Ao contrário do que muitos pensam, a depressão não é o fim de tudo. É
possível tratar e prevenir a doença com mudança de hábitos
Marina Alves
Após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), no início deste ano, a vida
do fisioterapeuta Rogério Gomes, 29, mudou. "Perdi os movimentos do braço
esquerdo, parei de trabalhar, dirigir e perdi minha namorada. Ficava calado
e não tinha vontade de fazer nada." Até que Rogério recebeu o diagnóstico:
depressão. Estima-se que, assim como ele, de 8% a 20% das pessoas terão
algum episódio depressivo na vida, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Como em muitos casos, médicos receitaram antidepressivos e terapia para
Rogério. Mas, foi outro "santo remédio" que o ajudou a sair do fundo do
poço. "Os remédios ajudam a controlar a emoção. Mas encontrei estímulo nos
exercícios físicos. Enquanto todos diziam que eu não iria melhorar, as
atividades me deram a perspectiva de uma nova vida." Especialistas
concordam. Há alguns casos de depressão que podem ser tratados sem
medicamentos.
"Quadros mais leves respondem bem à psicoterapia e a tratamentos
homeopáticos e fitoterápicos. A psicoterapia deve sempre estar presente no
combate à depressão. Esses tratamentos também podem ser associados ao método
alopático. Assim como a acupuntura, que é uma especialidade médica", afirma
Sandra Carvalhais, presidente da Associação Mineira de Psiquiatria (AMP).
Rogério comprova os benefícios. Se antes, sair de casa era um sacrifício,
agora o fisioterapeuta frequenta shoppings, cinema, festas. "Antes eu ficava
abalado por qualquer coisa. Fazendo atividades, esqueço os problemas. A
parte física melhorando proporciona mais ânimo para a parte psicológica",
conta.
Tristeza
não é sinônimo de depressão
Levantar da cama com o pé esquerdo, ter a sensação de que tudo está dando
errado na vida e se achar a pessoa mais infeliz do mundo não significa um
quadro depressão. Fabrício Junio Rocha Ribeiro, psicólogo, psicanalista e
professor do Centro Universitário Newton Paiva, afirma que é preciso cautela
para avaliar cada caso. “O diagnóstico de depressão está muito banalizado.
As pessoas acordam tristes e já acham que estão deprimidas.”
Sandra Carvalhais, presidente da Associação Mineira de Psiquiatria (AMP),
concorda que é comum essa confusão entre tristeza e depressão. “Muitos
confundem porque a tristeza faz parte da constelação dos sintomas
depressivos. Mas esse sentimento tende a diminuir com a passagem do tempo,
enquanto o quadro depressivo tende a se agravar sem tratamento. Para a
tristeza não há tratamento médico, mas a elaboração psicológica que cada um
faz à sua maneira com os seu recursos emocionais”, explica. (MA)
Fique atento aos sinais da depressão:
tristeza profunda,
distúrbios do sono,
pensamentos negativos,
desinteresse e apatia,
baixa autoestima,
desleixo com a aparência,
dores físicas,
isolamento,
rejeição,
irritabilidade,
choro frequente,
falta de vontade de fazer atividades simples,
mudanças comportamentais bruscas,
rejeição a determinados assuntos.