AS FASES DO BEBÊ
Por Mauro Godoy: psicólogo
Todo bebê recém-nascido vive a
impressão de que ainda está dentro
da mãe e que ambos são um só. Levará
alguns meses para que ele descubra a
sua identidade. Até completar dois
anos, a base de sua felicidade
estará na satisfação da fome, do
sono e da sede.
Mesmo assim, existem desconfortos
que a mãe não pode evitar e que
parte da própria inteligência da
criança. É difícil ser uma
“mini-pessoa” em meio a um mundo de
gigantes, algumas sensações geram
medo.
Testes psicológicos famosos da
década de 60 revelaram que, mesmo
sem deixar um bebê ter acesso à
infelicidade, monstros ou qualquer
coisa que pudesse ser associada à
opressão, a criança sonhava com
bichos de bocas grandes sedentos por
devorá-las. Uma dica para evitar
esse desconforto é evitar morder
a criança ou falar com ela
mencionando qualquer coisa desse
tipo. Exemplo: “Eu vou morder você,
bebê fofo!”.
Confira o que acontece na cabeça dos
pequenos de um até seis anos de
idade:
De um ano e meio até dois anos
Neste período a criança tem a
oportunidade de desenvolver o
autocontrole (mas só se o adulto
deixar, obviamente). Após descobrir
novas sensações de prazer e
estímulos de alegria, a tendência
será de querer repetir o que é bom,
o que sempre é possível, não é
mesmo? Para ela, qualquer vontade
parece doer, uma pequena sensação de
fome ou sede pode parecer uma
tragédia.
Existe um instinto natural dentro da
criança que deve ser buscado nessa
hora que a levará ao autocontrole e
à elaboração das vontades, bem como
à realização delas. O problema é o
adulto entrar como o super
realizador e impedir que a criança
desenvolva o controle. Uma pessoa
que entre um e dois anos teve todas
as vontades atendidas e não precisou
controlar seus desejos, poderá ter
dias doloridos no futuro.
Entre dois e quatro anos
A criança entra na fase anal ao
descobrir as fezes e naturalmente
tende a interpretar que é uma parte
sua que está se esvaindo. E pior,
uma parte feia, suja e com um cheiro
insuportável. A situação se
agrava ao perceber que as pessoas
mudam de postura quando suja as
fraudas, passando de um anjo
cheiroso para um anjo fedido. É
comum a criança nesta época tentar
controlar o esfíncter para nunca
mais fazer cocô.
É bom ensinar a criança que outras pessoas também fazem cocô e que não há nenhuma vergonha nisso. Um bloqueio na fase anal leva o indivíduo a ser controlado demais, muitas vezes abominando tudo que seja ruim na vida e tentando ser perfeito e impecável, como se fosse o único no mundo que não defecasse.
É bom lembrar que o vocabulário de uma criança de dois anos é muito pequeno e que não adianta o adulto recitar um complexo discurso sobre qualquer assunto que o bebê não vai ser capaz de entender, pois a linguagem da criança é a mímica. Ela não ouve o que dizemos, mas repete tudo o que fazemos.
A relação entre o sujo e o limpo,
bom e mau, é desenvolvida nessa
época. Quanto mais nojo a criança
tiver do cocô, mais obcecada por
limpeza ela será quando adulta. E
quanto mais naturalidade ela tiver,
menos preocupação com limpeza terá,
podendo tornar-se uma pessoa
desleixada e preguiçosa. Caberá aos
pais nivelar estes conceitos.
Mais de quatro e até os seis anos
Depois dos quatro anos, até os
seis, a criança entra na fase de
latência. Período em que se descobre
o xixi e, assim, os órgãos genitais,
para quem acabou de entender que a
comida sai pelo ânus, não será
difícil entender que o xixi é o
líquido ingerido que está saindo.
Mas o problema não é esse. O fato é
que o menino tem um pênis e a menina
não tem, vai ser absolutamente
natural a menina ficar revoltada e
se sentir inferiorizada, enquanto o
menino se vangloriar por ter
vantagens a mais.
No caso da menina, haverá a necessidade de criar uma compensação para essa diferença, que fará com que ela se torne mais inteligente, capaz e amadureça mais rápido. Problema existirá se ela entrar na irreverência dos meninos taxando-a de inferior. Assumindo esses rótulos, poderá mesmo criar uma sensação de impotência que acompanhará pelo resto da vida.
No caso dos meninos, o fato de ter um pênis vai necessariamente colocá-lo numa hierarquia superior às meninas, mas o tamanho irá fazer a diferença entre os meninos. Havendo um contraste com os adultos, principalmente o pai, que têm pênis maior. A fase fálica desenvolve no indivíduo o senso de competição, a forma de se adequar ao mundo e a consciência dos próprios limites.
Uma fixação na fase oral pode levar uma pessoa a elevar o grau de agressividade, discriminações ou simplesmente colocar competição em tudo o que faz. Também poderá desenvolver o complexo de castração, que tira do indivíduo a fonte das vontades, levando a apatia ou falta de autoconfiança.
Entendendo melhor o desenvolvimento psicológico do seu filho, você terá mais subsídios para ajudar a construir um ser humano feliz!
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* Mauro Godoy é psicólogo clínico
licenciado pelo Border do Estado da
Flórida nos Estados Unidos onde fez
mestrado em Psicologia Analítica
(Jung). Especializado em
Antropologia na Universidade de
Varanasi, Índia.
<http://delas.ig.com.br/materias/379501-380000/379592/379592_1.html>