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EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIE E A CRIAÇÃO
DIVINA
Entender a evolução biológica, algo de
tanta importância, já é aceito por boa parte dos religiosos; no entanto, ainda
existem muitos que fazem tudo por deturpar esse conhecimento, trazendo sérios
prejuízos com entraves que criam ao desenvolvimento científico.
A origem das espécies
09 Dez 2014
Escrito por Emerson Borges
A evolução da espécies
foi descrita pelo naturalista britânico Charles Darwin no seu célebre livro “A
Origem das Espécies” publicado em 1859. Como é de conhecimento geral, esta
teoria culminou no que é agora considerado o paradigma central para a explicação
de diversos fenômenos na biologia tornando-se a explicação científica dominante
para a diversidade de espécies na natureza (Charles Darwin, A Origem Das
Espécies, Coleção Obra-Prima de Cada Autor. Editora Martin Claret, 2007. ISBN
8572325840). A teoria científica da evolução explica como as formas de vida
desenvolveram diversidade ao longo das gerações. Uma coisa que se deve entender
imediatamente é que ela não alega explicar o desenvolvimento do universo ou o
surgimento da vida. Ela explica como novas formas de vida surgiram de formas de
vida mais antigas. Mesmo que a vida na terra tenha se
iniciado por algum tipo de intervenção divina ou alienígena, isto não afetaria a
evidência da evolução, que é aceita por pessoas que acreditam em um ou mais
Deuses, bem como por quem não acredita em nenhum. Também é importante
entender o que é uma teoria cientifica. Fora do meio cientifico as pessoas
frequentemente usam a palavra teoria para se referir a um palpite, ou a qualquer
opinião pessoal não provada. Não é isso o que a palavra teoria significa na
ciência. Na ciência, uma teoria se refere especificamente a uma explicação
bem concreta sobre uma grande quantidade de fatos bem concretos e firmemente
estabelecidos. Assim, sempre que encontramos declarações do tipo “evolução é
só uma teoria, não um fato”, isso nos diz que quem fez tal declaração não está
usando o termo adequadamente. Em ciência, a teoria não é enaltecida pelos fatos,
antes, os fatos é que são explicados pela teoria. Por causa de seu poder de
explicar as coisas, as teorias são a meta suprema e a plena conquista da
natureza da ciência.
Para começar com alguns fatos bem conhecidos, nós sabemos que
as características físicas dos pais são herdadas pela
geração seguinte e através do artifício de criação seletiva, muitas
características podem ser aumentadas em gerações
posteriores. Isso pode ser conseguido muito facilmente
acasalando os indivíduos que exibem mais fortemente aquela
característica e repetindo este processo através de sucessivas gerações.
Crie apenas cavalos que tem ótimo desempenho em competições e seus filhotes
também serão premiados. Crie apenas cachorros agressivos, e seus filhotes serão
agressivos. Muitos que alegre e facilmente dirão entender esse tipo de seleção
artificial são os mesmos que rotulam evolução como “impossível” ou “um conto de
fadas”. Contudo, a seleção natural, um dos principais mecanismos que guiam a
evolução não requer nenhuma suspensão mágica ou violação das leis da física. Ela
simplesmente diz que as características também surgem e oportunidades
reprodutivas também são limitadas por outros fatores que não a influência
humana. Se um criador de cachorros selecionar apenas os cachorros mais velozes
para sua criação, e se na selva, somente as gazelas mais
rápidas escaparam dos predadores e sobreviveram para reproduzir, então
ambos, a natureza e o criador de cachorros estão favorecendo certos indivíduos
para produzirem filhotes e passar sua informação genética para a geração
seguinte.
Antes de falar mais sobre seleção natural, gostaria de mencionar outro termo
comumente incompreendido: “Mutação”. Muitos pensam que quando biologistas falam
sobre mutação, eles estão se referindo apenas a malformações dramáticas como
animais com membros ou cabeças a mais. Ou cenários forçados como cães produzindo
gatos, ou até se transformando em gatos. Isto tudo é fruto de desinformação. “Mutação”
é simplesmente a mudança na variação genética dentro de uma população,
originada por inserção, exclusão ou recombinação de sequência do DNA. Mas
mutação não é a única causa de variação, porque não é só a sequência do DNA que
é importante para a Evolução. Estudos de epigenética, por exemplo, mostram que
os genes podem ser ligados ou desligados, e que essa ativação ou inibição
pode ser herdada e se expressar em gerações futuras. A maioria das variações
são neutras e não tem qualquer impacto na sobrevivência do organismo,
acumulando-se naturalmente em gerações sucessivas, o que se chama de deriva
genética, cujos efeitos são melhor percebidos em pequenas populações' (Richard
Dawkins, O Gene Egoísta. Companhia das Letras, 2007. ISBN 978-8535911299).
