É
O FIM DO MUNDO!
O “fim do mundo”
está para acontecer de novo
em 06/04/2011 02:30:00
Os evangélicos do ‘Family Radio’ dizem que tudo termina no próximo dia 21
Erich Vallim Vicente
O assunto agora é o fim do mundo. Aliás, tem sido há milênios. E, enquanto o
planeta não se espatifar em algum meteoro ou derreter em um incêndio
globalizado, deverá continuar sendo pauta de religiosos, místicos e
maus-caracteres de toda espécie. Teve gente que até misturou Nostradamus com
Bill Gates ao prever que o ‘bug
do milênio’ – aquele que, em 2000, pararia todos os computadores e dispararia
mísseis nucleares mundo afora
– teria sido previsto pelo francês da Renascença, autor de ‘As Profecias’.
Erraram todos, e o mundo virou ainda mais digital.
Agora, há novos ‘fim do mundo’ para acontecer. O portal ‘O Estado de S. Paulo’
informa que um grupo de cristão dos Estados Unidos, com representantes em Belo
Horizonte, está rodando o Brasil para divulgar a tese de que
o juízo final
está marcado para 21 de maio
– e não para
2012, segundo a popular profecia dos Maias (ou seja, se eles estiverem corretos,
não completarei 30 anos! Ó, céus!). Os evangélicos do ‘Family Radio’ mantêm
propagandas nas traseiras de seu ônibus, com os dizeres “21/05/2011:
Deus vai trazer o dia do julgamento”
– interessante, achei que evangélicos americanos esperavam eleger Sarah Palin em
2012 para presidente. Neste caso, melhor que o mundo acabe já, assim ameniza-se
o sofrimento caso a toda-poderosa do Tea Party vire a primeira mulher a presidir
os EUA.
Como já citado, tem ainda a popular previsão dos Maias, de que em 22 de
dezembro de 2012
tudo vai
explodir
– segundo o cinema, vai ser na base da água, um tsunami (será que o do Japão é o
início disso?! Ó, Céus!). Mas, calma,
tem profeta bonzinho também,
dedicado a encontrar formas extraordinárias – e, claro, positivas – de entender
o que os Maias previram há mais de 50 séculos. No recém-lançado “O Segredo de
2012”, da Editora Cultrix, o autor Gregg Braden demonstra que,
a partir de dezembro de 2012, um
novo ciclo será estabelecido. Ele faz um paralelo com a linha do Equador, que
divide os hemisférios Norte e Sul, para dizer que algo semelhante existe na Via
Láctea, galáxia onde está o Planeta Terra. Estaríamos, de acordo com um trajeto
de um movimento circular, atualmente na região “mais escura” da galáxia e, a
partir do dia 23 de dezembro de 2012, estaríamos nos alinhando ao lado luminoso.
Ufa!
Além das previsões de momento, existe a inabalável descrição cristã do
Apocalipse, segundo o qual, “em
breve”, estaremos todos ou no fogo do Inferno ou no Paraíso.
Claro, tudo pode variar, já que as teorias cristãs são possíveis de diferentes
interpretações. Ou seja, há “fim do mundo” para todos os gostos e pecados.
Um fato interessante, em todos os discursos, no entanto, é a total falta de
comprometimento de quem os propaga. Gostaria, sinceramente, de entrevistar o
pessoal do ‘Family Radio’ caso, em 22 de maio – um domingo –, eu tenha ainda que
decidir o meu almoço, se havia programado não existir mais a partir daquela
data. E a partir de 22 de dezembro de 2012 – um sábado –, o que farei se ainda
continuar sentado em minha mesa do café da manhã para ler os matutinos. E o
Apocalipse que nunca chega. A Terra já passou pela
extinção dos dinossauros,
pela publicação de ‘A
Origem das Espécies’,
pela ‘Revolução Francesa’,
por duas Guerras Mundiais,
Nazismo, Socialismo,
Capitalismo, Neoliberalismo,
Gugu e Faustão
disputando Ibope da TV aos domingos, vivencia a ‘Primavera
dos Povos Árabes’,
e nada!
Como diz uma letra da banda Bad Religion, lançada ano passado no disco ‘The
Dissent of Men’, “hey, cientists, please save us from our rainy days, because
your counterpart in the magic art is manufacturing the Judgement Day” (hei,
cientistas, por favor salvem-nos dos nossos dias de chuva, porque a sua
contraparte na arte da magia está manufaturando o Dia do Julgamento).
Enquanto o fim do mundo não vem, tem muita gente vendendo livro, filmes, virando
celebridade e até elegendo-se para importantes cargos. Uma pena que esse povo
todo não pense em fazer algo mais construtivo, como, por exemplo, estudar coisas
mais sérias.
(http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=8884)
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