DILMA ROUSEFF
"Dilma Vana Rousseff[2][3] (Belo Horizonte, 14 de
dezembro de 1947) é uma economista e política
brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Foi ministra-chefe da Casa Civil durante o Governo Lula,
e é a candidata do partido à Presidência da República,
em 2010.[4][5]
Nascida em família de classe média alta[5] e educada de
modo tradicional, interessou-se pelos ideais socialistas
durante a juventude, logo após o Golpe Militar de 1964.
Iniciando na militância, passou para a luta armada
contra o regime militar, integrando organizações como o
Comando de Libertação Nacional (COLINA)[5] e a Vanguarda
Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares)[5]. Passou
quase três anos presa entre 1970 e 1972, primeiramente
na Opan (onde passou por sessões de tortura) e depois no
DOPS.[2][5]
Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde junto
com o companheiro por mais de trinta anos, Carlos
Araújo, ajudou na fundação do Partido Democrático
Trabalhista (PDT) e participou ativamente de diversas
campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secretária
municipal da Fazenda de Porto Alegre no governo Alceu
Collares e mais tarde foi secretária estadual de Minas e
Energia, tanto no governo de Alceu Collares como no de
Olívio Dutra, no meio do qual se filiou ao Partido dos
Trabalhadores (PT) em 2001.[5]
Participou da equipe que formulou o plano de governo na
área energética na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva
à Presidência da República em 2002, onde se destacou e
foi indicada para titular do Ministério de Minas e
Energia. Novamente reconhecida por seus méritos técnicos
e gerenciais, foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil
devido ao escândalo do mensalão, crise que levou à
renúncia do então ministro José Dirceu. Foi considerada
pela Revista Época uma dos 100 brasileiros mais
influentes do ano de 2009.[6]
Biografia
Infância e início da juventude
Belo Horizonte, onde Dilma nasceu e viveu até os 21
anos, casou e passou a militar em organizações
clandestinas.
Dilma é filha do advogado e empreendedor búlgaro
naturalizado brasileiro Pedro Rousseff (em búlgaro Петър
Русев, Pétar Russév)[7][8] e da dona-de-casa Dilma Jane
Silva. Seu pai, parente distante do escritor Ran Bosilek[9],
manteve estreita amizade com a poetisa búlgara Elisaveta
Bagriana, foi filiado ao Partido Comunista da
Bulgária[10] e frequentava os círculos literários nos
anos 1920.[11] Chegou ao Brasil no fim da década de
1930, já viúvo (tendo deixado um filho em sua terra
natal, Luben, morto em 2007), mas se mudou para Buenos
Aires e anos depois retornou ao Brasil, fixando-se em
São Paulo, onde prosperou. Em uma viagem a Uberaba
conheceu Dilma Jane Silva, moça fluminense de Nova
Friburgo, professora de vinte anos, criada no interior
de Minas Gerais, onde seus pais eram pecuaristas.
Casaram-se e fixaram residência em Belo Horizonte, onde
tiveram três filhos: Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia
(morta em 1976).[10][12][2]
Pedro Roussef trabalhou para a siderúrgica Mannesmann,
além de construir e vender imóveis. A família vivia em
uma casa espaçosa, servida por três empregadas, onde as
refeições eram servidas à francesa. Os filhos tiveram
uma formação clássica, tendo aulas de piano e francês.
Vencida a resistência inicial da sociedade local contra
os estrangeiros, passaram a frequentar os clubes e as
escolas mais tradicionais.[13] Incentivada pelo pai,
Dilma adquiriu cedo o gosto pela leitura. Falecido em
1962,[2] Pedro Roussef deixou de herança por volta de 15
imóveis de valor.[10]
Régis Debray escreveu Revolução na Revolução, livro que
incentivou Dilma a ingressar na luta armada.
De 1952 a 1954, cursou a pré-escola no colégio Isabela
Hendrix e a partir de 1955 iniciou o ensino fundamental
no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Belo Horizonte.[2]
Em 1964, prestou concurso e ingressou no Colégio
Estadual Central (atual Escola Estadual Governador
Milton Campos), ingressando na primeira série do curso
clássico[2] (ensino médio). Nessa escola pública o
movimento estudantil era ativo, especialmente por conta
do recente golpe militar.[10] De acordo com ela, foi
nesta escola que ficou "bem subversiva" e que percebeu
que o mundo não era para "debutante",[13] iniciando sua
educação política. Ainda em 1964,[2] ingressou na
Política Operária - POLOP, uma organização fundada em
1961, oriunda do Partido Socialista Brasileiro, onde
militou ao lado de José Aníbal.[2] Seus militantes logo
viram-se divididos em relação ao método a ser utilizado
para a implantação do socialismo: enquanto alguns
defendiam a luta pela convocação de uma assembleia
constituinte, outros preferiam a luta armada. Dilma
ficou com o segundo grupo, que deu origem ao Comando de
Libertação Nacional (COLINA)[5]. Para Apolo Heringer,
que foi dirigente do COLINA em 1968 e havia sido
professor de Dilma na escola secundária, a jovem
escolheu a luta armada depois que leu Revolução na
Revolução, de Régis Debray, um francês que havia se
mudado para Cuba e ficado amigo de Fidel Castro. Segundo
Heringer, "O livro incendiou todo mundo, inclusive a
Dilma."[10]
Foi nessa época que conheceu Cláudio Galeno Linhares,
cinco anos mais velho, que também defendia a luta
armada. Galeno ingressara na POLOP em 1962, havia
servido no Exército, participara da sublevação dos
marinheiros por ocasião do golpe militar e fora preso na
Ilha das Cobras. Casaram-se em 1967, apenas no civil,
depois de um ano de namoro.[10][2]
Atuação no COLINA
Segundo companheiros de militância, Dilma teria
desenvoltura e grande capacidade de liderança,
conseguindo impor-se perante homens acostumados a
mandar. Não teria participado diretamente das ações
armadas, pois era conhecida por sua atuação pública,
tendo contatos com sindicatos, dando aulas de marxismo e
responsabilizando-se pelo jornal O Piquete. Apesar
disso, aprendeu a lidar com armamentos e a enfrentar a
polícia.[10]
No início de 1969, o COLINA em Minas Gerais resumia-se a
algumas dezenas de militantes, com pouco dinheiro e
poucas armas. Suas ações haviam se resumido a quatro
assaltos a bancos, alguns carros roubados e dois
atentados a bomba, que não deixaram vítimas. Em 14 de
janeiro, contudo, com a prisão de alguns militantes após
um assalto a banco, outros reuniram-se para discutir
como libertá-los. Ao amanhecer, foram surpreendidos com
a ação da polícia na casa onde estavam e reagiram,
usando uma metralhadora do grupo para matar dois
policiais e ferir um terceiro.[10]
Dilma e Galeno passaram a dormir cada noite em um local
diferente, uma vez que o apartamento em que moravam era
frequentado por um dos líderes da organização que fora
preso. Tiveram que voltar ao apartamento escondidos para
destruir documentos da organização. Ficaram ainda
algumas semanas em Belo Horizonte, tentando reorganizar
o que sobrara do grupo. Cientes que as casas de seus
pais eram vigiadas (a família não conhecia o grau de
envolvimento de Dilma com essas atividades), Galeno
ainda teve que passar por uma mudança física, quando um
retrato falado seu foi divulgado como sendo um dos
participantes do assalto ao banco (o que ele nega). Em
março, o apartamento foi invadido, mas nenhum documento
interno da organização foi encontrado. Perseguidos na
cidade, a organização ordenou que fossem para o Rio de
Janeiro. Dilma tinha 21 anos e concluíra o segundo ano
de Economia.[10]
Há uma perda intrínseca para o país quando essa
experiência de uma juventude que se jogou na luta
democrática, se jogou no combate para construir um país
melhor (…) [é] perdida por morte.
