Koresh continuou a persistir na perseguição à filha do
pastor, este expulsou-o da congregação.[1]
Em 1981 ele mudou-se para Waco, Texas, onde se juntou ao
Ramo Davidiano, um grupo religioso originado de um cisma na década de
1950, quando
os membros do grupo Shepherd's Rod desligaram-se eles
próprios da Igreja Adventista do Sétimo Dia na década de 1930. Eles se
estabeleceram num rancho a 16 km (10 milhas) de Waco e deram ao lugar o nome de
"Monte Carmelo", inspirados no Monte Carmelo mencionado na Bíblia, em 1955.
Ascensão à liderança do Ramo Davidiano
Em 1983, Koresh começou a autoproclamar-se profeta. No mesmo ano, Lois Roden -
então líder - autorizou Koresh a passar sua própria mensagem, o que causou
controvérsia no grupo. O filho de Lois Roden, George Roden pretendia ser o
próximo líder do grupo e considerou Koresh um intruso. Quando Koresh anunciou
que Deus o havia instruído para se casar com Rachel Jones (e que então adicionou
Koresh ao nome), houve um curto período de calma em Monte Carmelo, mas isto se
provou apenas temporário. Na luta pelo poder que se seguiu, George Roden,
declarando ter o apoio da maioria do grupo, forçou Koresh e seu grupo a sair de
Monte Carmelo com armas apontadas nas costas.
Koresh e mais 25 seguidores fixaram-se em Palestine, Texas, a 145 km (90 milhas)
de Waco, onde eles viveram sob condições difíceis em ônibus e barracas pelos
dois anos seguintes, nos quais Koresh realizou o recrutamento de novos
seguidores na Califórnia, no Reino Unido, em Israel e na Austrália. Em 1985
Koresh viajou a Israel, onde declarou ter tido uma visão
de que ele próprio era Ciro, o Grande dos dias atuais. O fundador do Ramo
Davidiano, Victor Houteff, queria que isto fosse o desígnio de Deus implementar
e estabelecer o reino davídico na Palestina, em Israel. Koresh também queria ser
instrumento de Deus e estabelecer o reino de David em Jerusalém. Pelo menos até
1990, ele acreditava que o local de seu martírio poderia estar em Israel, mas em
1991 ele convenceu-se de que seu martírio seria nos Estados Unidos. Em vez de
Israel, ele disse que as profecias de Daniel seriam cumpridas em Waco, e que o
Centro de Monte Carmelo era o reino de David.[3]
No acampamento, em Palestine, Texas, Koresh "esforçou-se de modo que todos
acreditassem e confiassem nele, e apenas nele. Todas as ligações anteriores,
fossem elas familiares ou de outra natureza, nada mais significavam. Sua lógica
era a de que se eles tinham que depender de alguém, que então dependessem dele,
Koresh, de modo que ficassem vulneráveis".[4] Nesta época,
ele já havia começado a divulgar a mensagem que ele
próprio era o Cristo, proclamando que ele era "o Filho de Deus, o
cordeiro que poderia abrir os Sete Selos".[3]
Lois Roden faleceu em 1986. Até então Koresh ensinava que a monogamia era a
única forma correta para se viver, mas repentinamente anunciou que a poligamia
era válida para ele. Em março de 1986, Koresh dormiu pela primeira vez com Karen
Doyle, de 14 anos.[5] Ele a tomou como sua segunda esposa. Em agosto do mesmo
ano, Koresh começou a dormir em segredo com Michele Jones, a irmã mais jovem de
sua esposa, então com 12 anos. Em setembro de 1986 Koresh começou a pregar que
ele tinha o direito de possuir 140 esposas, 60 delas como suas "rainhas" e as
demais 80 como suas concubinas, direito esse que teria sido baseado na
interpretação do Cântico de Salomão.[4] Koresh então construiu sua nova
ideologia totalmente em torno de seu "casamento" com Doyle. Essa teologia foi
denominada "Nova Luz", pregando uma doutrina de poligamia para ele mesmo, o que
ele chamou de "A Casa de David". De acordo com essa doutrina, Doyle teria uma
filha chamada Shoshanna, que se casaria com o primogênito de Koresh, Cyrus.
