GÊNIOS E O MARKETING
O mundo parece não ter mais
tempo nem paciência para ver um gênio florescer. A aceleração impede novos
Picassos, Mozarts, Einsteins de surgirem e serem reconhecidos. É o fim do culto
aos gênios. Mesmo os póstumos, ao estilo Van Gogh, estão com seus dias contados.
Deram lugar à celebridade efêmera, ao culto da fama pela fama, sem muito
conteúdo que valha a pena. O tempo curto em que comprimimos as 24 horas de um
dia com nossos afazeres tem impedido o reconhecimento de grandes talentos, seja
na música, na ciência, artes plásticas, ou seja, em ramos de atividade humana
que dependem de um pouco mais de reflexão.
Ninguém quer pensar muito. É ver, tentar absorver e correr. Veja, por
exemplo, os roteiros de visitas a grandes museus. São poucos os que param por
alguns minutos em frente a uma obra de arte.
Estamos demais acelerados. Tanto que, para frear essa velocidade imensa com que
fazemos as coisas, mais e mais pessoas se utilizam dos calmantes. É o culto
ao Rivotril. E o Brasil está entre os países que mais consomem esse tipo de
medicamento.
Testemunhamos a transição crucial do período industrial para a era da
informação, quando o que vale é a máxima “Lidere, siga ou saia do caminho”, do
Ted Turner.
O senhor Peter Drucker, papa da administração moderna e primeira pessoa a chamar
o momento em que estamos vivendo de Era da Informação, expõe claramente esses
tempos que vivemos e que poucos entendem.
A predominância do setor de serviços em oposição ao industrial leva cada vez
mais à valorização de quem tem conhecimento que interesse a outros. Mas o
destaque para o bom, o maior, o gênio se comprometeu. Ou alguém aí consegue
citar, sem pensar nem buscar no Google, três grandes cientistas da atualidade?
Ou ainda um ou dois grandes pianistas contemporâneos? E por aí vai.
O que há é uma espécie de homogeneização das atividades e uma corrida pela
especialização. É o culto ao MBA e à pós-graduação como pré-requisito para
tudo no mercado.
Em tempos anteriores, quando os agricultores e funcionários domésticos passaram
a trabalhar na indústria, eles não precisaram de nenhum conhecimento específico
para isso. Afinal, apertar parafusos era mais simples que as atividades que eles
já faziam. Hoje, o operário que queira migrar para o trabalho do conhecimento
necessita adquirir um tipo de informação específica que lhe valha seu salário.
Não há mais conhecimento transmitido como forma de enriquecer o interior das
pessoas.
O romantismo do aprendizado puro acabou. Agora é tudo aplicado. Instituições
de ensino deixam de lado o conhecimento por si só e ensinam aquilo que é
aplicado no trabalho. E ponto.
É compreensível, então, que nesta nova era, em vias de atingir seu apogeu, não
haja muita paciência em nossos olhos para contemplar um potencial gênio, quem de
fato faça a diferença naquilo que faz e destacá-lo por isso, como acontecia
antes.
Novos gênios há aos montes por aí, é claro, mas não aparecem porque não entendem
de marketing.
Dizem que a Globo tem tanto
poder, que já pensa em marcar o apocalipse para depois da novela.
l Fúria salomônica faz nova vítima no segundo andar.
l Quem viu disse que não acredita até agora. Confundiram alto escalão com baixo
calão.
l Está ‘supernamoda’ comentar com o prefeito Du Altimari que os problemas na
licitação do transporte são próprios da democracia. Experimente. Pega ‘superbem’!
l Na prefeitura, cada um tem uma razão. E ainda assim um quer tirar a do outro.
l Rubinho não gostou de saber que seu aniversário coincide com o Dia da
Tartaruga. Tartarugas, então, odiaram.
l Lula tá com medo de que o Palocci também vá para o ramo de palestras. O tema
“Enriqueça em quatro anos” é imbatível!
l Não avisaram para o Marrone: cantar sem voz tudo bem, agora pilotar sem
licença não.
l Fala-se muito da profissão mais antiga do mundo. E dos clientes mais
antigos, nada?
l Disseram que de 2000 não passaria. Agora dizem que é em 2012. Começo a achar
que o fim do mundo é alguma obra pública.
l Domingo é um sonho, sem recheio."
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