— Dilma Rousseff, em 2008, durante homenagem a onze
ex-alunos da UFMG mortos em decorrência do combate ao
regime militar.[14]
Fernando Pimentel e Dilma tiveram trajetórias parecidas:
ambos mineiros, militantes do COLINA e, perseguidos,
mudaram-se para o Rio de Janeiro.
Era grande a quantidade de mineiros da organização no
Rio (inclusive Fernando Pimentel, que tinha 18 anos
quando a perseguição foi iniciada e recusou-se a seguir
as ordens de seu pai de se entregar ao Exército,
entrando na clandestinidade), não havendo infraestrutura
para abrigar a todos. Dilma e Galeno ficaram um período
na casa de uma tia de Dilma, que imaginava que o casal
estava de férias. Mais tarde, ficaram num pequeno hotel
e então num apartamento, até Galeno ser enviado pela
organização a Porto Alegre. Dilma permaneceu no Rio,
onde ajudava a organização, participando de reuniões e
transportando armas e dinheiro. Nessas reuniões,
conheceu o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de
Araújo, então com 31 anos, por quem se apaixonou e com
quem viria a viver por cerca de 30 anos. Araújo era
chefe da dissidência do Partido Comunista Brasileiro
(PCB, também conhecido como o "Partidão"), e abrigara
Galeno em Porto Alegre. A separação de Galeno foi
pacífica. Como afirmou Galeno, "naquela situação
difícil, nós não tínhamos nenhuma perspectiva de formar
um casal normal."[10]
Araújo era filho de um renomado advogado trabalhista e
havia começado cedo na militância, no PCB. Havia viajado
pela América Latina (inclusive conhecendo Fidel Castro e
Che Guevara) e já havia sido preso por alguns meses em
1964. Com a edição do AI-5, em 1968, ingressou na luta
armada. No início de 1969, passou a tratar da fusão de
seu grupo com o COLINA e a Vanguarda Popular
Revolucionária - VPR, liderada por Carlos Lamarca. Dilma
participou de algumas reuniões sobre essa fusão, que
acabou formalizada em duas conferências em Mongaguá,
dando origem a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR Palmares). Dilma e Araújo estiveram presentes,
assim como Lamarca, que teria ficado com a impressão de
que Dilma era "metida a intelectual". Ela teria
defendido um trabalho político pelas bases, criticando a
visão militarista que era a característica da VPR.[10]
Na VAR Palmares
Carlos Araújo foi escolhido como um dos seis dirigentes
da VAR Palmares, que se autointitulava "uma organização
político-militar de caráter partidário,
marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as
tarefas da guerra revolucionária e da construção do
Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o
poder e construir o socialismo".[10]
Conforme Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da
Oban (Operação Bandeirante), estrutura que integrava o
serviço de inteligência das Forças Armadas (e onde
teriam sido realizados atos de tortura), Dilma era a
grande líder da organização clandestina VAR-Palmares.
Usando vários codinomes, como Estela, Luísa, Maria
Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda,[15] teria recebido
epítetos superlativos dos relatórios da repressão,
definindo-a como "um dos cérebros" dos esquemas
revolucionários. O delegado Newton Fernandes, que
investigou a organização clandestina em São Paulo e
traçou o perfil de dezenas de integrantes, afirma que
Dilma era uma das molas mestras dos esquemas
revolucionários. O promotor que denunciou a organização
a chamou de "Joana d’Arc da subversão", tendo chefiado
greves e assessorado assaltos a bancos.[16] Dilma
ridiculariza a comparação, ressaltando que lhe atribuem
muitas ações, mas que não se lembra de nada.[17] Segundo
Darcy Rodrigues, militante que foi o braço direito de
Carlos Lamarca, Dilma fazia a ligação entre o comando
nacional e os regionais.[15]
Companheiro de Dilma na VAR Palmares, Carlos Minc
sustenta que ela não tinha papel de destaque na
organização, versão contestada por outros.
Conforme divulgado pela Revista Veja, Dilma teria sido a
organizadora, na época, do roubo de um cofre pertencente
ao ex-governador de São Paulo Ademar de Barros
(considerado pela guerrilha como símbolo da
corrupção)[18] em 18 de junho de 1969, na cidade do Rio
de Janeiro, de onde foram subtraídos 2,5 milhões de
dólares.[19] A ação veio a ser a mais espetacular e
rendosa de toda a luta armada.[10] Carlos Minc, que foi
seu colega na organização clandestina VAR-Palmares e
estava entre os militantes que invadiram a casa da
suposta amante do ex-governador, nega a participação de
Dilma, afirmando ainda que é exagerada a versão de que
Dilma era a líder daquela organização, sendo à época uma
participante sem nenhum destaque. Em pelo menos três
ocasiões, Dilma também negou ter participado do
evento.[20][21] Depoimentos e relatórios policiais
indicavam que coube a Dilma administrar o dinheiro,
pagando salários de militantes, encontrar abrigo ao
grupo e comprar um Fusca. Dilma lembra apenas do
automóvel, mas nega que tenha sido a responsável pela
administração do dinheiro.[17][22]
A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o
sequestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e
à época o civil mais poderoso do governo federal. O
suposto sequestro, que deveria ocorrer em dezembro
daquele ano, já havia sido referido no livro "Os
Carbonários", de autoria de Alfredo Sirkis, em 1981.
Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda
Popular Revolucionária e da VAR-Palmares, reconheceu que
coordenou o plano, que era de conhecimento de cinco
membros da cúpula da organização, e que Dilma seria uma
dessas integrantes da cúpula. O sequestro não teria
chegado a ser realizado porque os membros do grupo
começaram a ser capturados semanas antes. Dilma nega
peremptoriamente que tivesse conhecimento do plano e
duvida que alguém realmente se lembre, declarando que
Espinosa fantasiou sobre o assunto.[17][22] Ao tomar
conhecimento das declarações que lhe foram atribuídas,
Espinosa contestou a informação, dizendo que nunca
afirmara que Dilma teve conhecimento do plano, o que, se
ocorreu, foi em termos rápidos e vagos. Afirmou que
Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de
ações militares, sempre tendo uma militância somente
política.[23][24][25]
Mesmo com grande quantidade de dinheiro, a organização
não conseguiu manter a unidade. Em um congresso em
Teresópolis, entre agosto e setembro de 1969, houve uma
grande divisão entre os militaristas, focados na luta
armada, e os "basistas", que defendiam um trabalho de
massas. Dilma estava com o segundo grupo. Enquanto os
primeiros se agruparam na VPR militarista, liderados por
Lamarca, Dilma ficou no segundo grupo, a VAR Palmares "basista".
Houve disputa pelo dinheiro do grande assalto e pelas
armas.[10]
Após a divisão, Dilma foi enviada a São Paulo, onde
esteve encarregada de manter em segurança as armas que
couberam a seu grupo. Evitando mantê-las em apartamentos
sem a segurança necessária, ela e uma amiga (Maria
Celeste Martins, décadas mais tarde sua assessora na
Casa Civil) mudaram-se para uma pensão simples na zona
leste da cidade, com banheiro coletivo, escondendo o
arsenal debaixo da cama.[10]
Prisão
Após um ano de clandestinidade, saindo de Belo Horizonte
em janeiro de 1969, passando pelo Rio de Janeiro e mais
tarde São Paulo, Dilma foi capturada na Rua Augusta em
janeiro de 1970.