Contudo, Doyle não pôde conceber, e Koresh então transferiu sua atenção à irmã
de sua esposa. O ex-davidiano David Bunds disse que a doutrina poligâmica
pregada por Koresh "despertou seu profundo desejo de ter relações sexuais com
meninas. Depois que ele foi capaz de se convencer de que aquilo era a vontade de
Deus, em seguida, ele foi capaz de ser livre de culpa e de ter relações sexuais
com tantas jovens quantas ele fosse capaz de pôr as mãos".[5]
No final de 1987, o apoio a George Roden's havia declinado. Para recuperá-lo,
ele desafiou Koresh para uma disputa na qual eles levantariam os mortos,
desenterrando um cadáver para fazê-lo. Koresh foi à polícia para acusar Roden de
vilipêndio a cadáver, mas foi-lhe dito que ele deveria ter provas do fato (p.
ex., uma fotografia do cadáver exumado). Koresh retornou a Monte Carmelo
disfarçado, com sete seguidores armados. Todos menos um - que pôde escapar -
foram presos pela polícia local, que tinha sido alertada de um tiroteio.[1]
Quando os xerifes chegaram, eles encontraram Koresh e seis seguidores atirando
com rifles em Roden, também armado. Roden já tinha sido ferido e se escondeu
atrás de uma árvore. O xerife ligou para o telefone da capela e mandou que
Koresh se rendesse.[6] Como consequência do incidente, Koresh e seus seguidores
foram acusados de tentativa de homicídio. No julgamento, o depoimento de Koresh
foi no sentido de que ele fora a Monte Carmelo para conseguir provar a evidência
do vilipêndio a cadáver praticado por Roden. Os seguidores de Koresh foram
absolvidos e no caso de Koresh o julgamento foi cancelado.
Em 1989 Roden assassinou Wayman Dale Adair com um machadada no crânio após Adair
declarar-se o verdadeiro Messias.[7] Roden foi acusado de homicídio e mantido
num hospital psiquiátrico em Vernon, Texas. Em função de Roden possuir uma
dívida tributária de milhares de dólares, Monte Carmelo foi posto à venda.
Koresh e seus seguidores levantaram o dinheiro e compraram a propriedade, que
foi renomeada "Rancho Apocalipse".[1] Roden continuou a atormentar a facção de
Koresh mediante a apresentação de documentos legais enquanto estava preso.
Quando Koresh e seus seguidores compraram Monte Carmelo, eles descobriram que os
inquilinos que tinham alugado a propriedade quando Roden ainda era proprietário
haviam deixado para trás um laboratório de metanfetamina, fato denunciado por
Koresh ao departamento de polícia local e pediu para que fosse removido.[8][9]
Mudança de nome
O nome Koresh é uma transliteração do nome persa de Ciro II, o rei persa que
permitiu aos judeus vitimados pela diáspora feita por Nabucodonosor II da
Babilônia retornassem à sua terra. Durante o cerco, Koresh explicaria aos
negociadores do FBI que (ao menos nas mente dele) "koresh" tinha um significado
mais profundo:
Koresh: "O que Cristo revelou como sendo, de acordo com o quarto selo?"
FBI: "Um cavaleiro sobre um cavalo."
Koresh: "E qual é o seu nome?"
FBI: "Morte."
Koresh: "Agora, você sabe o que significa o nome Koresh?"
FBI: "Prossiga..."
Koresh: "Significa morte."[10]
Koresh ou Khoreich é também um
sobrenome comum entre grupos no sul do Líbano, na Palestina, na Jordânia e na
Arábia Saudita. A tradução para o árabe é "o homem inteligente".
Acusações de abuso infantil e estupro
presumido
Koresh negou todas as acusações de pedofilia e abuso de crianças em entrevistas
pública. A mídia, no entanto, criticava duramente os davidianos e os porta-vozes
do governo dos Estados Unidos contavam histórias pesadas sobre a vida pessoal de
Koresh.
