Poder ajudar é bom. Fazer o bem faz bem. Certo dia, quando
passava por grave perda de memória decorrente de uma meningite, acordei no meio
da madrugada com aquela sensação de que quaisquer coisas que eu fizesse não
teria importância, tudo era inútil, nada me faria sentir bem, tudo seria perda
de tempo. Mas, embora estivesse tão esquecido, me lembrei de que muitas
vezes me senti feliz com alguma coisa que fiz; pensei: é algo passageiro na
minha cabeça; depois voltarei a me sentir bem; procurei me manter calmo,
confiando que aquilo passaria.
Amanheceu; minhas sensações já pareciam normais, fui correr um pouco (não lembro
bem, mas parece que é isso que fui fazer).
O novo dia já não me pareceu inútil como tudo parecia na madrugada.
Depois, fiquei pensando sobre pessoas que sofrem de depressão. Tenho a
impressão de que devem ter o tempo todo aquelas sensações que eu tive naqueles
momentos. Deve ser mesmo muito difícil viver assim. Entretanto, se
conseguirmos fazer com que uma pessoa nessa situação veja alguma coisa por que
valha a pena continuar viva, isso pode fazer bem a ela e a nós também.
Sentindo que hoje, mais de vinte anos depois, continuo superando problemas, acho
que valeu a pena ter pensado positivamente naquele momento.
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