Uma série de prisões de militantes conseguiu capturar
José Olavo Leite Ribeiro, que encontrava-se três vezes
por semana com Dilma. Conforme o relato de Ribeiro, após
um dia de tortura, revelou o lugar onde se encontraria
com outro militante, em um bar na Rua Augusta. Em 16 de
janeiro de 1970, obrigado a ir ao local acompanhado de
policiais disfarçados, seu colega também foi capturado
e, quando já se preparavam para deixar o local, Dilma,
que não estava sendo esperada, chegou. Percebendo que
algo estava errado, Dilma tentou sair do local sem ser
notada. Desconfiados, os policiais a abordaram e
encontraram-na armada. "Se não fosse a arma, é possível
que conseguisse escapar", ressalta Ribeiro.[10]
Foi levada para a Operação Bandeirante (Oban), no mesmo
local onde cinco anos depois Vladimir Herzog perderia a
vida. Teria sido torturada por vinte e dois dias[26] com
palmatória, socos, pau-de-arara, choques elétricos.
Conforme Maria Luísa Belloque, uma companheira de cela,
"A Dilma levou choque até com fiação de carro. Fora
cadeira do dragão, pau-de-arara e choque pra todo lado".
No meio militar, há quem veja o relato de Dilma com
ironia e descrédito, especialmente quanto à
possibilidade de alguém sobreviver a vinte e dois dias
de tortura.[27] Posteriormente, Dilma denunciou as
torturas em processos judiciais, inclusive dando nome de
militares que participaram dos atos, como o capitão do
Exército Benoni de Arruda Albernaz, referido por
diversas outras pessoas. Ainda que tenha revelado o nome
de alguns militantes, conseguiu preservar Carlos Araújo
(que só viria a ser preso vários meses depois) e sua
ajudante no recolhimento das armas, Maria Celeste
Martins.[10] Seu nome estava numa lista, encontrada na
casa de Carlos Lamarca, com presos a que se daria
prioridade para serem trocados por sequestrados, mas
nunca foi trocada e cumpriu a pena regularmente.[28]
Portal do presídio Tiradentes, onde Dilma cumpriu sua
pena. Ao ser demolido, preservou-se o portal, que foi tombado "pelo
valor simbólico que representa na luta contra o arbítrio e a violência
institucionalizadas em nosso país em passado recente".[29]
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Carlos Araújo foi preso em 12 de agosto de 1970. Durante
o período em que Dilma esteve presa, Araújo teve um
rápido romance com a atriz e simpatizante da organização
Bete Mendes. Ao ser preso, encontrou com Dilma em
algumas ocasiões, nos deslocamentos relativos aos
processos militares que ambos respondiam. Ficaram alguns
meses no mesmo presídio Tiradentes, em São Paulo,
inclusive com visitas íntimas, onde se reconciliaram,
planejando reatarem a vida conjugal após a prisão.[10]
Em dezembro de 2006, a Comissão Especial de Reparação da
Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de
Janeiro aprovou um pedido de indenização por parte de
Dilma e outras dezoito pessoas presas em dependências de
órgãos policiais do governo estadual paulista na década
de 1970.[30] Em seu processo, foi fundamental o
depoimento de Vânia Abrantes, que esteve com ela na
mesma viatura policial em uma viagem de São Paulo para o
Rio de Janeiro (Vânia era a companheira de Carlos Araújo
quando ele e Dilma começaram seu relacionamento).[10]
Pediu ainda indenização nos estados de São Paulo e Minas
Gerais, pois além de ser presa em São Paulo, foi levada
a interrogatório em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro.
Também pediu indenização ao governo federal. Nos três
estados, as indenizações, fixadas em lei, podem chegar
somadas a 72 mil reais. Conforme a assessoria de Dilma,
os pedidos tem um caráter simbólico, além do que teria
solicitado que os processos só fossem julgados após seu
afastamento dos cargos públicos.[31]
No dia 5 de abril de 2009, a Folha de S. Paulo publicou,
ao lado de uma reportagem sobre o suposto plano da
VAR-Palmares para sequestrar o então ministro Antonio
Delfim Netto, uma falsa ficha criminal de Dilma Rousseff,
que o jornal alegou ter obtido junto ao arquivo do
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Diante
da contestação de Dilma, que apresentou inclusive
perícias comprovando a fraude, o jornal admitiu que não
obteve a ficha junto ao DOPS, mas via e-mail, declarando
"não poder atestar sua veracidade". A ficha está
disponível no site Ternuma.[32][nota
1][17][33][34][35][36]
Dilma foi condenada em primeira instância a seis anos de
prisão. Já havia cumprido três quando o Superior
Tribunal Militar reduziu sua condenação a dois anos e um
mês. Teve também seus direitos políticos cassados por
dezoito anos.[31]
Eu não vou esconder o que eu fui e não
tenho uma avaliação negativa. (…) Tenho uma visão
bastante realista daquele período. Eu tinha 22 anos, o
mundo era outro, o Brasil era outro. Muita coisa a gente
aprendeu. Não tem similaridade o que eu acho da vida
hoje.
— Dilma, em 2005, falando sobre suas atividades durante
a luta armada.[37]
Mudança para Porto Alegre
Dilma saiu do Presídio Tiradentes no fim de 1972, com 57
kg, dez quilos mais magra e com uma disfunção na
tireoide.[38] Havia sido condenada em alguns processos e
absolvida em outros. Passou um período com sua família
em Minas Gerais para se recuperar, ficou algum tempo com
uma tia em São Paulo e depois mudou-se para Porto
Alegre, onde Carlos Araújo cumpria os últimos meses de
sua pena. Ficou na casa dos sogros, de onde se avistava
o presídio onde estava Araújo. Dilma o visitava com
frequência, levando jornais e até livros políticos,
disfarçados de romances. Desativado o Presídio da ilha
das Pedras Brancas, Araújo cumpriu o restante da pena no
Presídio Central. O prestigiado advogado Afrânio Araújo,
pai de Carlos, faleceu em junho de 1974, o que levou
amigos juristas a pressionarem a solução para a prisão
de Carlos, que acabou libertado uma semana
depois.[10][38]
Foi em Porto Alegre que Dilma iniciou sua carreira
pública, cidade em que se radicou para acompanhar Carlos
Araújo, três vezes eleito deputado estadual.
Punida por subversão de acordo com o Decreto-lei 477,
considerado o AI-5 das universidades, havia sido expulsa
da Universidade Federal de Minas Gerais e impedida de
retomar seus estudos naquela universidade em 1973,[39] o
que fez Dilma prestar vestibular para Ciências
Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Graduou-se em 1977, não tendo participado ativamente do
movimento estudantil. No ano anterior, em março, nasceu
sua única filha, Paula Rousseff Araújo. Sua primeira
atividade remunerada após sair da prisão foi de
estagiária na Fundação de Economia e Estatística - FEE,
vinculada ao governo do Rio Grande do Sul.[38]
A militância política, desta vez dentro da legalidade,
foi reiniciada no Instituto de Estudos Políticos e
Sociais (IEPES), ligado ao único partido legalizado de
oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Mesmo não tendo se filiado ao partido, Dilma organizava
debates no instituto, que recebia palestras de
intelectuais como Francisco de Oliveira, Fernando
Henrique Cardoso e Francisco Weffort. Em 1976, Araújo e
Dilma trabalharam na campanha a vereador de Glênio
Peres, pelo MDB. Embora eleito, Peres foi cassado por
denunciar torturas em um discurso. Em novembro de 1977,
o nome de Dilma foi divulgado no jornal O Estado de S.Paulo como sendo um dos 97 subversivos infiltrados na
máquina pública. A relação havia sido elaborada pelo
Ministro do Exército demissionário, Sílvio Frota, que
havia resumido os antecedentes políticos dos listados.