Foi alegado que Koresh advogava a poligamia para si, e dizia ser casado com
várias mulheres da pequena comunidade.[1][6] Alguns ex-membros da seita também
alegaram que Koresh podia requerer qualquer uma das mulheres da comunidade para
si.[1][6]
Em 1993 o relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou
alegações de abuso de crianças e abusos físicos. O agente especial da ATF, David
Aguilera, entrevistou a ex-davidiana Jeannine Bunds, a qual havia dito que
Koresh era o pai de pelo menos 15 crianças com várias mulheres e adolescentes no
grupo. De acordo com Bunds, algumas das moças tornaram-se mães de filhos de
Koresh com idades de até 12 anos. Ela disse ser ela própria mãe de sete dessas
crianças. Bunds também disse que Koresh podia anular todos os casamentos de
membros do grupo por ele liderado. Assim ele tinha acesso sexual exclusivo às
mulheres. Ele também teria tido relações sexuais regulares com moças jovens[11]
Em seu livro, James Tabor afirma que Koresh reconheceu em uma fita de vídeo
enviada do rancho religioso. Ele aí afirma ser o pai de mais de 12 crianças de
diversas "esposas", algumas das quais era jovens de 12 e 13 anos quando se
tornaram gráficas..[12] O teste de ADN realizado em mulheres e crianças que
apareceram no vídeo que morreram no incêndio subsequente confirmaram que, de
fato, algumas das crianças tinham Koresh por pai. Em 3 de março de 1993, durante
negociações para garantir a libertação das crianças remanescentes, Koresh
advertiu o grupo de negociadores: "meus filhos são diferentes das demais
crianças" referindo-se à sua linhagem direta, em oposição às crianças libertadas
anteriormente.
Na época o Texas tinha a idade mínima para casamento com o consentimento
familiar de 14 anos, sendo essa também a idade de consentimento para a
manutenção de relações sexuais. No documentário Waco:The Rules of Engagement,
Jack Harwell, o xerife do Condado de McLennan, declarou:
Kiri Jewell, filha do Ramo Davidiano Sherri Jewell, afirmou em juízo perante o
congresso em 1995 que ela foi molestada sexualmente aos 10 anos por Koresh, o
qual lia para ela a Bíblia. Ela originalmente relatou o incidente uma batalha de
custódia em 1992, e o juíz ordenou que ela se mantivesse distante de Koresh e do
Monte Carmelo.
"Você tem que ter provas para ir ao tribunal... Lembre-se, também, que a maioria
das meninas que estiveram envolvidas tinham pelo menos 14 anos de idade e
meninas com 14 anos de idade podem se casar com o consentimento dos pais.
Portanto, se os pais delas estavam lá e deixaram as coisas acontecerem na forma
de atividade sexual e o que você tem com os seus filhos de 14 anos de idade,
você tem maridos e esposas consuetudinários. Uh, eu não digo que concordo com
isso e que eu aprovo isso. Mas, ao mesmo tempo, se os pais estão lá e eles estão
dando o consentimento parental, temos um problema ao caracterizar o caso".
Kiri Jewell, filha de Sherri Jewell, alegou, em depoimento perante o Congresso
em 1995 que ela foi molestada sexualmente aos 10 anos de idade por Koresh, que,
em seguida, leu para ela a Bíblia. Ela relatou o incidente em 1992, durante uma
audiência judicial em 1992, na qual o juiz ordenou que ela fosse mantida longe
de Koresh e de Monte Carmelo.[13] Embora admitindo que o depoimento de Jewell
pudesse ser verdadeiro, o advogado de Steve Schneider, o braço direito de
Koresh, levantou dúvidas sobre a veracidade do seu depoimento. Em sua aparição
nas audiências em Waco, Jack B. Zimmermann afirmou: "Há dúvidas sobre as
declarações contraditórias que ela fez no passado. Agora, isto pode ser 100 por
cento verdade".