Mas variação na cor, por exemplo, pode ter um impacto maior. Considere um inseto
de coloração pouco parecida com a casca das arvores onde habita. Se a variação
genética fizer alguns de seus filhotes menos evidentes para os predadores, eles
terão mais chances de sobreviver e de se reproduzir. E com o passar do tempo, os
insetos com esta variação de cor podem se tornar mais abundantes dentro da
população. Se a variação fizer alguns dos outros filhotes mais evidentes para os
predadores, então talvez eles não sobrevivam para se reproduzir, e essa variação
pode desaparecer ou ser suprimida pela seleção natural. Muitos que não entendem
a evolução tentam descrevê-la como “puro acaso”. Mas não foi por acaso que
camuflagem, cascos, pétalas, antenas, barbatanas, asas, olhos e raízes evoluíram
no mundo natural. Todas estas características físicas tiveram funções
especificas na contribuição para o sucesso reprodutivo de diferentes organismos.
E fica óbvio que se os organismos que exibem essas características se
reproduzirem, eles perpetuarão sua informação genética, incluindo a informação
responsável pela característica para a próxima geração. Mas não é verdade que
toda característica de um organismo tem que ser vantajosa. Por exemplo,
características que não trazem nenhuma vantagem ainda podem ser favorecidas se
estiverem associadas à outra que traz. Quando se trata de características
vantajosas, não existe um “tamanho único”. Tamanho pode ser uma grande vantagem
para um leão-marinho que quer dominar seus rivais, mas seria uma considerável
desvantagem para um macaco-aranha, que está adaptado para movimentar-se
agilmente pelas árvores. De novo, não é por acaso que o leão-marinho evoluiu
para ser enorme e o macaco-aranha evoluiu para ser esbelto e ter membros tão
esguios. Esses atributos físicos os ajudam nos seus respectivos ambientes e
meios de vida para sobreviver e competir para se reproduzirem.
Pessoas que dizem que evolução é sobre um impossível e improvável golpe de sorte
cega, frequentemente gostam de alegar que a probabilidade de formas de vida
evoluir é a mesma de se ganhar o prêmio máximo de um caça-níquel centenas de
vezes seguidas. Mas acasos milagrosos não tem nada a ver com evolução. Se formos
usar a mesma analogia da máquina caça-níquel, então a evolução mantém presos
quase todos os símbolos e só aceita os que combinam cada vez que se puxa a
alavanca. Começando com uma palavra nós só precisamos mudar uma letra para
transformá-la numa nova palavra. Mudando uma letra dessa nova palavra resultam
novas palavras adicionais. E se nós prosseguirmos com esse processo,
produziremos palavras totalmente diferentes da original. Uma mudança dramática
obtida através de pequenas mudanças por vez. É isso que acontece na Evolução,
exceto que na evolução, incontáveis minúsculas mudanças se
acumulam ao longo de milhões de anos. O problema para a maioria das
pessoas entenderem o processo da evolução é que eles não conseguem pensar em
termos de milhões de anos, para muitos é difícil conceber tal espaço de tempo
devido à curta duração de nossas vidas (Richard Dawkins, O Relojoeiro Cego, A
Teoria da Evolução Contra o Desígnio Divino. Companhia das Letras, 2001. ISBN
8535901612).
Se membros de uma dada espécie se isolam geograficamente, cada grupo acaba por
ter que responder a um ambiente muito diferente e a enfrentar diferentes
predadores e se adaptar a formas diferentes de obter comida. Assim, a variação
genética não mais estará sendo compartilhada por toda a população, mas apenas
entre os membros de cada grupo vivendo em determinado ambiente. Desta forma, a
deriva genética e a seleção natural podem fazer com que surjam duas espécies
distintas que passando um certo período de tempo não são mais tão próximas a
ponto de ser possível se reproduzir entre si.
A teoria da evolução não diz que “organismos de uma espécie de repente passam
a produzir organismos de outra espécie”. Cães não produzem gatos e
organismos individuais não mudam de espécie. Um macaco não se torna um ser
humano, há um mal-entendido comum sobre como a evolução nos liga aos macacos
que é revelado pela clássica pergunta que a maioria faz “Se os humanos evoluíram
dos macacos, por que ainda existem macacos?” Em primeiro lugar os humanos não
evoluíram dos macacos que vemos hoje. Humanos e macacos modernos compartilham um
ancestral comum, semelhante a um macaco, mas diferente de ambos. Em segundo
lugar, quando uma forma de vida evolui de outra isso não quer dizer que a
forma de vida original tem que deixar de existir. Considere por exemplo à
espécie A tão bem adaptada ao seu meio ambiente que muda muito pouco de uma
geração para outra, então, parte dessa população se espalha para um novo meio
ambiente em que se mostra pessimamente adaptada. Diferentes pressões de
sobrevivência agora levam as gerações dessa população a mudarem dramaticamente
enquanto as mudanças na primeira população são quase imperceptíveis. Após muitas
gerações a população 1 ainda existe mais ou menos na sua forma original enquanto
que a população 2 está agora muito diferente devido a uma adaptação em um
ambiente mais hostil. A população 1 não precisa ser extinta, nem mudar da mesma
maneira. Por exemplo, os brasileiros descendem dos portugueses, mas nem por isso
os portugueses deixaram de existir ou se transformaram em brasileiros.