Dilma, qualificada como militante da VAR Palmares e do
COLINA e "amasiada com o subversivo" Carlos Araújo, foi
exonerada da FEE, sendo anistiada mais tarde.[38]
A partir de 1978, Dilma passou a frequentar a
Universidade Estadual de Campinas, com a intenção de
cursar mestrado. Nessa época, participava de um grupo de
discussão em São Paulo com outros ex-integrantes da VAR
Palmares, dentre os quais Rui Falcão, Antonio Roberto
Espinosa, seu companheiro de prisão e, eventualmente,
Carlos Araújo. Com reuniões trimestrais, o grupo durou
cerca de dois anos, lendo obras de Marx, Poulantzas e
Althusser, discutindo o melhor momento de retomar a
atividade política. Sobre a polêmica a respeito de sua
titulação, Dilma declarou que "Fiz o curso de mestrado,
mas não o concluí e não fiz dissertação. Foi por isso
que voltei à universidade para fazer o doutorado. E aí
eu virei ministra e não concluí o doutorado." A
universidade informa que ela nunca se matriculou
oficialmente no mestrado.[38]
Carreira política
Com o fim do bipartidarismo, participou junto com Carlos
Araújo dos esforços de Leonel Brizola para a recriação
do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Após a perda da
sigla para o grupo de Ivete Vargas, participou da
fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT).[38]
Araújo foi eleito deputado estadual em 1982, 1986 e
1990. Foi também duas vezes candidato a prefeito de
Porto Alegre, perdendo para os petistas Olívio Dutra, em
1988, e Tarso Genro, em 1992. Dilma conseguiu seu
segundo emprego na primeira metade dos anos 1980 como
assessora da bancada do PDT na assembleia legislativa do
Rio Grande do Sul.[38]
Secretária Municipal da Fazenda
Alceu Collares escolheu Dilma como secretária tanto na
prefeitura de Porto Alegre como no governo do Rio Grande
do Sul.
Araújo e Dilma dedicaram-se com afinco na campanha de
Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre, em 1985,
sendo que em sua casa foi preparada grande parte da
campanha e do programa de governo. Eleito prefeito,
Collares a nomeou titular da Secretaria Municipal da
Fazenda, seu primeiro cargo executivo. Collares
reconhece a influência de Araújo na indicação, mas
ressalta que também contribuiu a competência de
Dilma.[38]
Na campanha do pedetista Aldo Pinto para o governo do
estado em 1986, Dilma foi uma grande assessora. O
candidato a vice na chapa era Nelson Marchezan, um dos
mais destacados civis apoiadores da ditadura militar.
Ainda que tenham sido amplamente derrotados pelo
candidato do PMDB, Pedro Simon, vinte anos depois Dilma
ainda justifica a polêmica aliança: "Marchezan foi líder
da ditadura, mas nunca foi um 'enragé'. A ala Marchezan
era a ala da pequena propriedade radicalizada. E ele era
um cara ético."[38]
Dilma permaneceu à frente da Secretaria da Fazenda até
1988, quando se afastou para se dedicar à campanha de
Araújo à prefeitura de Porto Alegre. Foi substituída por
Políbio Braga, que conta que Dilma tentara convencê-lo a
não assumir o cargo, aconselhando-o: "Não assume não,
que isso pode manchar a tua biografia. Eu não consigo
controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a
minha." Enquanto Collares lembra da gestão de Dilma como
exemplo de competência e transparência, Políbio Braga
discorda, lembrando que "ela não deixou sequer um
relatório, e a secretaria era um caos."[38]
A derrota de Araújo na candidatura a prefeito alijou o
PDT dos cargos executivos. Em 1989, contudo, Dilma foi
nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto
Alegre, mas acabou demitida do cargo pelo presidente da
casa, vereador Valdir Fraga, porque chegava tarde ao
trabalho. Conforme Fraga, "eu a exonerei porque houve um
problema com o relógio de ponto."[38]
Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações
Em 1990, Alceu Collares foi eleito governador, indicando
Dilma para presidente da Fundação de Economia e
Estatística, onde ela estagiara na década de 1970.
Permaneceu ali até fim de 1993, quando foi nomeada
Secretária de Energia, Minas e Comunicações, sustentada
pela influência de Carlos Araújo e seu grupo
político.[38]
Permaneceu no cargo até final de 1994, época em que seu
relacionamento com Araújo chegou ao fim, abalado pela
descoberta da gravidez da mãe de Rodrigo, nascido em
1995. Depois reconciliaram-se e permaneceram juntos até
2000, quando Dilma foi morar só em um apartamento
alugado.[38]
Como secretária estadual no governo de Olívio Dutra,
Dilma participou da elaboração do programa energético do
candidato Lula, sendo então indicada a ministra.
Em 1995, terminado o mandato de Alceu Collares, Dilma
afastou-se dos cargos políticos e retornou à FEE, onde
foi editora da revista Indicadores Econômicos. Foi nesse
intervalo que matriculou-se oficialmente no curso de
doutorado da Unicamp, em 1998.[38]
Em 1998, o petista Olívio Dutra ganhou as eleições para
o governo gaúcho com o apoio do PDT no segundo turno, e
Dilma retornou à Secretaria de Minas e Energia. Conforme
Olívio, "Eu já a conhecia e respeitava. E a nomeei
também porque ela estava numa posição mais à esquerda no
PDT, menos populista."[38]
O PDT ganhara alguns cargos no primeiro escalão, mas
Leonel Brizola entendia que seu partido tinha muito
pouco espaço no governo, administrando uma parcela
ínfima do orçamento. Não conseguindo mais espaço, os
pedetistas foram pressionados a entregar seus cargos. A
composição da chapa para a prefeitura de Porto Alegre
nas eleições de 2000 também acentuou a briga entre os
dois partidos, onde o PDT indicava Alceu Collares e o
PT, Tarso Genro. Dilma defendeu a manutenção da aliança
que elegera Olívio Dutra, passando a apoiar a
candidatura de Tarso Genro, alegando que não aceitava
"alianças neoliberais e de direita", mesmo tendo
defendido a aliança com Marchezan, homem da ditadura
militar, na eleição de 1986. Tarso Genro venceu Alceu
Collares no segundo turno e Dilma filiou-se ao PT.
Brizola acusou todos os que deixaram o partido de
traidores: "Venderam-se por um prato de lentilhas".[38]
Na sua gestão na Secretaria de Minas e Energia do
governo Olívio Dutra, a capacidade de atendimento do
setor elétrico aumentou 46%,[38] devido a um programa
emergencial de obras onde participaram estatais e
empresas privadas. Em janeiro de 1999, Dilma viaja a
Brasília e alerta as autoridades do setor elétrico de
que, se não forem feitos investimentos em geração e
transmissão de energia, os cortes que o Rio Grande do
Sul enfrentou no início de sua gestão seriam verificados
no resto do país.[40] Na crise do apagão elétrico no
final do governo Fernando Henrique Cardoso, os três
estados da Região Sul não foram atingidos, não sendo
imposto qualquer racionamento, pois não houve estiagem
na região. Mesmo assim, houve economia voluntária de
energia e Dilma tentou obter uma compensação, como era
concedido nas demais regiões. O governo federal não
cedeu e Dilma conseguiu contemporizar junto à iniciativa
privada gaúcha. Conforme Pedro Parente, chefe da Casa
Civil no governo FHC, "Ela era pragmática, objetiva e
demonstrou que tinha um diálogo fluido com o setor
empresarial."[38]
Ministra de Minas e Energia
Lula ficou bem impressionado com a "companheira com um
computadorzinho na mão".