Ataque e cerco
Ver artigo principal: Cerco de Waco
Em 28 de fevereiro de 1993, o Bureau of Alcohol, Tobacco and Firearms (BATF)
atacou a sede de Monte Carmelo. A investida resultou nas mortes de quatro
agentes e seis membros do Ramo Davidiano. Pouco tempo após a investida inicial,
um grupo do FBI, o HRT (Hostage Rescue Team) assumiu o comando da operação
federal, em função de o FBI ter jurisdição sobre incidentes envolvendo morte de
agentes federais. Foi estabelecido contacto com Koresh. Pelos 51 dias seguintes
a comunicação se deu por telefone com vários negociadores do órgão federal.
Como o impasse continuou, Koresh, que foi gravemente ferido por um tiro, junto
com seus líderes mais próximos do sexo masculino negociaram atrasos,
possivelmente para que ele pudesse escrever documentos religiosos. Ele disse que
precisava terminá-los antes que se rendesse. Suas conversas com os negociadores
eram densas no que diz respeito às imagens bíblicas. Os negociadores federais
trataram a situação como uma crise de reféns, apesar de uma fita de duas horas
de vídeo enviada pelos davidianos surgiu mostrando que os adultos, as crianças
mais velhas e os adolescentes explicavam de forma clara e confiante porque
escolheram de livre vontade de permanecer com Koresh.
O cerco a Monte Carmelo, que durou 51 dias, acabou quando a Procuradora-Geral
dos Estados Unidos, Janet Reno, aprovou as recomendações de agentes veteranos do
FBI no sentido de realizar uma investida final, na qual os membros do Ramo
Davidiano seriam removidos do prédio à força. No curso dessa investida, a igreja
da sede pegou fogo após tanques de guerra Bradley colidirem com a estrutura e
serem vistos lançando chamas para dentro da construção de madeira, já a causa do
incêndio de acordo com o Relatório Danforth (Danforth Report), um relatório
realizado com poderes conferidos pelo Conselho Especial, como ação deliberada de
alguns membros da igreja dentro do edifício[14] Embora esta hipóteses seja
discutida no documentário Waco: The Rules of Engagement, que argui que o fogo
foi começado pelo FBI, que atirou um dispositivo incendiário no prédio após
encher o edifício com Gás CS.[15] No julgamento subsequente dos membros
sobreviventes do grupo, o júri ouviu partes editadas de uma gravação feita com
microfones ocultos em Monte Carmelo durante o ataque final e o incêndio de 19 de
abril. Consistiam de sons de estática nos quais se podia ouvir fracamente uma
voz dizendo ". . . fogo . . . ". Um especialista do governo testemunhou que,
através de aprimoramento eletrônico, ele reconstruiu alguns comentários
claramente incriminadores, mesmo que o júri não tenha podido ouvi-los.[16] Mais
tarde foi revelado que o FBI, quando atendeu as demandas de leite para o
bem-estar das crianças, também enviou junto minúsculas aparelhagens de escuta
nas caixas de leite e nos recipientes de isopor.[17]
Barricados em sua sede, 76 membros do Ramo Davidiano, incluindo Koresh, não
sobreviveram ao incêndio. Dezessete dessas vítimas eram crianças e adolescentes
com menos de 17 anos. O relatório Danforth afirma que aqueles que morreram eram
incapazes de fugir ou não queriam fazê-lo e que Steve Schneider, o
braço-direito] de Koresh provavelmente atirou em Koresh e se matou com a mesma
arma. Waco: The Rules of Engagement diz que os atiradores de elite do FBI
atiraram e mataram muitos membros do Ramo Davidiano que conseguiram escapar do
incêndio. Testemunhos dos poucos membros que conseguiram fugir do incêndio
reforçam essa versão. Os registros de autópsias indicam que pelo menos 20
membros do Ramo Davidiano foram mortos por armas de fogo, inclusive 5 crianças.
O relatório Danforth concluiu que os adultos que morreram com tiros atiraram em
si próprios depois de atirarem nas crianças.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Koresh>
David Koresh é mais um exemplo de que, além de não transformar maus em bons,
religião pode resultar em muitas barbaridades.
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