A ETERNA ESPERA DO REINO ETERNO
Você espera um dia viver eternamente e fazer parte de um reino
que nunca terá fim? Todo cristão tem essa esperança. E todo judeu também.
E essa promessa apareceu primeiro para os judeus. Os cristão só copiaram e
deram um ar mais sobrenatural ao que para os judeus seria algo natural. O
curioso é que tanto judeus quanto cristãos continuam acreditando e esperando
esse reino eterno.
No livro dos Reis, havia a animadora promessa de Yavé, transmitida pelo profeta
"Natã" a Davi:
"Quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus pais, levantarei a tua
descendência depois de ti, um dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino. Esse
me edificará casa, e eu firmarei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por pai,
e ele me será por filho; e a minha misericórdia não retirarei dele, como a
retirei daquele que foi antes de ti; mas o confirmarei na minha casa e no meu
reino para sempre, e para sempre o seu trono será firme. Conforme todas
estas palavras, e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi". (I
Crônicas, 17: 3, 11-15).
Essa promessa de Yavé está confirmada, segundo o salmista:
"Achei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será sempre com
ele, e o meu braço o fortalecerá. O inimigo não o surpreenderá, nem o filho da
perversidade o afligirá. Eu esmagarei diante dele os seus adversários, e aos que
o odeiam abaterei. A minha fidelidade, porém, e a minha benignidade estarão com
ele, e em meu nome será exaltado o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar, e a
sua destra sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a
rocha da minha salvação. Também lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei o
mais excelso dos reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha
benignidade, e o meu pacto com ele ficará firme. Farei que subsista para
sempre a sua descendência, e o seu trono como os dias dos céus. Se os seus
filhos deixarem a minha lei, e não andarem nas minhas ordenanças, se profanarem
os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos, então visitarei com vara
a sua transgressão, e com açoites a sua iniqüidade. Mas não lhe retirarei
totalmente a minha benignidade, nem faltarei com a minha fidelidade. Não
violarei o meu pacto, nem alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez para
sempre jurei por minha santidade; não mentirei a Davi. A sua descendência
subsistirá para sempre, e o seu trono será como o sol diante de mim; será
estabelecido para sempre como a lua, e ficará firme enquanto o céu durar.
(Salmos, 89: 20-37).
Mas tempos depois, quando
o reino de Israel estava sob o domínio assírio (II Reis, 17: 1-6), Judá também
estava ameaçado de ter o mesmo destino. Então, o profeta Miquéias renovou a promessa:
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de
Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os
entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o
resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e
apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus;
e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E
este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar
em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes
dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de
Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em
nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio
de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva,
que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó
estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais
do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando
passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será
exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos.
Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e
destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas
as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás
adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas
colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os
teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei
vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15).
Essas palavras fortaleceram sobremodo o ânimo do povo, que confiava em Yavé.
Tudo indicava que Josias seria esse salvador. Os judeus tomariam para
sempre o domínio do mundo.
Todavia, os fatos frustraram irreparavelmente essa promessa, quando Josias foi
morto em batalha pelo faraó Necau, e o reino que dominaria eternamente foi
subjugado pelo Egito (II Reis, 23: 29, 30, 33-36; 24: 7-14).
As palavras do profeta prometiam que nos dias em que a Assíria entrasse na terra
de Judá, o rei nascido em Belém derrotaria a Assíria e traria de volta o restante de
Israel para viver para sempre em paz com Judá. Daí em diante todas as
nações se curvariam diante do povo de Iavé.
A realidade: Talvez a profecia tenha sido criada nos dias em que o rei da
Assíria destruiu várias cidades de Judá e impôs aos judeus pesado tributo.
Entretanto, em vez de um belemita libertar Judá, repatriar Israel e formar
aquele reino inabalável, nem houve quem salvasse Israel, e Judá caiu sob o jugo
egípcio. A profecia não se cumpriu, mas o povo ainda continuou pensando que um
dia viria esse salvador. A espera do reino eterno permaneceu.
A assíria perdeu seu poder, mas não foi derrotada por um ungido Judá, sim pelo
rei de Babilônia. A situação piorou para os dois reinos, que nem mais tiveram
reis, caindo a promessa de o trono de Davi permanecer "para sempre", ainda que
seu povo descumprisse o pacto de Yavé (Salmos, 89: 20-37).
Nos dias de Babilônia, o profeta Isaías teria pronunciado novamente a palavra de
Yavé, anunciando a queda de Babilônia, a construção da nova Jerusalém (Jerusalém
havia sido destruída pelo império babilônico), e a paz perpétua do povo, com o
prometido domínio eterno:
"E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será
como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou" (Isaías, 13:19)
"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente
no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo
motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca
mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela
criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o
menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles
edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas.
Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam;
porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos
gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem
terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do
Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de
clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O
lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó
será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo
monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25).
Notem que,
com exceção da nova vida da cobra e do leão, não havia na promessa mais nada diferente do
comum: continuaria haver transgressões e morte. Vida eterna ainda não
fazia parte do pensamento judeu.
Novamente, a promessa não se cumpriu, e eles continuaram passando de um jogo
para outro: após Babilônia, veio Medo-Pérsia, depois Grécia, depois Roma. A
afirmação "nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor" caiu
no vazio; Jerusalém foi novamente destruída.
