A
FÉ ASSASSINA
Publicado em 10 de setembro de 2011 por
Kaio Costa
Os cristãos medievais manifestaram ódio aos
muçulmanos e aos judeus – sem dúvida nenhuma, um grupo
estrangeiro naquela sociedade, dominada pela visão cristã,
certamente seria atacado.
Em 1096, bandos de cruzados massacraram judeus em
cidades da França e Germânia. Em 1290 os judeus foram expulsos
da Inglaterra; e em 1306, da França. Entre 1290 e 1293,
expulsões, massacres e conversões forçadas quase ocasionaram a
extinção da comunidade judaica do sul da Itália, que ali viviam
há séculos. Na Germânia, tumultos selvagens levaram, de tempos
em tempos, à tortura e assassinatos de judeus.
Vários fatores contribuíram para fomentar o anti-semitismo
durante a Idade Média. Para os cristãos desse período, a
recusa dos judeus em abraçar o cristianismo era um ato perverso,
principalmente porque a igreja ensinava que a vinda de cristo
havia sido profetizada pelo velho testamento. Esse
preconceito estava relacionado com o relato da crucificação
contido nos evangelhos. Na mente dos cristãos medievais, o crime
de “deicídio” (Suposto assassinado de deus) maculara para sempre
o povo judeu. As chamas do ódio eram atiçadas pela alegação
absurda de que os judeus, ao derramarem o sangue de cristo,
haviam se tornado sedentos de sangue, torturando e matando
cristãos, sobretudo crianças, a fim de obterem sangue para seus
rituais. Essa difamação difundiu-se amplamente e foi a causa de
inúmeras violências praticadas contra judeus, embora os papas
considerassem sem fundamento, também não faziam nada para mudar
essa situação.
Outra razão da animosidade contra os judeus era o fato de que
eles emprestavam dinheiro a juros. Cada vez mais excluídos do
comércio internacional e da maioria das profissões, impedidos de
ingressar nas guildas, e algumas regiões, de possuir terras, os
judeus encontraram nessa atividade um meio de sobrevivência –
praticamente o único permitido a eles. O empréstimo a juros,
teoricamente proibido aos cristãos, suscitou o ódio de
camponeses, clérigos, senhores e reis que recorriam ao dinheiro
dos judeus.
A política da igreja com respeito aos judeus era de que não ser
prejudicados, mas mereciam viver em humilhação – uma punição
justa pelo deicídio e por sua persistente recusa em adotar o
cristianismo. Assim, o IV Concílio de Latrão proibiu os judeus
de ocuparem cargos públicos, exigiu que usassem um distintivo na
roupa para serem identificados e ordenou-lhes que não saíssem às
ruas durante as festividades cristãs. A arte, literatura, e
educação religiosa cristã retratavam os judeus de maneira
depreciativa, associando-os com freqüência ao demônio ou
qualquer outra entidade da mitologia cristã dedicada ao mal, que
para os cristãos medievais era muito real e aterrador.
Os judeus não eram considerados dignos de misericórdia e, de
fato, nada do que lhes acontecesse era demasiado ruim.
Profundamente gravada nas mentes e corações dos cristãos, a
imagem distorcida dos judeus como criaturas desprezíveis
perdurou na mentalidade infantil européia ate o século XX.
A despeito de sua posição desfavorável, os judeus medievais
conservaram sua fé, expandiram sua tradição e erudição bíblica e
jurídica e produziram uma prolífica literatura. O trabalho de
tradutores médicos e filósofos judeus contribuíram
significativamente para o florescimento cultural no apogeu na
Idade Média.
O mais destacado erudito judeu desse período foi Moisés Bem
Maimón (1135–1204), conhecido pelos gregos como Maimônides.
Nasceu em Córdoba, Espanha sob o domínio muçulmano. Depois que
sua família deixou a Espanha, Maimônides foi para o Egito, onde
se tornou médico do sultão. Durante sua vida, notabilizou-se
como filósofo, teólogo, matemático e médico. Foi reconhecido
como o mais proeminente sábio judeu da época, e harmonizar fé
com a razão (Se é que isso é possível) conciliar as Escrituras
hebraicas e o Talmude (Comentário bíblico judeu) com a filosofia
grega. Suas obras sobre temas éticos revelam piedade, sabedoria
e humanidade.
Bibliografia: CIVILIZAÇAO OCIDENTAL – PERRY, MARVIN
(http://ateusdobrasil.com.br/p/36081/)
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