EMPRESAS QUE APOIAM BOLSONARO
"Empresas que se posicionam na política sofrem com
ameaças de boicote
Marcas como Centauro, Madero, Mundo Verde e SmartFit enfrentam o rigoroso
tribunal da internet
Por Sabrina Brito Atualizado em 19...
Por Sabrina Brito Atualizado em 19 jul 2020, 23h13 - Publicado em 12 jun 2020,
21h27
Marcas associadas ao presidente têm sofrido represálias.
O preço de se posicionar
politicamente nunca foi tão alto para os empresários brasileiros. Nas últimas
semanas, marcas cujos donos ou sócios têm se colocado a favor de Jair Bolsonaro
ou contra adversários políticos dele têm sido alvo de boicotes.
Foi o que aconteceu com as redes de lojas Centauro, Havan e Riachuelo, com as
academias Bio Ritmo e Smart Fit e com as cadeias de restaurantes Coco Bambu e
Madero. Os fundadores ou controladores dessas empresas demonstraram, durante a
pandemia e em maior ou menor grau, apoio ao presidente brasileiro, com alguns
chegando a se engajar nas manifestações favoráveis ao governo Bolsonaro.
De acordo com Francisco Saraiva Júnior, especialista em branding da Fundação
Getúlio Vargas, muitas marcas que não tinham o costume de manifestar-se sobre
temas da atualidade passaram a fazer isso. “Essa situação é bem específica do
momento em que vivemos, com a adesão às redes sociais”, diz o especialista.
“Graças a elas, a nossa relação com as empresas mudou. Elas estão mais humanas,
mais próximas de nós. Elas propõem diálogo. O consumidor agora espera que a
marca expresse seus valores e posicionamentos.”
A rede restaurantes Madero foi um das primeiras a sofrer com o tribunal da
internet. Seu dono, Junior Durski, gravou, em março, um vídeo em que declarava
apoio às manifestações pró-Bolsonaro de 15 de março. “Estou
100% com o presidente Jair Bolsonaro, em quem eu tenho muito orgulho de
ter votado, de ter trabalhado na campanha, de ter ido para a rua todas as vezes
em que tivemos que ir e que vamos de novo para as ruas”, disse. Além disso,
Durski afirmou que o impacto econômico da crise é pior do que as mortes
decorrentes do novo coronavírus.
Resultado: logo após o pronunciamento do empresário, um dos temas mais
comentados do Twitter era a hashtag #MaderoNuncaMais. Desde então, Junior Durski
chegou a anunciar que um de seus
restaurantes em Curitiba, que costumava receber 400
clientes por dia, está servindo cerca de 30 pessoas
diariamente.
A marca Havan também tem sofrido as consequências do
explícito apoio de seu dono, Luciano Hang, ao presidente. A rede tentou
incluir em seu portfólio alguns itens de cesta básica, como arroz, feijão e óleo
de soja, em uma tentativa de ser incluída na categoria de supermercados e
evitar o fechamento obrigatório de suas lojas. A
medida desagradou a muitos nas redes sociais, onde se tem pedido o boicote à
marca.
O empresário Carlos Wizard, sócio de marcas como Mundo Verde, Pizza Hut e Topper,
é outro que pode sentir no bolso as consequências de se
envolver com o governo. Ao longo das últimas semanas, ele vinha
participando de reuniões do Ministério da Saúde e chegou a ter seu nome
anunciado como integrante da pasta. Wizard, porém, defendeu iniciativas
questionáveis como a recontagem de mortes pela pandemia e, ato contínuo, recebeu
uma enxurrada de críticas na internet. A maioria delas pregava boicotes a 20
marcas empresariais ligadas à sua família.
“O posicionamento das marcas é muito complexo, sobretudo quanto a assuntos
delicados como política. É algo que eu realmente não recomendo”, afirma Saraiva.
“É melhor a marca manifestar o que tem feito para ajudar a sociedade.” Para as
empresas, portanto, vale a recomendação: antes de se posicionar, deve-se medir
os efeitos econômicos de seus discursos. “Com as redes sociais, vemos um
verdadeiro ativismo digital, algo inédito na história. O relacionamento com as
marcas mudou, assim como o poder de propagação das mensagens.”
A rede de academias Smart Fit também foi alvo da fúria das redes sociais Seu
fundador, Edgard Corona, teria compartilhado por WhatsApp vídeos de ataques ao
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendendo a propagação desse
tipo de conteúdo. Vale lembrar que, em diversas ocasiões, os discursos de Jair
Bolsonaro tiveram Maia e o Congresso como alvos.
Edgard Corona tem outra visão de seu comportamento nas redes sociais: em
dezembro de 2019, como liderança do setor, criticou a Reforma Tributária que,
segundo ele, mais que dobraria a carga de impostos do segmento, e que, portanto,
não teria feito nenhum ataque a Rodrigo Maia ou ao Congresso.
<https://veja.abril.com.br/brasil/empresas-que-se-posicionam-na-politica-sofrem-com-ameacas-de-boicote/>
A revista afirma:
"O preço de se posicionar politicamente nunca foi tão alto para os
empresários brasileiros."
Mas o que querem pessoas que colaboram com alguém que defende tortura, prejudica
a ciência, a educação e a saúde, promove a entrega dos bens do país a preço
baixo para estrangeiros, milita por meio de notícias falsas e faz uma porção de
coisas reprováveis a mais?
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