A FIDELIDADE DOS SADUCEUS, QUE NÃO CREEM NA RESSURREIÇÃO

12/02/2006

 

 

Os evangelhos referem aos "saduceus, que dizem não haver ressurreição" (Mateus, 22: 23). O livro de Atos dos Apóstolos informam que "os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito" (Atos, 23: 8). E essa forma de crer, no que se refere à ressurreição e o espírito, é a mais fiel à lei mosaica, que creem ter sido ditada por Yavé, o deus que têm como o único verdadeiro.

 

Uma religião sem a crença na ressurreição e vida eterna, não podemos negar, é mesmo vazia; mas era essa a crença dos judeus antes de viverem em Babilônia.

Os hebreus têm uma lei divina que apareceu no templo durante sua reforma no reinado de Josias (II Reis, 22). Essa lei está em um conjunto de livros ditos escritos por Moisés, um profeta que teria livrado os hebreus de uma servidão no Egito cerca de quinhentos anos antes daqueles dias.

Na lei de Moisés não há nenhuma promessa de ressurreição dos mortos. Nenhum dos patriarcas mencionados no livro, como Noé, Abraão, Isaque, Jacó, que o livro informa terem estado em contato muito íntimo do o seu deus, nenhum deles recebeu qualquer promessa de ser um dia ressuscitado. Yavé teria prometido a Abraão uma descendência numerosa e poderosa. A Isaque e a Jacó, teria esse deus prometido também riqueza, longevidade e grande descendência; nada de um segunda vida. Outrossim, em nenhum lugar nos referidos livros teria o Yavé, o seu deus, afirmado que após a morte algum deles permanecesse consciente para ver o futuro de seus filhos.

E as afirmações que encontramos a respeito do pós-morte são no seguinte sentido:

Oxalá me encobrisses na sepultura e me ocultasse até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasse de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó, l3: 13 e 14).

...o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó, 13: 12).

“Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes, 9:5, 6).

Todavia, vivendo em contato com diferentes povos, esse povo considerado escolhido do deus verdadeiro, veio a incorporar algumas outras crenças. Na babilônia, bem como na Pérsia, cria-se que o homem tivesse uma ressurreição e outra vida depois da morte. E a Bíblia nos apresenta essa crença após o período em que viveram sob o domínios babilônico e medo-persa.

Estudiosos informam que a divisão dos hebreus em fariseus e saduceus ocorreu durante o domínio medo-persa; e o nome fariseu parece ter surgido de parsi (persa), farsi, farisi. E os fariseus são a ala judaica que acredita na ressurreição.

Para os fariseus, como para os cristãos, a ressurreição é a execução da justiça de Yavé. Assim afirmou Paulo: "Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima" (I Coríntios, 15: 16-19).   

O saduceus, por sua vez, não aceitaram a ideia, por uma simples e clara razão: a ressurreição não existe na torah (o conjunto dos cinco primeiros livros bíblicos). Se o seu deus não prometeu ressurreição a Abraão, a Isaque, a Jacó, a Moisés, a Davi, etc., ela é doutrina estranha. O verdadeiro deus não prometeu isso. Ressurreição é uma crença que judeus aprenderam dos babilônios. Os saduceus são os mais fiéis à lei de Yavé, não aceitando o que não está contido nela. É por isso que não creem na ressurreição dos mortos.  

 

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