Nos dias em que o império grego estava dividido, quando Antíoco Epífanes
profanou o templo de Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus
deuses, Judas Macabeu conseguiu restabelecer o santuário. Parece que nesses dias
é que apareceu a profecia de Daniel falando da abominação assoladora: os
capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é uma seqüência, mas os
capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes, o primeiro, que parece
ter vindo por último, em aramaico e o segundo em hebraico, conforme informam
alguns estudiosos).
Se dessa vez o povo acreditou que iria ser estabelecido aquele reino inabalável
para sempre, isso também não ocorreu.
No capítulo 2, há uma estátua que aponta a existência de quatro reinos
dominantes, vindo posteriormente o domínio eterno dos judeus. No capítulo 7, há
quatro animais, representando também quatro reinos. Dizem os intérpretes
atuais que o quarto animal representa o Império Romano, bem como as pernas da
estátua. A pedra que destruiria a estátua seria aquele tão falado reino
eterno dos judeus.
Afirmam alguns comentaristas de Daniel que o povo judeu reconhecia a vitória de
Judas Macabeu como o cumprimento da profecia sobre o fim da desolação do
capítulo 8. Mas, como
o capítulo 7 apresenta a desolação procedente do quarta animal, que seria um
reino posterior ao da Grécia, os evangelistas Mateus e Lucas apresentaram, após
a destruição de Jerusalém do ano 70 AD, palavras atribuídas a Jesus, afirmando
que a "abominação da desolação de que falou o profeta Daniel" se referia àquele
período que eles já estavam vivendo nos dias em que foram escritos os
evangelhos:
"Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no
lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, pois virdes
Jerusalém
sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas, 21: 20).
"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo
até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 [Referência a
Daniel, 12:01]). "E, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será
pisada por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses calcarão aos
pés a cidade santa", completou o autor do Apocalipse (Apocalipse, 11: 2).
E, mais uma vez, apareceu a promessa de eternidade; só que, dessa vez, as
coisas já seriam sobrenaturais:
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a
sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão
abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da
terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com
poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta,
os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31).
Isso foi inspirado nas palavras do livro de Daniel: "Eu estava olhando nas
minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de
homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele. E foi-lhe
dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o
servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino
tal, que não será destruído" (Daniel, 7: 13, 14).
Ficou determinado na profecia de Daniel: "os santos lhe serão entregues na
mão por um tempo, dois tempos, e metade de um tempo" (Daniel, 7: 25).
Aí ficou um problema sério para os defensores das profecias:
Se esse assolamento de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo", três anos e
meio se referia à profanação do templo por Antíoco Epífanes, a profecia não se
cumpriu fielmente, porque "os santos", o povo judeu, não estabeleceram aquele
reino eterno previsto. E as palavras de Jesus em Mateus e Lucas já seriam vazias
de sentido.
Se, por outro lado, o quarto animal da profecia se referia mesmo a Roma, há
outro problema a resolver: o tempo indicado são mesmo três anos e meio, ou cada
dia representa um ano? Segundo os adventistas do sétimo dia, cada dia representa
um ano.
Se os mil duzentos e sessenta dias devem ser considerados dias literais,
a profecia caiu por terra também; porque os romanos teriam que ter dominado após
a destruição de Jerusalém apenas três anos e meio, e os hebreus estabeleceriam o
reino eterno previsto. Isso não aconteceu.
Se cada dia representa um ano, fica um pouco melhor, mas ainda não é possível
ajustar os fatos à profecia, pela seguinte razão:
Mil duzentos e sessenta anos chegariam ao século 14, pouco depois do ano 1300 da
Era Cristã.
Se "logo em seguida à tribulação", teria que ser estabelecido o reino, que,
segundo os evangelhos teria Jesus como o rei (Mateus, 24: 29 a 31), isso também
não deu certo; porque após o tempo determinado, já se passaram mais seis
séculos, o mundo já foi dominado pela Igreja Católica, pela Inglaterra e, por
último, pelos Estados Unidos.
Agora mestres religiosos tentam adaptar a besta do Apocalipse aos Estados
Unidos; outros imaginam outros personagens. Mas tudo é tentativa de desviar a realidade, uma vez que as promessas
divinas falharam sempre.
E, depois do
surgimento do Cristianismo, apareceu a idéia de que o mundo, segundo um
evangelista, seria queimado em consequência de uma explosão (II Pedro, 3: 5-7),
ou, após um milênio em que os cristãos estariam no céu, retornando posteriormente para a Terra,
desceria um fogo do céu e queimaria os exércitos do mundo que estariam tentando
invadir a cidade santa que teria descido do céu (Apocalipse, 20 - 22).
Não obstante todos esses fracassos da chamada palavra divina, os judeus
continuam esperando aquele messias que deveria ter vindo nos dias da Assíria, e
os cristãos aguardam um retorno do Jesus que acreditam ter sido crucificado e
ressuscitado. E a Bíblia
continua sendo "A VERDADE" para muita gente. Judeus e cristãos continuam tendo
seu deus como uma realidade, apesar de tudo isso. Datas e mais datas são
marcadas para o fim do mundo, e, não obstante nada ocorra nesses dias
indicados, o povo não desiste da idéia de que um dia haverá esse reino eterno.
Eterna está sendo a espera do reino eterno.
Vejam diversas datas marcadas em:
OS FINS DO MUNDO E SEUS FINS.
Ver mais
PREVISÃO DO FUTURO