FOIE GRASS - PATÊ DE GANSO
Foie Gras ( Patê de Ganso: Como se faz
)
Poucas pessoas sabem o que se passa por trás deste alimento tão caro e
requintado. O foie gras (foie – fígado, gras – gordura), ou patê de fígado de
ganso , é na verdade o resultado de uma prática desumana, que mostra a que ponto
a crueldade do homem pode chegar. Os inocentes patos e gansos, a quem os fígados
em questão pertencem, são submetidos a um processo que pode ser melhor
classificado como tortura, com o objetivo de tornar seus fígados anormalmente
engrandecidos e doentes, para que então alguns poucos possam saborear o
resultado desta arte grotesca.
A criação parece ser uma como outra qualquer durante os primeiros quatro meses
de vida dos animais. É então que eles são levados para as pequenas gaiolas que
serão suas acomodações durante as próximas e últimas semanas de sua curta vida.
Um espaço de um metro por dois metros pode acomodar até doze animais. O motivo
do confinamento é evitar que o pássaro se movimente, o que certamente seria um
desperdício para o criador, pois sua intenção não é que o pássaro utilize o
alimento que lhe está sendo dado para gastar energia com coisas tão fúteis como
poder ao menos esticar suas asas ou dar um passo, mas sim que este alimento seja
armazenado no organismo do animal na forma de gordura. Outra “vantagem” do
confinamento é que o manuseio dos animais é facilitado.
A alimentação dos animais é composta basicamente por carboidratos (maizena),
adicionada de gordura de porco ou ganso para amolecer. Esta é uma dieta bastante
desequilibrada para as necessidades das aves, visto que importantes nutrientes
não estão sendo consumidos. Para fazer com que os animais consumam cerca de três
quilos desta ração por dia, o que equivaleria a um humano consumir doze quilos e
meio de macarrão por dia, é necessário utilizar uma técnica muito especial.
A ave é segura é entre as pernas do manipulador com seu pescoço estendido,
permitindo a inserção de um grosso tubo de metal que chega a medir quarenta
centímetros em comprimento. Estando a cabeça presa por uma peça de metal, um
motor força o alimento (cerca de um quilo) garganta abaixo, levando-o ao pequeno
estômago da ave. Alguns criadores utilizam-se de elásticos que são colocados em
torno do pescoço para prevenir que a ave vomite o alimento. Esta tortura se
repete três vezes ao dia durante um período de três a quatro semanas. É claro
que o animal não considera esta forma de ser “alimentado” muito agradável.
Durante o processo, as aves tentam escapar de forma frenética e não olham outra
ave sendo alimentada, o que pouco lembra um ambiente natural, onde qualquer ave
corre em direção a um alimento que lhes é oferecido ou atirado.
Como resultado, as aves sofrem de variados problemas de saúde, como disfunções
cardíacas, intestinais e rompimento das membranas celulares hepáticas. Muitos
tornam-se incapazes de andar ou até mesmo ficar em pé. A introdução do tubo pode
machucar o esôfago e causar deformidades nos bicos. Na verdade, foie gras não
passa de uma doença do fígado voluntariamente produzida em animais inocentes. O
fígado dos animais submetidos a este processo não são exatamente saudáveis. A
coloração normal do fígado é avermelhada e pesa cerca de 120 gramas. O fígado
consumido por aqueles que apreciam tal atrocidade é amarelo e lustroso, de
aparência gordurosa, e pode pesar até 1.300 gramas, mais de dez vezes o peso
normal.
Além disto, um “bom” foie gras deve ter as marcas deixadas pela pressão que as
costelas exercem contra o fígado visíveis no órgão, garantindo assim que o
animal sentiu imensa dor durante os últimos dias de sua breve vida. A ave é
abatida no mesmo local onde é criada, visto que esta provavelmente não
sobreviveria ao transporte. Quando o fígado, estômago e intestinos são
removidos, vê-se que o espaço por estes ocupado era muito maior que aquele
planejado pela natureza, pressionando o coração e os pulmões e dificultando
assim a respiração.
Trazendo 85% de suas calorias na forma de lipídios, em sua maioria gorduras
saturadas (ácido palmítico, o foie gras não é um alimento saudável. Portanto,
seu consumo, além de causar imenso sofrimento a animais inocentes e indefesos,
também não é a melhor opção mesmo para aqueles mais indiferentes ao sofrimento
alheio.
George S. G. Guimarães
Fonte: Jornal Segunda Opinião