Os assuntos relacionados à área de minas e energia na
plataforma do candidato Lula eram discutidos em reuniões
coordenadas pelo físico e engenheiro nuclear Luiz
Pinguelli Rosa. Outro destaque do grupo era Ildo Sauer,
sendo ambos totalmente contrários às privatizações no
setor, que em sua visão eram as responsáveis pelos
problemas energéticos que o país passava. Dilma foi
convidada por Pinguelli a participar do grupo em junho
de 2001, onde chegou tímida para integrar uma equipe com
vários professores, mas logo se sobressaiu com sua
objetividade e bom conhecimento do setor. Para todos no
grupo, contudo, era evidente que Pinguelli seria o
ministro de Minas e Energia, caso Lula vencesse a
eleição em 2002.[38]
Foi grande a surpresa quando Lula, eleito, escolheu
Dilma para titular da pasta. Segundo declarou: "Já
próximo de 2002, aparece por lá uma companheira com um
computadorzinho na mão. Começamos a discutir e percebi
que ela tinha um diferencial dos demais que estavam ali
porque ela vinha com a praticidade do exercício da
Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Aí
eu fiquei pensando: acho que já encontrei a minha
ministra aqui."[38] Teria pesado muito a simpatia que
Antonio Palocci nutria por Dilma, reconhecendo que teria
trânsito muito mais fácil junto ao setor privado do que
Pinguelli, além de ter apoiado a Carta aos Brasileiros,
concordando com as mudanças no partido. Olívio Dutra diz
que também foi consultado e elogiou os méritos técnicos
de sua secretária de Minas e Energia. "Posso ter pesado
um pouco na balança naquele momento, mas, da transição
para frente, o mérito é todo da Dilma." Já ministra,
aproximou-se muito de José Dirceu, então chefe da Casa
Civil.[38]
Dilma durante período no Ministério de Minas e Energia
Sua gestão no ministério foi marcada pelo respeito aos
contratos da gestão anterior, pelos esforços em evitar
um novo apagão e pela implantação de um modelo elétrico
menos concentrado nas mãos do Estado, diferentemente do
que queriam Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer. Quanto ao
mercado livre de energia, Dilma não só o manteve como o
ampliou. José Luiz Alquéres, presidente da Light, elogia
o modelo implantado por Dilma, que está ajudando o
segmento, criticando apenas a demora, que na sua visão é
culpa da máquina governamental.[38] Convicta de que
investimentos urgentes em geração de energia elétrica
deveriam ser feitos para que o país não sofresse um
apagão já em 2009, Dilma travou sério embate com a
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que defendia o
embargo a várias obras, preocupada com o desequilíbrio
ecológico que poderiam causar. José Dirceu, à época
ministro-chefe da Casa Civil, teve que criar uma equipe
de mediadores entre as ministras para tentar resolver as
disputas.[41]
Amigo de Lula, Pinguelli foi nomeado presidente da
Eletrobrás e protagonizou grandes divergências com a
ministra, chegando a colocar o cargo à disposição.
Ironizava as oscilações de humor de Dilma: "Essa moça
formata o disquete a cada semana." Pinguelli por fim
deixou o governo. Mauricio Tolmasquim, que na equipe de
transição tinha uma visão do setor mais próxima a de
Dilma, foi convidado por ela para ser o
secretário-executivo do ministério. Declarou que à
medida que foram se conhecendo melhor, Dilma passou a
gritar de vez em quando com ele: "É o jeito dela. Não é
pessoal. E em cinco minutos fica tudo bem." Ildo Sauer
também se desentendeu com a ministra, que rechaçara suas
ideias sobre um modelo estatizante. Tendo assumido a
direção de gás e energia da Petrobrás, divergiu, assim
como o presidente da empresa, Sergio Gabrielli, várias
vezes da ministra, sendo necessário até mesmo a
intervenção de Lula. Sauer deixou a empresa em 2007.
Outro que teve desentendimentos com a ministra sobre
questões de energia foi o ex-deputado federal Luciano
Zica. Para ele, "a Dilma é a pessoa mais democrática do
mundo, desde que se concorde 100% com ela."[38]
Ao assumir o ministério, Dilma defendeu uma nova
política industrial para o governo, fazendo com que as
compras de plataformas pela PETROBRAS tivessem um
conteúdo nacional mínimo, que poderiam gerar 30 mil
novos empregos no país. Argumentou que não era possível
que uma obra de 1 bilhão de reais não fosse feita no
Brasil.[42] As licitações para as plataformas P-51 e
P-52 foram, então, as primeiras no país a exigirem um
conteúdo nacional mínimo.[43] Houve críticas à
exigência, sob o fundamento de que isso aumentaria os
custos da Petrobrás.,[44] mas Dilma defendeu a
capacidade do país de produzir navios e plataformas,
afirmando que a nacionalização, que variava entre 15 e
18% passou a ser de mais de 60%.[45] Lula reconheceu
que, visto apenas sob a ótica da empresa, o custo foi
maior, mas não se deveria mirar apenas o custo imediato,
mas o fortalecimento da ciência e tecnologia
nacionais.[46] Em 2008, a indústria naval passou a
empregar 40 mil pessoas, em comparação às 500 pessoas
empregadas em meados da década de 1990, fato que seria
decorrente da exigência de nacionalização,[46] levando a
indústria naval à condição de sexta maior do mundo em
2009.[47]
Luz Para Todos
Dilma propôs acelerar as metas de universalização do
acesso à energia elétrica, que tinha como prazo final
2015, propondo que 1,4 milhões de domicílios rurais
fossem iluminados até 2006. Argumentou que a
universalização era uma meta de inclusão social, devendo
fazer parte de programas como o Fome Zero, não sendo
possível supor que seja um programa que dê retorno
financeiro[48] No governo anterior, havia sido lançado o
programa "Luz no Campo", com o objetivo de incentivar o
agronegócio e prevendo o custeio pelo beneficiário,
sendo que o programa governamental propunha-se a
financiar o custo. A meta daquele programa era atender
um milhão de famílias, mas até o início de 2003 pouco
mais da metade haviam sido atendidas.[49] Conforme
Dilma, o programa anterior só obteve resultados nos
estados onde os governos locais subsidiaram a
população.[50] Defendeu, então, um programa altamente
subsidiado pelo governo, que não deveria apenas
financiar, mas custear a universalização.[51] O
subsidio, por outro lado, deveria ser para o consumidor
final, não para as empresas.[50]
O programa foi lançado em novembro de 2003, com o nome
"Luz Para Todos",[52] concentrado em beneficiar regiões
de baixo índice de desenvolvimento humano e famílias com
renda até três salários mínimos.[49] A meta do programa
era atender até 2008 dois milhões de famílias.[52] Em
abril de 2008, o governo ampliou o programa, prevendo-o
até 2010, para beneficiar outros 1,17 milhões de
famílias.[53] Em outubro de 2008, Dilma reconheceu que o
governo não conseguiria cumprir a meta a tempo, restando
100 mil famílias para serem atendidas em 2009.[54] A
Região Nordeste concentrou 49% das ligações do programa,
que representou, de janeiro de 2005 a maio de 2008,
37,8% de todas as novas ligações elétricas na região,
fazendo com que o Nordeste pela primeira vez
ultrapassasse a Região Sul no consumo de energia
elétrica.[55]
Ministra-Chefe da Casa Civil
O encontro entre Barack Obama (Presidente dos Estados
Unidos da América), Lula (Presidente do Brasil) e Dilma
em março de 2009.
