OS DOZE MESES
Como surgiram os
nomes dos meses do ano?
Nosso calendário é regido por deuses, imperadores e números romanos
por Álvaro Oppermann
Antes de Roma
ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o
ano em períodos nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa
estrutura. De acordo com alguns pensadores, como Plutarco (45-125), no princípio
dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os
outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma,
que governou por volta de 700 a.C.
Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas também para alguns dias
especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e significava "dia de
pagar as contas" - daí a origem da palavra calendário, "livro de contas".
Idus
marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes de Idus. E essa
era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.
Até Júlio César (100 a.C.-46 a.C.) reformar o calendário local, os meses eram
lunares (sincronizados com o movimento da lua, como hoje acontece em países
muçulmanos), mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas
estações. O descompasso, de dez dias por ano, fazia com que, em todos os
triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado.
Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra, Júlio César
acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte calendário solar: Januarius,
Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September,
October, November e December. Quase igual ao nosso, com as diferenças de que
Quinctilis e Sextilis deram origem ao meses de julho e agosto. Quando e como
isso aconteceu, você descobre lendo o quadro abaixo.
Folhinha milenar
Divisão do ano é basicamente a mesma há 20 séculos
Janeiro
Januarius era uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregado
de iniciar o inverno e o verão. Seu nome vem daí: ianitor quer dizer porteiro,
aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo.
Fevereiro
O nome se referia a um rito de purificação, que em latim se chamava
februa.
Logo, Februarius era o mês de realizar essa cerimônia. Nesse período, os romanos
faziam oferendas e sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a
primavera vindoura trouxesse bonança.
Por que 28 dias?
Até 27 a.C., fevereiro tinha 29 dias. Quando o Senado criou o mês de agosto para
homenagear Augusto, surgiu um problema: julho, o mês de Júlio César, tinha 31
dias, e o do imperador, só 30. Então o Senado tirou mais um dia de fevereiro.
Março
Dedicado a Marte, o deus da guerra. A homenagem, porém, tinha outra motivação,
bem menos beligerante. Como Marte também regia a geração da vida, Martius era o
mês da semeadura nos campos.
Abril
Pode ter surgido para celebrar a deusa do amor, Vênus. Na primeiro dia do mês,
as mulheres dançavam com coroas de flores. Outra hipótese é a de que Aprilis
tenha se originado de aperio, "abrir" em latim. Seria a época do desabrochar da
primavera.
Maio
Homenagem a Maia, uma das deusas da primavera. Seu filho era o deus Mercúrio,
pai da medicina e das ciências ocultas. Por esse motivo, segundo escreveu Ovídio
na obra Fastos, Maius era chamado de "o mês do conhecimento".
Junho
Faz alusão a Juno, a esposa de Júpiter. Se havia uma entidade poderosa no
panteão romano, era ela, a guardiã do casamento e do bem-estar de todas as
mulheres.
Julho
Chamava-se Quinctilis e era simplesmente o nome do quinto mês do antigo
calendário romano. Até que, em 44 a.C. o Senado romano mudou o nome para Julius,
em homenagem a Júlio César.
Agosto
Antes era Sextilis, "o sexto mês". De acordo com o historiador Suetônio, o nome
Augustus foi adotado em 27 a.C., em homenagem ao primeiro imperador romano,
César Augusto (63 a.C.-14 d.C.).
Setembro a dezembro
Para os últimos quatro meses do ano, a explicação é simples: setembro vem de Septem, que em latim significa "sete". Era, portanto, o sétimo mês do calendário
antigo. A mesma lógica se repete até o fim do ano. Outubro veio de October
(oitavo mês, de octo), novembro de November (nono mês, de novem, e data do Ludi
Plebeii, um festival em homenagem a Júpiter) e dezembro de December (décimo mês,
de decem).
E o ano bissexto?
Dia extra a cada quatro anos corrige distorção
Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César criou o ano de 365 dias e
um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro anos era necessário
atualizar as horas acumuladas com um dia extra. O problema do calendário juliano
é que, na verdade, um ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se
estimava. Por isso, em 1582, o papa Gregório XIII (1502-1585) anulou dez dias do
calendário e determinou que, dos anos terminados em 00, só seriam bissextos os
divisíveis por 400. E o nome "bissexto" tem uma explicação curiosa: em Roma,
celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era contado duas vezes.
(http://historia.abril.com.br/cotidiano/como-surgiram-nomes-meses-ano-493925.shtml)
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