EU E OUTROS VIRGINIANOS -- 28/08/2003
Eu nasci na
noite do dia 28 de agosto de 1958, e no dia seguinte nasceu Michael
Jackson. Poucas horas de diferença de idade, mas duas pessoas nada parecidas.
Mas, se signo tiver algum poder, o meio-ambiente fala muito mais alto. Vivi na
roça até os 23 anos. Vim a saber da existência de concurso público aos 28 anos e
me tornei um funcionário público.
Michael Jackson nasceu no centro do mundo artístico, desde criança desenvolveu
seu talento musical e tornou-se um magastar. Eu nasci num paupérrimo meio rural,
onde só aos doze anos tive a oportunidade começar a ouvir música pelo rádio.
Gostava só de música sertaneja; tive facilidade de aprender a tocar alguns
instrumentos quase autodidaticamente. Mas isso foi só diversão.
Eu não era ruim de pancada, mas nem pensei um dia ter a profissão do
virginiano Popó (21/09).
Era ágil
jogar de bola nos terreiros rurais, mas, embora tivesse vontade, jamais tive
oportunidade de entrar para o mundo esporte e ser um atleta como o craque
Denílson (24/08) ou o fenômeno Ronaldinho (22/09).
Gostava de
fazer mágica na infância, porém nunca pensei em ser um ilusionista profissional
como David Coperfield (16/09).
Parece que
não tenho nenhum talento para ator como um Raul Cortez ou um Walmor Chagas
(28/08); Toni Ramos (25/08); Tarcísio Meira (05/09); Paulo Autran (07/09);
Richard Gere (31/08); Keanu Reeves (02/09).
Nunca manejei
nem por brincadeira uma raquete, instrumento do Gustavo Kuerten (10/09).
Cantei muita
música sertaneja, até ganhei um troféu, mas não encontrei uma oportunidade de
ingressar na área profissionalmente como Daniel (09/09).
Gosto de
escrever e já editei alguns livros, mas sei que estou muito distante de um Paulo
Coelho (21/09).
Jamais me
passou pela cabeça ser um político, como Paulo Maluf (03/09), muito menos
Antônio
Carlos Magalhães (04/09).
Penso que, se tivesse nascido em Belo Horizonte, o mais provável é que seria um
jogador de futebol. Nasci no ano em que o Brasil ganhou a primeira copa, e a
bola era meu brinquedo preferido. Mas brinquei com bola, cavaquinho, violão e
viola, trabalhei nas lavouras e floresta amazônica; fui fotógrafo; fui
comerciante, perdi o que tinha em um incêndio; virei empregado urbano em 1986,
trabalhando como datilógrafo; no mesmo ano fiz o primeiro concurso público,
entrando para o Tribunal de Contas de MG; três anos depois, por novo concurso,
fui para o Tribunal de Alçada; mais três anos, fui para a Justiça do Trabalho;
mais cinco anos, concluído o curso de Direito, mediante novo concurso dentro do
mesmo Tribunal, tornei-me oficial de justiça. Acho que aproveitei o melhor que
meu ambiente me ofereceu. Mas Mercúrio me transformou em um astro, não me
fez nada. rs.
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