Ellen Gould
White e a Astronomia
Autor : Prof. Paulo Cristiano Publicado em : Quinta, 15/03/2007
Influências do contexto da época
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Um fato que se deve levar em conta quando se estuda a
fenomenologia das seitas é seu contexto sociocultural onde ela se desenvolve. É
sabido que muitos paradigmas doutrinários dentro destes movimentos se
estruturaram por influencias externas.
Por exemplo, certas normas éticas que se observam em muitos grupos religiosos
não passam do reflexo da cultura o qual está condicionado. Certos tipos de
vestuários, hábitos, costumes alimentares e até saudações profundamente
arraigados na estrutura ética das seitas, que as diferenciam, explica-se devido
a estas influências.
Dentro de certo contexto podemos admitir, que a máxima popular que afirma ser o
homem “o produto do meio onde vive”, possui seu quinhão de veracidade.
Em se tratando de movimentos sectários com forte reivindicação de religião
revelada e caráter profético intensifica-se ainda mais esta dependência.
É que ao se estruturar como instituição religiosa tais movimentos tende a se
adaptar aos condicionamentos sociais, adquirindo respeitabilidade social. Nesta
nuança comportamental e organizacional os líderes de seitas procuram
contextualizar suas revelações.
Ultimamente muitas delas tentando escoimar o estigma de misticismo apelam para
um lado mais “científico” da religião. Procuram se auto afirmar com “absoluta”
precisão científica. Esta nova mudança verifica-se facilmente na semântica e até
no nome da seita. É este o caso da cultura Racional, Cientologia, Racionalismo
cristão, Ciência cristã e outros.
Para impressionar os mais incautos procuram basear essa convergência com a
ciência, em supostas “revelações divinas”, mas que com o passar dos anos se
mostraram totalmente inadequadas com as novas descobertas científicas, provando
assim, que tais revelações nada mais eram que o produto do meio científico que
então prevalecia. Era apenas o reflexo do conhecimento do líder, não
tendo nada a ver com revelações divinas.
As visões de EGW sobre o sistema solar
Em 1846 Ellen White teve uma " visão " do sistema solar, onde muitas coisas lhe
foram reveladas, dentre elas temos as seguintes:
1° - Ela obteve conhecimento da existência de outros mundos habitados;
2° - As pessoas destes mundos eram semelhante aos habitantes da terra, só que
mais altos, nobres e majestosos;
3° - Encontrou Enoque, passeando em um desses mundos;
4° - Que essas pessoas viviam debaixo da lei ou dos mandamentos de Deus;
5° - Que dois destes planetas tinham quatro e sete luas.
Diz ela:
“O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-me dadas asas, e um
anjo me acompanhou da cidade a um lugar fulgurante e glorioso. A relva era de um
verde vivo, e os pássaros gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar
eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a expressa
imagem de Jesus, e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão
da liberdade e felicidade do lugar.
Perguntei a um deles por que eram muito mais formosos que os da Terra. A
resposta foi:
- Vivemos em estrita obediência aos mandamentos de Deus, e não caímos em
desobediência, como os habitantes da Terra.
Vi então duas árvores. Uma se assemelhava muito à árvore da vida, existente na
cidade. O fruto de ambas tinha belo aspecto, mas o de uma delas não era
permitido comer. Tinham a faculdade de comer de ambas, mas era-lhes vedado comer
de uma. Então meu anjo assistente me disse:
- Ninguém aqui provou da árvore proibida; se, porém, comessem, cairiam.”
Prossegue: “Então fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o
bom e velho Enoque que tinha sido trasladado. Em sua destra havia uma palma
resplendente, e em cada folha estava escrito: "Vitória." Pendia-lhe da cabeça
uma grinalda branca, deslumbrante, com folhas, e no meio de cada folha estava
escrito: "Pureza", e em redor da grinalda havia pedras de várias cores que
resplandeciam mais do que as estrelas, e lançavam um reflexo sobre as letras,
aumentando-lhes o volume. Na parte posterior da cabeça havia um arco em que
rematava a grinalda, e nele estava escrito: "Santidade." Sobre a grinalda havia
uma linda coroa que brilhava mais do que o Sol. Perguntei-lhe se este era o
lugar para onde fora transportado da Terra. Ele disse:
- Não é; minha morada é na cidade, e eu vim visitar este lugar.
Ele percorria o lugar como se realmente estivesse em sua casa. Pedi ao meu anjo
assistente que me deixasse ficar ali. Não podia suportar o pensamento de voltar
a este mundo tenebroso.
Disse então o anjo:
- Deves voltar e, se fores fiel, juntamente com os 144.000 terás o privilégio de
visitar todos os mundos e ver a obra das mãos de Deus.” (Vida e Ensinos pág.
96-98).
Analisando a visão
Se Ellen White se aventurasse apenas a descrever tal visão de modo geral, sem
especificar concretamente, tudo bem. Mas para sua infelicidade e derrocada ela
quis particularizar e explicar quais eram esses mundos, e aí ela cava sua
própria sepultura.
Quando ela teve essa visão a sra. Truesdail, que fazia parte do movimento,
estava presente. Ela descreve como a sra. White viu pessoas altas e majestosas
que moravam em Júpiter ou Saturno.