Dilma acompanha Lula em cerimônia para anunciar
liberação de recursos na Paraíba.
Como ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef tinha o
apoio de dois dos principais ministros do governo Lula:
Antonio Palocci e José Dirceu. Quando Dirceu saiu do
ministério devido ao escândalo do mensalão, ao invés de
ficar enfraquecida, Lula surpreendeu escolhendo Dilma
para a chefia da Casa Civil. Para Gilberto Carvalho,
secretário particular do presidente, Dilma chamou a
atenção de Lula pela coragem de encarar situações
difíceis e pela capacidade técnica. Franklin Martins,
outro guerrilheiro que virou ministro, afirmou que Lula
teria ficado bem impressionado com a gestão de Dilma nas
Minas e Energia, evitando outro apagão: "Lula percebeu
que ela fazia as coisas andarem." Também evitaria a
disputa entre Palocci e Dirceu para sucedê-lo, já que
Dilma não tinha essa ambição, era nova no partido e, por
não pertencer a nenhuma ala, transitava por todas. Dilma
revelou a Gilberto Carvalho que a indicação para a Casa
Civil foi uma surpresa muito maior do que quando fora
indicada para a pasta de Minas e Energia.[38] De acordo
com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), desde que Dilma
assumiu o ministério, "a seriedade está se impondo" na
Casa Civil.[56]
O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo encaminhou
ao Departamento de Estado, logo após a posse de Dilma na
Casa Civil, um dossiê traçando seu perfil detalhado,
falando de seu passado como guerrilheira, gostos e
hábitos pessoais e características profissionais, sendo
descrita como técnica prestigiada e detalhista, com fama
de workaholic e com grande capacidade de ouvir, mas com
falta de tato político, dirigindo-se às vezes, conforme
relatos de um assessor graduado, diretamente aos
técnicos ao invés de seus superiores.[57][58]
Dossiê da Casa Civil
Em virtude do escândalo dos cartões corporativos, que
eclodiu em janeiro de 2008, atingindo o governo federal
e causando a demissão da ministra de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a
oposição entrou com um pedido para a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito para investigações
mais aprofundadas.
Em 22 de março de 2008, uma reportagem publicada pela
Revista Veja revelou que o Palácio do Planalto montou um
dossiê que detalhava gastos da família de FHC. A matéria
diz que os documentos estariam sendo usados para
intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. A
Casa Civil negou a existência de tal dossiê,
apresentando no espaço de 15 dias três versões
diferentes sobre o assunto, todas depois desmentidas
pela imprensa.[59] Em 28 de março, foi a vez do jornal
Folha de S. Paulo publicar uma reportagem revelando que
a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves
Guerra, deu a ordem para a organização do dossiê. Em
entrevista coletiva em 4 de abril, Dilma reconheceu a
feitura do banco de dados, mas descartou a conotação
política do mesmo. Disse que o vazamento de informações
e papéis federais é crime e que uma comissão de
inquérito interna iria apurar o fato. Em 7 de abril, a
Polícia Federal (PF) decidiu investigar o caso.
Em 7 de maio, em audiência na Comissão de
Infra-Estrutura do Senado Federal, respondeu questões
relativas ao "dossiê".[60]
Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa
que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega
os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na
tortura, senador.
— Em resposta ao senador José Agripino Maia (DEM/RN). O
senador sugeriu que, por ter mentido no período em que
esteve presa durante a ditadura, também poderia estar
mentindo sobre o vazamento de dados que formaram o
dossiê sobre os gastos de FHC.[60]
As investigações da PF concluíram que o responsável pelo
vazamento foi o funcionário da Casa Civil José Aparecido
Nunes, subordinado de Erenice Guerra então secretária
executiva de Dilma Rousseff e atual ministra da casa
civil[61]. Ele enviou passagens do dossiê para o
assessor do senador Álvaro Dias, André Fernandes,[62]
confirmando que o dossiê existiu.
Caso Varig
Em junho de 2008, a ex-diretora da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu afirmou em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que a Casa
Civil favoreceu a venda da VarigLog e da Varig ao fundo
norte-americano Matlin Patterson e aos três sócios
brasileiros.[63]
Abreu, que deixou o cargo em agosto de 2007, sob
acusações feitas durante a CPI do Apagão Aéreo, relatou
que a ministra Dilma Rousseff e a secretária-executiva
da Casa Civil, Erenice Guerra, a pressionaram a tomar
decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig.
Segundo ela, Dilma a desestimulou a pedir documentos que
comprovassem a capacidade financeira dos três sócios
(Marco Antônio Audi, Luís Eduardo Gallo e Marcos Haftel)
para comprar a empresa, já que a lei proíbe estrangeiros
de possuir mais de 20% do capital das companhias
aéreas.[64]
Dilma negou as acusações e Denise Abreu não apresentou
nenhum documento ou prova que sustentasse suas
acusações.[65]
Programa de Aceleração do Crescimento
Dilma e Lula durante cerimônia de lançamento do PAC da
Habitação.
Dilma Rousseff é considerada pelo governo a gerente do
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Lula também
a chamou de "mãe" do PAC, designando-a responsável pelo
programa em todo o país e informando que a população
deve cobrar dela o andamento das obras. [66][67] Quanto
ao ritmo das obras, Dilma alegou que o país não tem o
elevado grau de eficiência da Suíça, mas tem conseguido
acelerar os maiores projetos.[68]
Candidata às eleições de 2010
Ver artigo principal: Eleição presidencial brasileira de
2010
Em abril de 2007, Dilma já era apontada como possível
candidata à presidência da República.[69] No mês
seguinte, Dilma afirmou que era simpática à ideia.[70]
Em outubro do mesmo ano, jornais estrangeiros, como o
argentino La Nación e o espanhol El País, já indicavam
que ela era um nome forte à sucessão de Lula.[71][72]
Lula passou a fazer uma superexposição de Dilma para
testar seu potencial como candidata.[73] Em abril de
2008, a The Economist indicava que sua candidatura não
parecia ainda viável, pois era pouco conhecida, ainda
que fosse a ministra mais poderosa de Lula.[74]
Em dezembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que jamais conversara com Dilma Rousseff
sobre sua possível candidatura para as eleições
presidenciais de 2010, dizendo ter apenas insinuado.
