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DECISÃO DO MINISTRO NOVATO CAUSA
PREOCUPAÇÃO
Marco Aurélio chama Nunes Marques de
'novato' e critica liberação de cultos
Nunes Marques atendeu no sábado (03) um pedido feito pela Associação Nacional de
Juristas Evangélicos (Anajure) ao tribunal
Amanda Pupo, Rafael Moraes Moura e Pepita Ortega, do Estadão Conteúdo
04 de abril de 2021 às 12:55 | Atualizado 04 de abril de 2021 às 13:10
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio Mello,
criticou neste domingo (04) a decisão do colega na Corte, Kassio Nunes Marques,
de liberar a realização de cultos e missas no pior momento da pandemia de Covid-19
no País, que já matou 330 mil brasileiros. "Pobre Judiciário", disse o ministro.
Chamado de "novato" por Marco Aurélio, o indicado pelo presidente Jair Bolsonaro
para a vaga no STF em outubro do ano passado atendeu no sábado (03) um pedido
feito pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) ao tribunal.
"O novato, pelo visto, tem expertise no tema. Pobre Supremo, pobre Judiciário. E
atendeu a Associação de juristas evangélicos. Parte legítima para a ADPF (tipo
de processo que discute cumprimento à Constituição)? Aonde vamos parar? Tempos
estranhos!", disse Marco Aurélio à reportagem. O ministro tem aposentadoria
marcada para julho, abrindo uma segunda vaga para indicação de Bolsonaro.
A medida de Nunes Marques - que proíbe Estados e municípios de suspenderem
completamente celebrações - destoa de outras decisões do STF, como a que deu
autonomia para que governadores e prefeitos decretem ações de isolamento.
Com base nisso, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), apontou
ontem que não seguiria a decisão. Nunes Marques reagiu à declaração de Kalil e o
intimou, devendo o prefeito esclarecer em 24 horas as providências tomadas para
seguir o entendimento do ministro.
Não há previsão de o plenário da Corte analisar o tema. A interlocutores, Nunes
Marques alegou que a lógica adotada por Kalil não tem respaldo. Na visão do
ministro, o que o plenário decidiu é que compete aos Estados e à União tomar
medidas para enfrentar a pandemia, sem no entanto avançar na legalidade dos atos
que vêm sendo adotados pelos governantes.
Além da reação de Kalil, a posição de Nunes Marques também foi contestada pelo
partido Cidadania, que pediu ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, que
derrube a decisão do colega. A sigla argumentou que a concessão feita pelo
ministro cria um "verdadeiro privilégio odioso à liberdade de culto" sobre
outras formas de liberdade de associação.
O Cidadania ainda levantou outro ponto polêmico que envolve a decisão de Nunes
Marques, sobre se a Anajure teria ou não direito (legitimidade, no jargão
jurídico) de fazer o pedido à Corte Suprema.
A mesma questão foi citada pelo decano da Corte, Marco Aurélio. "Aonde vamos
parar?", se perguntou o ministro sobre Nunes Marques ter considerado a Anajure
como entidade legítima a recorrer ao STF com tal solicitação.
Em processos que discutem a constitucionalidade de atos e decisões, a Corte
Suprema tem regras sobre quem pode ou não apresentar uma ação desse tipo ao
tribunal. Inicialmente, a Advocacia-Geral da União (AGU) alegou que a Anajure
não tinha legitimidade para pedir a liberação de cultos e missas pelo País.
Responsável por defender judicialmente os interesses do Planalto, que se opõe
publicamente às medidas restritivas impostas por Estados e municípios, a AGU
mudou de posição. Após a decisão de Nunes Marques, o advogado-geral da União,
André Mendonça, enviou uma nova manifestação ao tribunal, agora a favor do
direito da Anajure recorrer ao STF no assunto.
"Considerando o direito fundamental à liberdade de crença, a justificar a
excepcionalidade do caso, registro o entendimento deste Advogado-Geral da União
pela atribuição de legitimidade ativa à Requerente, na linha do distinguishing
deduzido pelo Sr. Ministro Relator em decisão proferida nesta data", escreveu o
advogado-geral da União.
Evangélico, Mendonça é um dos favoritos para assumir a vaga que será aberta em
julho, com a saída de Marco Aurélio. A imagem do AGU, no entanto, está
desgastada com a estratégia do Palácio do Planalto de recorrer à Lei de
Segurança Nacional (LSN) como instrumento para reprimir opiniões negativas e
ácidas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.
<https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/04/04/marco-aurelio-chama-nunes-marque-de-novato-e-critica-liberacao-de-cultos>
É mesmo preocupante.
Enquanto muitas empresas estão em dificuldade financeira ou mesmo indo à
falência devido às medidas para contenção da pandemia, um ministro colocado por
Bolsonaro na corte suprema libera as reuniões religiosas, que, além de
desnecessária, trazem muito maior risco do que o funcionamento de comércio e
serviços. Controlar o distanciamento de clientes nos comércios é muito
mais simples do que do grande número de religiosos que se dispõem a ir às
reuniões religiosas, muitos deles influenciados pelos negacionistas que se opõem
às medidas preventivas. "Pobre Judiciário", disse bem o o Ministro Marco
Aurélio. Pobres brasileiros que estão sujeitos ao risco de termos em breve
uma corte suprema influenciada pelo que há de pior na política deste país.
Ver
OS ANDAMENTOS SUBSEQUENTES NO
PLENÁRIO
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