" A Irmã White estava muito fraca de saúde, e enquanto foram oferecidas orações
ao lado dela, o Espírito de Deus repousou sobre nós. Notamos logo que ela era
insensível a assuntos terrestres. Esta era sua primeira visão do mundo
planetário. Depois de contar as luas de Júpiter em voz alta, e em seguida as de
Saturno, ela deu uma descrição bonita dos anéis. Ela disse então, ' Os
habitantes são pessoas altas, majestosas, ao contrário dos habitantes de terra.
O Pecado nunca entrou aqui. '" (Taken from Mrs. Truesdail's letter, Jan 27,
1891)
Em 1847, ela e seu esposo Tiago White publicaram essa visão, reafirmando que ela
viu realmente os planetas Júpiter e Saturno e depois que saiu da visão poderia
dar uma descrição clara de seus satélites, apesar de nunca ter aprendido
astronomia. (A Word to the Little Flock, p. 22)
A visão foi tão clara que ela conseguiu ver as luas de cada planeta. Segundo o
pioneiro J.N. Loughborough, ela disse que durante a visão estava vendo 4 lua, o
que foi identificado com Júpiter pelo pastor Joseph Bates, e outro que possuía
sete luas, também identificado por Bates como Saturno. (Great Second Advent
Movement, p. 258)
Ora, Ellen White havia dito que foram lhe dada asas para voar de um planeta a
outro. Nestas condições extraordinária de viajar pelo sistema solar ela teria
plena capacidade de descrever de modo minucioso tais astros. Mas foi isso que
ocorreu?
Vejamos:
Ela descreve que Júpiter tinha quatro luas, mas hoje
sabemos que Júpiter possui 16 satélites ao todo. Ela também afirmou que
Saturno tinha sete luas, mas sabemos que os cientistas já
descobriram no mínimo 18 satélites em Saturno.
Ora, como ela poderia ter errado em coisas tão básicas a respeito destes
planetas, quando seu marido havia dito que ela, após a visão, poderia “dar uma
descrição clara de seus satélites”?
E o que dizer das pessoas altas, majestosas e formosas destes planetas?
É verdadeira essa descrição? Há realmente pessoas altas, majestosas que moram em
Júpiter e Saturno? Isto poderia até ter parecido plausível às pessoas em 1846,
mas hoje já não mais se sustenta diante das descobertas científicas envolvendo
estes planetas. O que sabemos é que as condições em ambos os planetas são
extremamente inospitaleiras à vida.
1. Estes planetas não têm nenhuma superfície sólida como a
terra. As superfícies consistem em um mar de hidrogênio líquido.
2. A pressão atmosférica é milhões de vezes maior que a terra.
A pressão é bastante forte para esmagar os metais mais
resistentes.
Numerosas sondas espaciais que usam tecnologia avançada examinaram estes
planetas e não descobriram qualquer vestígio de vida, nem mesmo uma simples
minhoca existe lá.
3. Nenhuma planta. Nenhum animal e muito menos pessoas altas e majestosas. Nada
mais que hidrogênio, hélio e outros gases.
A sra. White viajou de modo sobrenatural de Júpiter Saturno para ver as
"pessoas" altas, majestosas que vivem lá, mas inexplicavelmente ela deixou de
notar os seguintes detalhes:
Pelo menos mais 12 luas em Júpiter
Pelo menos mais 11 luas em Saturno
Pelo menos 9 das luas de Urano
Os anéis ao redor de Júpiter
Os anéis ao redor do Urano
Por que ela viu só o que astrônomos já tinham visto?
Quando sra. White teve essa visão era conhecimento comum que Júpiter tinha
apenas quatro luas. O quinto satélite não havia sido descoberto até 1892. Como
vimos há 16 luas pelo menos. Outrossim, naquela época haviam descoberto em
Saturno sete luas.
A visão de Ellen White não revelou nada que não poderia
ter sido obtido em um livro de Astronomia ou até mesmo de um artigo de jornal da
época! A única diferença entre o que a sra. White viu e o que os
astrônomos viram pelo telescópio é sobre essas "pessoas" altas e majestosas!
Imagine se ela tivesse contado para Bates que Júpiter tinha quatro luas grandes
e 12 luas menores! O dom profético dela teria sido sem dúvida confirmado nas
gerações futuras. Infelizmente, ela perdeu esta grande oportunidade. Imagine se
ela houvesse anunciado que Júpiter tinha anéis!
Depois de considerar o que ela viu e o que ela não viu, nós lhe fazemos esta
pergunta: Era esta uma visão de Deus ou apenas
conhecimento astronômico da época?
A Verdadeira razão de tudo
Parece que a verdadeira razão desta visão fora para impressionar o marinheiro
Joseph Bates que até então se posicionara contra as manifestações
“sobrenaturais” de Ellen White. Sem dúvida os White sabiam que Bates era
apaixonado por astronomia. Levantando a hipótese de que Ellen era ignorante em
assuntos astronômicos, então tais conhecimentos legitimavam seu dom como
profetisa e visionária da novel seita, perante Bates.
Isto posto é impossível acreditar no que Arnaldo Christianini afirmou em
seu livro “Subtilezas do Erro” na página 35.
“Os Testemunhos orais ou escritos da Sra. White...tudo quanto disse e
escreveu foi,...cientificamente correto...”
<http://www.cacp.org.br/adventismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=45&menu=1&submenu=1>