A teoria da evolução não requer a existência de um animal com a cabeça de
crocodilo e o corpo de pato, mesmo quando há evidências de que um animal evoluiu
diretamente de outro isso não significa que a transição de todas as formas tem
que parecer como pedaços de ambos os animais colados juntos. A evolução não
trabalha combinando diferentes espécies aleatoriamente. Cientistas
evolucionistas nunca caçaram o “crocopato” ou o “rinopolvo”. A teoria da
evolução nos diz uma coisa bem diferente. A natureza não recompensa apenas
combinações aleatórias de características, mesmo animais altamente
especializados têm sido levados à extinção. A natureza só recompensa aquilo que
é capaz de se reproduzir com eficiência. O “crocopato”, inventado para
ridicularizar a evolução tornou-se, em vez disso, num símbolo de mau argumento
contra a Evolução.
Algumas pessoas dizem que a aceitação dessa teoria implica
ou leva inevitavelmente ao desejo por um controle étnico de seres humanos,
porém, reconhecer um aspecto da natureza não significa que você tem qualquer
desejo de adaptá-lo a uma política social e cometer graves violações aos
direitos humanos. Evolução não é um apoio à eugenia. Assim como
aceitar o fato de que a fêmea de inúmeras espécies mata e
come os machos após o acasalamento não é um endosso ao canibalismo.
É apenas a aceitação da realidade. Se alguém
menciona que a teoria da Evolução diz alguma dessas inverdades então ele
simplesmente não a entende ou está deturpando-a deliberadamente e tentando criar
confusão sobre o que é ciência na esperança de que isso dê mais apoio a sua
causa.
De qualquer forma, tentativas de fazer a evolução se
parecer com um conto de fadas sendo por desinformação ou desonestidade,
continuarão sendo desmascaradas. O conto de fadas é a alegação de que a
evolução tem alguma coisa a ver com cães gerando gatos, animais se transformando
de uma hora para outra em uma diferente espécie ou surgirem por puro acaso. Se
você conversar com qualquer um que conheça e aceite a evolução descobrirá que
estas ideias são tão ridículas para eles como são para os antievolucionistas.
Evolução é tanto o fato como a teoria. É o fato
cientificamente estabelecido de que a vida evolui e continua evoluindo e a
teoria da evolução explica como isso se dá. Existem muitas razões que
tornam importante o entendimento da evolução, não apenas porque ela é essencial
para a compreensão da biologia. Nós convivemos com vírus que rapidamente
desenvolvem resistência aos nossos sistemas de defesa. Falhar em entender
esse processo significa falhar em entender uma das ameaças mais mortais que
enfrentamos.
Pela curiosidade e cuidadosa dedicação ao trabalho de gerações de cientistas nós
agora entendemos com mais detalhes do que em qualquer outro momento da história
respostas para as maiores perguntas sobre a vida nesse planeta. Essas são as
peças chaves da herança cientifica que vale a pena passar para as novas gerações
que certamente irão aperfeiçoar o nosso entendimento sobre a vida (Edward O.
Wilson, The Diversity of Life. Harvard Univ. Press, 2ª Edição 1992. ISBN
978-0674212985).
Fonte - Este texto foi extraído do livro "A Bíblia Sob Escrutínio", publicado
pela Editora Clube de Autores.
<http://deusesehomens.com.br/evolucao/item/113-a-origem-das-especies>
Na realidade,
Charles Darwin não discutiu sobre a origem da vida. Todavia, a sua
descoberta é algo religiosamente inaceitável pelo cristianismo ou o judaísmo,
por uma razão: o livro sagrado diz que, aproximadamente
seis mil anos atrás, um deus criou todos os seres vivos, cada um segundo a sua
espécie, assim como os judeus conheciam várias espécies de animais.
Como micróbios não eram conhecidos, o deus judaico-cristão não criou esses seres
microscópicos. Dizer que humanos e símios têm um
ancestral comum coloca por terra o que diz o livro sagrado. Se
alguns grupos religiosos hoje tentam conciliar a evolução com suas crenças, isso
é um recurso ante a impossibilidade de negar o que a Ciência já esclareceu
tanto. Todavia, alguns grupos mais turrões persistem em tentar até formar
cientistas destinados a encontrar dúvidas sobre a explicações científicas para
conseguirem se perpetuar enganando mentes incultas e incautas. E isso é
bem nocivo ao desenvolvimento humano. Felizmente, o número de cientistas
que não se curvam ao pensamento primitivo está cada vez maior, e o aprimoramento
da Biologia nos vem beneficiando. Entretanto, se não tomarmos cuidado,
esses arautos da ignorância ainda complicarão muito o nosso mundo.
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MALEFÍCIOS DA RELIGIÃO
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