Para Lula, Dilma é a "pessoa mais gabaritada" para
sucedê-lo.[75] Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram
acusados pela oposição de estarem fazendo propaganda
eleitoral antes do prazo[76] durante visitas feitas pelo
Presidente às obras de Transposição do Rio São
Francisco. O episódio ganhou mais notoriedade quando o
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes,
comentou o caso.[77]
Suposto dossiê
O delegado Onézimo das Graças Sousa, aposentado do
Departamento de Polícia Federal, segundo reportagem da
Folha de S.Paulo alega ter participado de um encontro
com os coordenadores da campanha eleitoral de Dilma
Rousseff para a criação de um dossiê contra o também
candidato José Serra.[78] Onésimo diz que recusou-se a
fazer o que lhe foi pedido e denunciou os "fatos" para a
imprensa. Em depoimento no dia 17 de junho de 2010 para
a Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do
Congresso Nacional Brasileiro, afirmou ter sofrido
ameaça de morte por revelar esse plano para a confecção
do dossiê.[79]
Em uma segunda matéria publicada em 19 de junho de 2010,
a Folha de S. Paulo afirmou que dados da declaração de
imposto de renda do presidente do PSDB, Eduardo Jorge,
oriundos do sistema da Receita Federal, haviam sido
levantados por um "grupo de inteligência" da
pré-campanha de Dilma Rousseff. Os papéis também
integrariam o suposto dossiê supracitado que, segundo a
Folha, teria sido montado com o aval de uma ala da
pré-campanha presidencial petista.[80][81]
Dois dias após a publicação da reportagem, a direção
nacional do PT divulgou nota negando qualquer
participação do partido no episódio. No dia 13 de julho
de 2010, em depoimento à CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça) do Senado onde foi convocado a se explicar
sobre o caso, o secretário da Receita Federal, Otacílio
Cartaxo, confirmou o acesso aos dados fiscais protegidos
por sigilo do vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo
Jorge, mas se recusou a apontar o nome dos responsáveis,
mesmo se a sessão fosse transformada em secreta.[82][83]
Após o depoimento de Cartaxo, o deputado federal Raul
Jungmann (PPS-PE) informou que ingressará com
representação no Ministério Público Federal (MPF) contra
o secretário da Receita Federal, por crime de
prevaricação. O deputado acusou o PT de utilizar o
aparato do governo federal para atacar a oposição -
"Primeiro foi o caso do caseiro Francenildo Costa.
Agora, a Receita Federal está envolvida em outro
escândalo. A transparência é fundamental nessa
investigação".[84]
Reportagem publicada pela revista Carta Capital em junho
de 2006 afirma que o suposto dossiê seria, na verdade,
um livro ainda não publicado, intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, acerca
de supostos escândalos envolvendo privatizações,
propinas, lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro
público em gestões do PSDB. Ainda segundo a Carta
Capital, Onésimo, especialista em contraespionagem,
teria oferecido ao PT serviços de vigilância e
rastreamento de escutas telefônicas, mas foi
descartado.[85] Em entrevista ao programa Roda Viva,
Dilma afirmou, sobre as alegações da Folha quanto à
existência do suposto dossiê, que o jornal "não tem fé
pública" e que enquanto o jornal não demonstrar provas,
trata-se de uma "uma acusação infundada". Também afirmou
que só não processou a Folha de S. Paulo porque
"respeita a liberdade de imprensa". O PT entrou com ação
na justiça contra José Serra, pelo fato do candidato
tê-la acusado de ser responsável pelo suposto
dossiê.[86]
Em 21 de julho, surgiu o nome de Antonia Aparecida
Rodrigues dos Santos Neves Silva como possível
responsável pelo vazamento. Antonia é analista da
Receita Federal e foi exonerada do cargo em comissão que
ocupava no dia oito de julho, uma semana após as
denúncias surgirem na imprensa e a Receita ter aberto
sindicância. Para o Fisco, foi com a senha de acesso de
Antonia que os dados foram consultados e impressos sem
justificativa legal. Casada com um auditor fiscal,
Antonia também já participou da diretoria do sindicato
dos servidores da receita na região do ABC. Segundo o
sindicalista Helio Bernardes, atual presidente do
Sindireceita, a servidora nega ter acessado os
dados.[87][88]
Lançamento Oficial
Dilma e companheiros em inicio da sua campanha oficial à
presidência, em Porto Alegre - RS (Wilson Dias/ABr)
Sua candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010,
em convenção nacional do Partido dos Trabalhadores
realizada em Brasília-DF. Foi também referendado o nome
do atual presidente da Cãmara dos Deputados, Michel
Temer (PMDB-SP) como seu vice. Participaram da mesa,
entre outros, o ex-ministro José Dirceu, o líder do PT
na Câmara, Fernando Ferro (PE), e o secretário-geral da
legenda, José Eduardo Cardozo.[89]
Programa de governo
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma
Rousseff, junto de seu vice, Michel Temer (à direita),
do PMDB, e o senador José Sarney (ao centro), em sessão
solene ao Dia da Mulher no Congresso Nacional (Antonio
Cruz/ABr)
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de
S. Paulo, o programa de governo de Dilma Rousseff
registrado no TSE em 06 de julho de 2010, uma
formalidade exigida pela legislação, contemplou duas
versões em questão de algumas horas. Inicialmente o
partido registrou um papelório com 19 páginas, todas
rubricadas pela candidata, com temas controversos como
controle da mídia, aborto e invasão de terras. Horas
depois, uma segunda versão, sem os temas mais
controversos - classificados como radicais por diversos
meios de comunicação, como a Folha de S. Paulo, o jornal
O Globo e a revista Veja,[90][91][92] - foi enviada para
substituir o primeiro, esse assinado por advogados
procuradores do PT.[93][94] Ainda segundo o jornal, a
assessoria da candidata teria afirmado que tanto ela
quanto José Eduardo Dutra (presidente do partido)
assinaram a versão sem ler o que estava escrito.[95]
Indagada, Dilma respondeu que "Nós não concordamos com a
posição expressa (sobre controle da mídia, aborto e
invasão de terras)". "Tem coisas do PT com as quais
concordamos, coisas com as quais não concordamos, e
assim nos outros partidos também".[93]
Multas Eleitorais
Dilma foi a primeira candidata a presidência a receber
multa eleitoral por propaganda irregular na eleição de
2010. A primeira multa, de cinco mil reais, foi em 13 de
maio de 2010, após o TSE analisar o programa partidário
veiculado pelo PT em dezembro de 2009 e considerar que
houve propaganda antecipada em favor de Dilma. A segunda
infração ocorreu dia 10 de abril de 2010, na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos.[96] A terceira multa, também
no valor de cinco mil reais, foi aplicada no dia 8 de
julho de 2010.[97]
No dia 13 de julho, a ministra do Tribunal Superior
Eleitoral Nancy Andrighi multou mais uma vez a candidata
em seis mil reais.[98] No dia 20 de julho uma
representação impetrada pelo Ministério Público
Eleitoral foi acatada pelo ministro Henrique Neves, e
outra multa de cinco mil reais foi aplicada à
presidenciável.[99] No mesmo dia, outra multa de 5 mil
reais foi aplicada à candidata.[100] A sétima punição
foi dada no dia 22 de julho e teve o valor de 4 mil
reais.[101]
Por propaganda antecipada, Dilma já contabiliza sete
multas, totalizando trinta e três mil reais de débito
com a justiça. [102]
Temperamento
""Sou uma mulher dura cercada por ministros
meigos".[103]"
Considerada dona de um temperamento explosivo, é acusada
por parte da imprensa de ter destratado colegas de sua
pasta, nomeadamente o ministro Paulo Bernardo, na frente
dos governadores tucanos José Serra e Aécio Neves. É
acusada de "ter feito chorar" o presidente da Petrobrás,
José Sérgio Gabrielli, depois de uma reprimenda via
telefone. Segundo o jornal O Globo, o
secretário-executivo do Ministério da Integração
Nacional, Luiz Antonio Eira, teria pedido demissão
devido a um desentendimento com ela, em que teria se
sentido humilhado;[103][104] Dilma, porém, nega que o
tenha destratado.[105]
As supostas atitudes agressivas de Dilma, porém,
garantiriam seu prestígio diante de Lula, que pondera
que seu comportamento mais ajuda do que atrapalha: seu
temperamento se convertia na eficiência para resolver
problemas sem soluções, inclusive alguns vindos da
gestão de José Dirceu.[103]
O vice-presidente da República, José Alencar, considera
o temperamento da ministra "dedicado" e "sério", assim
como "bravo". Para ele, o eleitor veria nesse
temperamento qualidades "exepcionais" para o comando do
país.[106]
Sobre seu temperamento, Dilma afirma: "O difícil não é
meu temperamento, mas minha função". Eu tenho de
resolver problemas e conflitos. Não tenho descanso. Não
sou criticada porque sou dura, mas porque sou mulher.
