OS
DEUSES QUEREM SANGUE
06/04/2012
Desde que o homem
primitivo imaginou existir seres sobrenaturais condutores dos destinos dos seres
naturais, modelando os caracteres desses seres pelos seus próprios, os fez
ávidos por sangue. E essa ideia de justiça primitiva desabou na morte de
deuses para dar vida aos humanos.
O homem
primitivo, em meio à violência da selva, tão constante entre os grupos humanos,
imaginou os deuses à sua própria imagem: severos, vingativos, e justos como
imaginava a si próprio.
Se alguém fizesse
algo errado, teria que pagar por isso, e os deuses exigiam cumprimento da pena.
Para conter a fúria dos deuses era necessário sacrifício, e os deuses, donos da
vida, devia querer que executasse a justiça em algum ser vivo. E, se o
pecador era o homem, algum homem deveria morrer pela vida dos outros.
Assim começava o festival de derramamento de sangue que perdura até hoje.
A alguns deuses
eram sacrificadas dezenas, centenas ou milhares de pessoas todos os anos, para
que sua maldição não caísse sobre toda a humanidade. O mais comum era
sacrificar primogênito (primeiro filho). A bíblia faz várias referências a
pessoas que queimavam seus próprios filhos em honra a Moloque, um dos muitos
deuses adorados no Oriente à época.
Entre os hebreus,
a regra não era sacrificar vidas humanas, mas vidas de determinados animais,
como cordeiros, bezerros e aves. Nas, embora exceção, algumas pessoas eram
sacrificadas a Yavé. Isso ficou registrado no livro de Levíticos:
“Ninguém que
dentre os homens for dedicado irremissivelmente ao Senhor, se poderá resgatar:
será morto.” (Levítico, 27: 29).
Como se vê,
sacrifícios humanos eram proibidos quando oferecidos aos outros deuses; mas ao
deus de Israel era permitido.
E a história dos
juízes refere-se a um caso de sacrifício humano:
"E Jefté fez um
voto ao Senhor, dizendo: Se tu me entregares na mão os amonitas, qualquer
que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, quando eu, vitorioso,
voltar dos amonitas, esse será do Senhor; eu o oferecerei em holocausto."
(Juízes, 11:30, 31).
Jefté teria
prometido dar em sacrifício a Yavé a primeira alma que encontrasse ao retornar
da guerra, e, por ironia do juiz guerreiro, foi a sua própria filha que foi ao seu
encontro, e a promessa foi cumprida (Juízes, 11: 30-39).
Alguns dos vários
povos entre os quais os hebreus viveram havia mitos de alguns deuses que deram a
vida pela salvação do ser humano. E, embora tenha assimilado várias
crenças dos babilônios e persas, permaneceram fieis ao preceito de sacrificar
carneiros, bezerros e aves.
Entretanto, como
sempre há dissidências religiosas e novas religiões surgem a todo tempo, nos
dias do domínio romano surgiu um grupo que mesclou textos dos profetas judeus
com as crenças gentias, criando mais um deus que teria dado a vida em sacrifício
pela salvação da humanidade, em substituição aos sacrifícios de animais.
Nascia aí a religião que dominaria o mundo.
Ver
ORIGEM DO SACRIFÍCIO DE JEUS PELOS PECADOS DO
MUNDO.
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