Sou uma mulher dura cercada por ministros meigos".[103]
… eu acho interessante o fato de que a mulher, quando
ela exerce um cargo com alguma autoridade, sempre é
tachada de dura, rígida, dama de ferro ou qualquer coisa
similar. E eu acho isso, de fato, um estereótipo. É um
padrão, uma camisa de força que tentam enquadrar em nós
mulheres.
— Dilma, ao confirmar que já se sentiu discriminada por
ser mulher[107]
Titulação acadêmica
Apesar de ter concluído as disciplinas (créditos) do
mestrado e doutorado na Unicamp, Dilma não obteve esses
títulos na instituição por não defender as teses.
O site oficial da Casa Civil informava erroneamente que
Dilma era mestre em teoria econômica pela Unicamp e
doutoranda em economia monetária e financeira pela mesma
universidade. Na Plataforma Lattes, Dilma estava
identificada como mestra, com título obtido em 1979, e
doutoranda em ciências sociais aplicadas desde 1998.
Conforme informações da Unicamp, Dilma cumpriu os
créditos (cursou as disciplinas e demais requisitos)
referentes aos cursos, mas não defendeu as teses, não
obtendo assim os títulos [108]. A assessoria de imprensa
da Casa Civil reconheceu que informara errado a
titulação da ministra, trocando primeiro para "cursou
mestrado e doutorado pela Unicamp" e depois para "foi
aluna de mestrado e doutorado em ciências econômicas
pela Unicamp, onde concluiu os respectivos créditos".
A assessoria de imprensa informa que Dilma foi aluna do
curso de pós-graduação (nível mestrado) em ciências
econômicas naquela instituição entre março de 1978 e
julho de 1983, tendo cumprido os créditos exigidos, mas
não defendendo a dissertação, pois assumiu a Secretaria
Municipal da Fazenda de Porto Alegre. O doutorado também
não teria sido concluído por ter assumido outro cargo
político (ocupou a Secretaria de Minas, Energia e
Comunicações do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002 e em
seguida foi nomeada Ministra de Minas e Energia).[104]
Vida pessoal
O primeiro marido de Rousseff foi o jornalista mineiro
Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. No fim da década
de 1970, Dilma resolveu reconstruir sua vida no Rio
Grande do Sul, rumando para Porto Alegre por causa do
então companheiro, o ex-guerrilheiro e ex-deputado
gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve
sua única filha, Paula, nascida em 27 de março de
1976.[2] Preso em São Paulo, Araújo foi transferido para
seu estado natal para completar a pena. Dilma deu aulas
a presidiários para ver Araújo.[109]
Carlos Araújo e Dilma se separaram em 1994, mas em 1996
se reconciliaram e voltaram a viver juntos. Porém,
depois de mais 30 anos de relacionamento, Dilma e Carlos
Araújo se divorciam em 2000. Dilma declara gostar de
História e interessar-se por ópera. No início dos anos
1990, matriculou-se no curso de teatro grego do
dramaturgo Ivo Bender. A mitologia grega tornou-se uma
obsessão para Dilma, que, influenciada por Penélope,
resolveu aprender a bordar.[109]
Dilma havia passado a usar o sobrenome Linhares quando
de seu casamento com Cládio Galeno em 1967. A separação
se deu quando estavam na clandestinidade e o divórcio
amigável ocorreu apenas em 1981.[2] Dilma, contudo,
continuou usando o sobrenome do primeiro marido até
1999, quando voltou a usar seu nome de solteira, Dilma
Vana Rousseff.[2]
Câncer
Hospital Sírio-libanês, onde Dilma fez tratamento contra
um linfoma.
Em abril de 2009, Dilma revelou que estava se submetendo
a um tratamento contra um linfoma, câncer no sistema
linfático, que havia descoberto a partir de um nódulo na
axila esquerda, em um exame de rotina, em fase inicial.
O tratamento incluía sessões de quimioterapia.
Tratava-se do tipo mais agressivo, mas as chances de
cura eram de 90%.[110][111] Em meados de maio, foi
internada no Hospital Sírio Libanês com fortes dores nas
pernas, sendo diagnosticada uma miopatia, inflamação
muscular decorrente do tratamento contra o câncer. No
início de setembro do mesmo ano, revelou ter concluído
tratamento de radioterapia, dizendo-se curada,[112][113]
o que foi confirmado pelos médicos daquele hospital no
final do mesmo mês.[114] Raspou o cabelo antes que ele
começasse a cair, devido às sessões de quimioterapia, o
que a fez usar peruca durante sete meses, até dezembro
de 2009.[115][116]
Outras atividades profissionais
Entre 1995 e 1996, quando estava afastada de suas
atividades em cargos públicos, Dilma teve uma curta
experiência como micro-empresária.[117]
Referências
Obs.: o trecho seguinte está "compactado" de modo a
despoluir visualmente o contexto da página toda.
1. ↑ Fernandes, Sofia. "Após participar de missa, Dilma
afirma ser católica". Folha Online. 14/05/2010. (página
da notícia visitada em 28/05/2010)
2. ↑ a b c d e f g h i j k l Rodrigues, Fernando
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117. ↑ Dilma já vendeu bugigangas e Cavaleiros do
Zodíaco no RS
Notas
1. ↑ Na edição originária, o jornal publicou a ficha
informando que sua origem era o arquivo do Dops. Três
dias após a reportagem, Dilma pediu detalhes da ficha,
suspeitando que os arquivos oficiais poderiam ter sido
manipulados ou falsificados. A reportagem teria voltado
ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, mas não teve
acesso imediato, mas apenas cinco dias depois, devido a
uma varredura determinada pela Casa Civil. O coordenador
do arquivo informou que essa ficha não consta no acervo,
nem de qualquer outra pessoa nesse modelo. O jornal
reconheceu, então, em edição de 25 de abril, depois de
carta enviada por Dilma dois dias antes ao ombudsman,
que a ficha fora recebida via email, não podendo ser
considerada autêntica, mas, segundo definição da própria
Folha de S. Paulo, "também não podendo ser descartada".
A ficha era datilografada e tinha tom amarelado. Segundo
a reportagem, as opiniões sobre a falsidade ou não
dividem-se, havendo quem aponte sinais de autenticidade,
ressaltando ainda que "parte dos acervos dos velhos Dops
está nos arquivos públicos" e que "muitos documentos
foram desviados por funcionários e hoje constituem
arquivos privados". Dilma afirmou que a ficha era uma
manipulação recente e classificou a reportagem, sobre o
planejamento do suposto sequestro de Delfim Neto, como
factoide, pois o título da reportagem não levou em conta
sua negativa veemente. Declarou ainda que
a ficha
circula pela internet pelo menos desde 30 de novembro de
2008, atribuindo-lhe crimes que não cometera, não tendo
sido nem mesmo denunciada ou processada por aqueles
atos. O ombudsman da Folha criticou a postura do jornal,
considerando insuficientes as justificativas para os
erros cometidos, sugerindo uma comissão independente
para apurá-los, o que o jornal não acatou, dando o caso
por encerrado. Criticou também as dúvidas lançadas sobre
a autenticidade do documento, concluindo que a Folha não
se interessou em uma verdadeira apuração, que seria
possível, sendo que para ele, leitores especializados em
artes gráficas não têm qualquer dificuldade em detectar
a fraude.[carece de fontes?]
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilma_Rousseff)
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